Lloyd’s e mais cinco líderes continuam a desintegrar NZIA

  • ECO Seguros
  • 28 Maio 2023

Axa, Allianz, Scor, Sompo, Mapfre são as líderes do setor dos seguros que, a par com o Lloyd's of London, abrem caminho para mais duas dezenas de saídas da organização focada em carbono-zero.

Confirma-se a partida da Lloyd’s of London e das líderes Axa, Allianz, Scor, Sompo, Mapfre da Net-Zero Insurance Alliance (NZIA), numa altura em que uma crescente pressão política oriunda dos E.U.A. e receios jurídicos ‘antitrust transformam a iniciativa climática numa crise.

As seguradoras Axa, antiga presidente do grupo, Allianz e Scor, bem como a japonesa Sompo Holdings, disseram, nesta quinta-feira, que estavam de saída da NZIA, parte do grupo de Mark Carney, Glasgow Financial Alliance for Net Zero (Gfanz). A seguradora australiana QBE disse, na sexta-feira, que também havia deixado a organização. A Mapfre também anunciou a saída. Na sexta-feira, o website da NZIA referia mais duas dezenas de outros membros.

Na sexta-feira, a Gfanz afirmou que “ataques políticos” interferiam com os “esforços das seguradoras para fixar o preço do risco climático, o que prejudicará os tomadores de seguros, os principais investidores e as economias locais”. A organização comprometeu-se a continuar a apoiar os esforços das seguradoras para desenvolver planos de transição.

Apesar da saída importante do gestor de ativos norte-americano Vanguard, em dezembro, os subgrupos de gestão de ativos, banca e proprietários de ativos da Gfanz resistiram, na sua maioria, à turbulência.

A Munich Re, membro fundador da NZIA, abandonou o grupo no final de março. O seu diretor executivo afirmou que não queria expor o grupo a “riscos antitrust significativos“. A Zurich e a Hannover Re abandonaram o grupo em abril. A resseguradora Swiss Re também abandonou a organização no início da semana passada.

À medida que a NZIA se desintegra perante os nossos olhos, temos de perguntar por que razão estas enormes empresas, com as suas hordas de advogados, não viram as questões ‘antitrust’ como um obstáculo importante quando fundaram a aliança. Devemos interrogar-nos se o facto de terem abandonado a aliança tem mais a ver com o receio de perderem negócios nos E.U.A. do que com um verdadeiro risco jurídico”, afirmou Patrick McCully, analista sénior da organização sem fins lucrativos Reclaim Finance.

Duas fontes da publicação Financial Times (FT), informadas sobre a decisão das seguradoras, de se retirarem em massa, disse não pensar que a iniciativa, que desde o início considerou questões de concorrência, fosse perder uma luta legal, mas temiam a distração que isso causaria. “Esta é uma batalha que as seguradoras podem poupar-se a si próprias“, disse uma das fontes.

De acordo com uma pessoa próxima da equipa de liderança da Gfanz, citada pelo FT, os governos europeus também manifestaram, em privado, a sua preocupação de que as seguradoras da NZIA pudessem provocar o aumento do custo da energia se deixassem de subscrever coletivamente os combustíveis fósseis. Por razões de segurança nacional, estão preocupados em manter ‘as luzes acesas’“, disse a fonte.

Objetivos climáticos mantêm-se

A francesa Axa afirmou, na passada quinta-feira, que vai “continuar a sua jornada individual de sustentabilidade, como seguradora, investidora e empresa responsável”. A Allianz afirmou que continua “totalmente empenhada” numa organização paralela para os proprietários de ativos. A saída da resseguradora Scor foi anunciada pelo seu novo diretor executivo na reunião anual de quinta-feira, juntamente com um conjunto de novos compromissos climáticos. A seguradora japonesa Sompo, que se juntou ao grupo em junho passado, disse que vai continuar a perseguir os seus objetivos climáticos “com o mesmo vigor” fora do grupo. A Lloyd’s afirmou, na sexta-feira, que continua “empenhada em cumprir a sua estratégia de sustentabilidade, incluindo o apoio à transição da economia global”. A Mapfre afirmou que continua “empenhada na aplicação da sua estratégia de sustentabilidade”.

As seguradoras têm vindo a ser cada vez mais pressionadas por investidores ativistas para reduzir coberturas a setores mais poluentes. A NZIA foi uma tentativa de reunir as seguradoras em torno da redução da pegada de carbono das suas subscrições, mas os críticos sublinharam a falta de membros norte-americanos e o facto de a proibição de segurar carvão não ser uma condição de adesão.

“Os desafios enfrentados pela NZIA demonstram a necessidade de uma maior intervenção por parte dos governos”, argumentou Peter Bosshard, coordenador do grupo de defesa ‘Insure our Future’. “Se as seguradoras já não conseguem agir coletivamente, isso é uma forte razão para a regulamentação“, acrescentou.

A Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, que reúne a NZIA, não respondeu ao pedido de comentário do FT sobre as últimas saídas, mas referiu anteriormente que se tratava de “uma iniciativa voluntária“.

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