BCE sobe juros em 25 pontos base para máximos desde 2001

Apesar da travagem da economia, banco central da Zona Euro mantém determinação no combate à inflação -- que se manterá acima do objetivo de 2% até 2025 -- e anuncia a oitava subida das taxas de juro.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira a oitava subida de juros consecutiva, aumentando as taxas diretoras em 25 pontos base, numa decisão que não trouxe surpresas e eleva a taxa de depósitos para máximos desde 2001, isto apesar da travagem da economia da Zona Euro.

“A inflação tem vindo a descer, mas as projeções indicam que permanecerá demasiado elevada durante demasiado tempo. O conselho do BCE está empenhado em assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%, adiantou o banco central em comunicado.

“Por conseguinte, decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base”, acrescentou.

A subida era mais do que esperada pelo mercado e os analistas, antecipando um novo aumento em julho, procuram agora sinais em relação ao fim deste ciclo de aperto monetário que começou há cerca de um ano. Período durante o qual o banco central já procedeu a aumentos acumulados de 400 pontos base (quatro pontos percentuais) para controlar a escalada da inflação, situação que está a pressionar as famílias endividadas com crédito da casa e a enfraquecer a economia da região da moeda única, que se encontra, de resto, em recessão técnica.

Com esta subida, a autoridade monetária aumentou a taxa dos depósitos para 3,50%, a mais elevada desde maio de 2001, na altura da crise das dotcom, enquanto as taxas de juro aplicáveis às operações de refinanciamento e de cedência de liquidez sobem para 4,00% e 4,25%, respetivamente.

O novo aperto surge numa altura em que a taxa de inflação dá sinais de alívio, mas mantendo-se em níveis muito acima do objetivo do BCE. O índice de preços no consumidor da Zona Euro aumentou 6,1% em termos homólogos no mês de maio, já afastado do máximo histórico de 10,6% atingido em outubro. Já a inflação subjacente (exclui alimentos e energia) está a abrandar de forma bem menos intensa, com o registo de maio (5,3%) não muito longe do pico de março (5,7%).

De acordo com as projeções macroeconómicas de junho elaboradas pelo staff do banco central, a inflação subjacente deverá situar‑se em média em 5,4% em 2023, 3,0% em 2024 e 2,2% em 2025.

As pressões inflacionistas “permanecem fortes”, “embora alguns indicadores evidenciem sinais preliminares de abrandamento” da inflação, nota o BCE.

Porta aberta para mais subidas

Para o futuro, o conselho de governadores do BCE deixa a porta aberta a mais aumentos afirmando que as taxas de juro diretoras serão mantidas “em níveis suficientemente restritivos” enquanto “for necessário” para “lograr um retorno atempado da inflação ao objetivo de médio prazo de 2%”.

O BCE continuará a guiar-se pelos dados para determinar o “nível e duração adequados da restritividade” da política monetária. “Mais especificamente, as suas decisões sobre as taxas de juro continuarão a basear‑se na sua avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, explica.

Os analistas sondados pela Reuters perspetivam aumentos em julho e também em setembro, embora subsista algum grau de incerteza em relação à evolução das taxas nos próximos meses.

Além do aumento dos juros, o BCE confirmou ainda que descontinuará os reinvestimentos ao abrigo do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) a partir do próximo mês.

Quanto ao programa de compra de ativos devido à emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP), os reinvestimentos irão estender-se pelo menos até ao final de 2024.

Do outro lado do Atlântico, a Reserva Federal americana fez uma pausa na subida dos juros, mantendo as taxas das Fed Funds no intervalo 5%-5,25%, com Jerome Powell a sinalizar mais aumentos até final do ano.

(Notícia atualizada Às 13h35)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

BCE sobe juros em 25 pontos base para máximos desde 2001

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião