“Não há ingerência na gestão corrente da TAP”, garante Pedro Nuno Santos

Pedro Nuno Santos afirmou na comissão parlamentar de inquérito que não existiram pressões políticas na TAP quando foi ministro. E deu uma exceção que diz confirmar a regra.

Pedro Nuno Santos, antigo ministro das Infraestruturas e Habitação, afirmou na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP que não interferiu na gestão corrente da companhia aérea. Sobre o pedido de alteração de voo de Marcelo, lamenta o envio do e-mail, mas garante que “não teve o [seu] conhecimento”.

“Ao longo destas dezenas de audições, o que se consegue comprovar pela ausência de exemplos é que não há ingerência na gestão corrente da TAP”, afirmou o antigo governante, que pegou no caso do e-mail enviado pela ex-CEO para o seu antigo secretário de Estado com um pedido à Top Atlântico para alterar um voo em que seguiria o Presidente da República.

“É um e-mail que me escapa a mim, que não tem o meu conhecimento, nem anterior nem posterior. Um e-mail que lamento, tal como lamentou o senhor secretário de Estado”, disse Pedro Nuno Santos, rematando: “Não é um exemplo de interferência minha na gestão da empresa”.

Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, quis saber se acompanhava o primeiro-ministro quando afirmou que se tivesse conhecimento do e-mail teria demitido Hugo Mendes na hora. “Aquele e-mail não o define. Eu quando faço uma avaliação faço a avaliação sobre o todo e não sobre um momento que como o próprio assume não foi feliz”, respondeu.

Abordou também o plano da TAP para mudar a frota de automóveis de diretores e administradores para veículos de marca BMW, para dizer que “há exceções que confirmam a regra”. “É um exemplo de um tema que ganhou proporções públicas com declarações do Presidente da República e dos senhores deputados. E o que foi pedido à TAP foi para quem pensasse numa alternativa”, referiu na sua intervenção inicial.

“Não há interferência na gestão da TAP porque eu não percebo de aviação. Governa quem sabe. A CEO sabe do negócio e eu não”, reiterou. “Eu queria que as coisas corressem bem. Dei o corpo às balas. Mas sabia que para que as coisas corressem bem não me podia meter na gestão”, disse ainda.

Pedro Nuno Santos rejeitou também que tenha dado instruções para que o contacto da TAP no Governo fosse apenas o seu ministério e não as Finanças, como afirmou a ex-CEO, Chirstine Ourmières-Widener, na sua audição. “Nunca disse à engenheira Christine que a porta de entrada dos temas da TAP era o ministério da Infraeestruras. Ouvi aqui o secretário de Estado das Infraestruturas explicar o contexto. Nas mensagens [à ex-CEO] diz expressamente que a tutela da TAP são as Infraestruturas e as Finanças”, argumentou.

Pedro Nuno Santos era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares quando, em fevereiro de 2019, foi convidado por António Costa para ministro das Infraestruturas e Habitação, sucedendo a Pedro Marques. Manteve-se no cargo no Executivo seguinte, saindo a 4 de janeiro deste ano, na sequência do caso da indemnização de 500 mil euros brutos paga a Alexandra Reis para deixar a administração da TAP. É apontado como um dos mais fortes candidatos a uma futura liderança do PS.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.

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