Sana forçado a fazer alterações de fundo ao projeto que transforma antigo quartel da Graça em hotel
Câmara de Lisboa e DGPC pediram ao consórcio de empresas do grupo Azinor alterações na arquitetura do projeto que transforma o quartel da Graça num hotel de cinco estrelas.
A Câmara de Lisboa e o Estado, através da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), pediram às empresas do grupo Azinor, dono dos hotéis Sana, alterações de fundo ao projeto que requalifica e transforma o antigo convento e quartel da Graça num hotel de cinco estrelas.
Em causa estão alterações ao projeto – por aprovar pelos serviços da autarquia – “nas vertentes de arqueologia, arquitetura e arquitetura paisagista”, para requalificar o edifício e o espaço exterior, disse ao ECO a Câmara de Lisboa.
Desta forma, a abertura prevista para o final de 2022 do futuro hotel – que foi adjudicado ao Sana através do programa Revive em dezembro de 2019 – vai sofrer um longo atraso.
Ao ECO a autarquia liderada por Carlos Moedas explicou ainda que tendo em conta que o edifício está classificado como Monumento Nacional desde 1910 “foram pedidos pareceres a entidades externas” e que foram realizadas “duas audiências prévias no seguimento de pareceres desfavoráveis”.

E, em abril deste ano, “foi feita uma notificação” ao consórcio de empresas do grupo Azinor para “realizar alterações no projeto, de forma a garantir o cumprimento de questões técnicas identificadas no mais recente parecer da Direção-Geral do Património Cultural”.
Sem entrar em detalhes sobre as alterações pedidas, até ao momento, a Câmara de Lisboa “aguarda a entrega de novos elementos” pelas empresas que vão explorar o hotel. Questionado pelo ECO sobre as mudanças pedidas ao projeto e quando serão entregues, o Sana não respondeu até à hora da publicação deste texto.
O pedido de licenciamento para as obras no antigo quartel da Graça deu entrada nos serviços de Urbanismo da autarquia em janeiro de 2021.
Mas o contrato de concessão do projeto – com um prazo de 50 anos – foi assinado a 17 de dezembro de 2019, com o consórcio constituído pelas empresas Aziriver, Lda., Património Crescente, SA, Azilis, SA e Sesimbrotel, SA, que vão investir cerca de 30 milhões de euros para transformar o edifício num hotel de cinco estrelas com 120 quartos.
A concessão foi atribuída através de concurso público que colheu sete candidatos e exclui a área da igreja e o respetivo jardim, estando igualmente fora do âmbito do concurso o Jardim da Cerca da Graça. Em contrapartida pela exploração do edifício, que conta com uma área bruta de 15.495 metros quadrados, o grupo Azinor fica responsável por construir os espaços que vão acolher as capelas mortuárias de apoio à igreja.
Além disso, será paga ao Estado pelo grupo Azinor uma renda anual de 1,79 milhões de euros que o Ministério da Economia e Mar disse ao ECO que “será atualizável”, mas só vai ser cobrada após “quatro anos de vigência do contrato”, ou seja, a partir de dezembro de 2023.
Com a abertura do hotel no antigo quartel da Graça, a rede Sana passa a contar com onze unidades hoteleiras em funcionamento em Lisboa.
O Convento da Graça foi construído em 1271 (no século XIII), pela Ordem dos Agostinhos Eremitas, tendo sido reedificado no século XVI e restaurado após o terramoto de 1755.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, foi ocupado pelo exército, passando, então, a chamar-se quartel da Graça. Antes de ficar vazio, o quartel acolheu serviços da GNR e do Exército.
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