Chefe de gabinete de Galamba assume iniciativa do contacto com o SIS. Ministro não teve “conhecimento prévio”
Eugénia Correia, chefe de gabinete de João Galamba, afirmou que a iniciativa de contactar o SIS foi feita "sem prévio conhecimento do ministro das Infraestruturas".
Eugénia Correia, chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas, disse na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP esta quarta-feira que foi ela que tomou a iniciativa de alertar o SIS para o “roubo” do computador de trabalho, que pertence ao ministério.
“Cumprindo as orientações que recebi, pedi uma chamada para o SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa]. Depois de ter pedido chamada para o SIRP, recebi chamada do SIS [Serviços de Informação e Segurança”] “, contou Eugénia Correia aos deputados da CPI.
“Reportei que tinha sido levado um computador no qual estavam documentos classificados, com informação muito relevante sobre uma empresa estratégica para o país [a TAP], por um adjunto previamente exonerado”, acrescentou.
Bernardo Blanco, deputado da IL, perguntou quem tinha dado essa orientação. A chefe de gabinete explicou que as orientações lhe foram transmitidas anteriormente pelo SIRP, pelo facto de “trabalhar numa área em que estão infraestruturas críticas pata o país”. O mesmo aconteceu quando era chefe de gabinete do João Galamba no tempo em que era secretário de Estado da Energia, disse.
“As indicações que recebi são genéricas. Nessa noite cumpri com indicações recebidas”, afirmou, acrescentando que recebeu “indicações de como proceder em situações de eventual risco”.
Eugénia Correia justificou o contacto prévio feito para a secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros com o facto de precisar do contacto do SIRP e o seu secretariado estar àquela hora já em casa, na noite do dia 26 de abril, o mesmo em que o ex-adjunto Frederico Pinheiro se dirigiu ao ministério para ir buscar o computador, já depois de ter sido exonerado telefonicamente pelo ministro. Foi a sua secretária que ligou a pedir o contacto telefónico do SIRP.
Eugénia Correia explicou também o motivo para ter recorrido aos serviços de informação. “Quando se torna claro pela conversa que tive com o senhor direto do CEGER [serviços informáticos] que não seria possível bloquear por completo o funcionamento do computador [levado por Francisco Pinheiro] agi no cumprimento das instruções que me foram confiadas como chefe de gabinete”.
Pedro Filipe Soares quis saber se João Galamba deu indicação para ser contactado o SIS. “Reporte foi feito sem prévio conhecimento do ministro das Infraestruturas”, garantiu Eugénia Correia. “Cabe aos chefes de gabinete tratar destas situações. Têm essa indicação de reporte. Nao sei se os senhores ministros têm”.
Bernardo Blanco questionou também se relatou ao SIS as agressões e violência que acontecera no ministério. “Cingi-me à informação essencial: o facto de fora do ministério estar informação financeira sobre uma empresa estratégica para o país”. Os contactos com os serviços de informação “foram feitos nos minutos seguintes à saída de Frederico Pinheiro do edifício”, precisou.
O Público noticiou que, no âmbito das audições à atuação do SIS que se realizam à porta fechada, foi uma adjunta do gabinete de Galamba que ligou para a Presidência do Conselho de Ministros (PCM) a reportar o roubo de um computador com matéria classificada. O secretário-geral da PCM ligou para o gabinete da secretária-geral do SIRP. Porém, Graça Mira Gomes estava incontactável, tal como o diretor do SIS, Neiva da Cruz.
É contactado, em alternativa, o subdiretor do SIS, que, por fim, telefona à chefe de gabinete de Galamba. Perante a confirmação de que havia informação confidencial em risco, o subdiretor do SIS decide atuar no sentido de ser contactado Frederico Pinheiro para ser recuperado o computador.
João Galamba disse numa conferência de imprensa a 29 de abril, que foi o seu ministério que relatou factos ao SIS e à PJ por recomendação da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro. Esta última disse ontem numa audição no Parlamento que apenas contactou a PJ, uma vez que não tem competências em relação ao SIS.
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