Grupo RAR fecha duas fábricas da Colep na Alemanha

A Colep Consumer Products, que tem sede em Vale de Cambra e fabrica produtos de cosmética e higiene pessoal para multinacionais, corta produção alemã e reforça aposta em Portugal e na Polónia.

A portuguesa Colep Consumer Products (CCP) vai encerrar duas das fábricas que tinha na Alemanha, em Bad Schmiedeberg e Laupheim, com o objetivo de “otimizar a sua presença industrial”. A empresa detida pelo grupo RAR decidiu descontinuar as operações de enchimento de aerossóis naquelas localizações e reforçar a aposta no segmento de líquidos e cremes, em Portugal e na Polónia.

No relatório de gestão relativo ao exercício de 2022, dirigido aos acionistas e consultado pelo ECO, a contract manufacturer de produtos para cosmética, cuidado pessoal, cuidados para o lar e produtos farmacêuticos de venda livre detalha que a unidade de Bad Schmiedeberg continuará as suas operações em Regensburg, enquanto a empresa de Laupheim vai continuar ativa, mas sem atividade produtiva a partir do final do primeiro semestre.

Além de Portugal (Vale de Cambra) e da Polónia (Kleszczów), tem também fábricas no Brasil (Louveira, São Paulo) – onde admite que “o plano de melhoria para habilitar a operação a enfrentar condições de mercado difíceis ainda não produziu os resultados esperados” – e no México (Santiago de Querétar), através da qual abastece os clientes norte e centro-americanos e que no ano passado atingiu pela primeira vez o objetivo de 60 milhões de unidades produzidas. No Oriente tem uma parceria (ACOA) que envolve sócios japoneses, australianos e indianos.

No ano passado, a fornecedora de grandes marcas e multinacionais liderada atualmente por Pierfranco Accardo, que passou antes pela gestão das italianas Art Cosmetics e Chromavis Fareva, aumentou as vendas em 28%, para 283,5 milhões de euros, “sobretudo devido ao reflexo do aumento dos preços das matérias-primas e volumes produzidos”. Por outro lado, sublinha que a “gestão eficaz” dos custos operacionais permitiu que o EBITDA passasse de 21,9 milhões em 2021 para 27,3 milhões de euros em 2022. O número de trabalhadores baixou nesse período de 1.392 para 1.188 pessoas.

No verão de 2021, a Colep concretizou a cisão das unidades de negócio de produtos de consumo (Consumer Products) e de embalagens (Packaging). Vítor Neves, o antigo CEO, assumiu o cargo de chairman das duas empresas.

“A implementação com sucesso de metodologias de melhoria contínua tornou possível o aumento da eficiência operacional e a compensação parcial da subida dos custos dos serviços públicos essenciais e das matérias-primas, designadamente, no segmento de Liquids & Creams, setor em que a empresa fez investimentos significativos nas instalações de Portugal e da Polónia”, descreve o relatório e contas do grupo RAR, comandado por Nuno Macedo Silva, que não se mostrou disponível para responder às questões feitas pelo ECO.

Este foi o primeiro exercício completo desde que, no verão de 2021, a Colep concretizou a cisão das unidades de negócio de produtos de consumo e de embalagens. Na sequência desta operação, a antiga Colep Portugal passou a designar-se Colep Consumer Products – assume estar agora a apostar na inovação do produto nas categorias de cosmética e cuidado pessoal –, enquanto a área de embalagens assumiu a designação Colep Packaging e passou a ser liderada por Paulo Sousa, um “homem da casa”. O antigo CEO da Colep, Vítor Neves, passou a ocupar o cargo de chairman das duas novas empresas.

Paulo Sousa, CEO da Colep Packaging

Apresentado como um dos principais produtores europeus na indústria de embalagens metálicas e em plástico para diversas indústrias, foi “essencialmente como resultado do efeito do aumento de preço das matérias-primas” que a Colep Packaging faturou 148,8 milhões de euros em 2022, o que compara com 119,2 milhões no ano anterior. Emprega atualmente 668 trabalhadores nas fábricas em Portugal (Vale de Cambra), na Polónia (Kleszczów) e em Espanha (San Adrián), onde em agosto do ano passado adquiriu uma participação de 40% na catalã ALM Envases, que faturava dez milhões de euros e tinha 45 trabalhadores, o que permitiu à empresa portuguesa entrar no mercado de aerossóis de alumínio.

Em termos consolidados, a holding alcançou vendas de 996 milhões de euros em 2022 (+28% em termos homólogos). O grupo detém também a Vitacress (saladas e ervas aromáticas), a histórica e original RAR Açúcar (refinação e comercialização), a empresa de comércio de matérias-primas para a indústria agroalimentar Acembex – reclama o estatuto de “maior importador de cereais e coprodutos do país”, com uma quota de 22% do mercado nacional – e ainda a RAR Imobiliária, direcionada para o segmento alto do mercado habitacional.

O grupo empresarial sediado no Porto viu os lucros subirem 2%, para 16,5 milhões de euros e calcula que as exportações pesam “perto de 60%” no volume de negócios. Emprega agora um total de 3.750 colaboradores e, no conjunto dos negócios, tem presença em Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, México, Países Baixos, Polónia e Reino Unido.

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