BRANDS' ECO “Green Trade Lab” é a novidade do Portugal Exportador 2023

  • BRANDS' ECO
  • 3 Julho 2023

O Portugal Exportador é um evento que visa promover a entrada de empresas portuguesas em mercados internacionais. Em entrevista ao ECO, Fátima Vila Maior revela as novidades da edição deste ano.

Ao longo dos últimos 17 anos, o Portugal Exportador tem ajudado várias empresas portuguesas a alargarem o seu portefólio e a conseguirem começar e, noutros casos, aumentar a sua exportação. A entrada em mercados internacionais e o consequente desenvolvimento da economia portuguesa é o principal objetivo do evento.

Este ano, o Portugal Exportador acontece a 19 de Outubro, no Centro de Congressos de Lisboa e, à semelhança das edições anteriores, irá reunir várias empresas, fornecedores e investidores no mesmo espaço, a fim de potenciar a oportunidade de realização de negócios e de reforçar oportunidades de networking. Serão dez horas consecutivas de negócios e empreendedorismo, com workshops, conferências, cafés temáticos, consultoria, B2B e Executive Meetings a decorrerem em simultâneo.

Em entrevista ao ECO, Fátima Vila Maior, Diretora de Relações Internacionais da Fundação AIP, explicou em que consiste este evento, revelou quais os resultados que traz para as empresas e, ainda, partilhou a novidade da próxima edição, nomeadamente o Green Trade Lab, dedicado à sustentabilidade das empresas. Veja, abaixo, a entrevista.

Como define a iniciativa Portugal Exportador?

O Portugal Exportador é organizado em conjunto com o AICEP e é o maior evento nacional dedicado à promoção da exportação e internacionalização das empresas portuguesas, permitindo que, num só dia, acedam, de forma simples e agregada, à informação necessária para uma melhor compreensão do ecossistema exportador, bem como a possibilidade de contactarem potenciais fornecedores de serviços que contribuam para aumentar a performance da sua atividade exportadora.

O objetivo do Portugal Exportador é estimular a internacionalização das empresas, alargando a base exportadora nacional, incentivando as PME a desenvolverem uma estratégia que permita exportar os seus produtos, e ajudar as tradicionalmente exportadoras na diversificação de mercados e a despistar novas oportunidades de negócios, de forma a aumentar o seu volume de exportação de bens ou serviços.

Que balanço faz do Portugal Exportador nas suas anteriores edições?

Todas as edições do Portugal Exportador têm tido imenso sucesso. São 10 horas consecutivas de negócios e empreendedorismo, com workshops, conferências, consultoria, B2B e executive meetings a decorrerem em simultâneo. Em 2022, tiveram lugar quatro conferências, 20 cafés temáticos, 24 talks, 64 oradores.

Na área de exposição, o evento contou com 16 empresas na área digital, 60 fornecedores de serviços, 10 associações sectórias, 40 embaixadas e câmaras de comércio.

Tiveram lugar 365 reuniões de consultoria de grupo, 498 horas de consultoria individual e foram registados 1200 visitantes profissionais, 1400 participantes nas conferências, 2500 registos em eventos paralelos e números da plataforma de agendamento.

Quais os momentos marcantes que ficaram das últimas edições?

Não se pode falar em momentos, já que, com tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, é difícil de dizer pois depende do objetivo da visita e do setor da empresa, mas eu diria que o grande sucesso foi a realização do Digital LAB devido à sua inovação comparativamente à edição anterior.

O e-commerce está em rápido crescimento a nível mundial e as tendências apontam para que em 2040 cerca de 95% das compras sejam feitas através do comércio eletrónico (Nasdaq). As vendas on-line e a consequente necessidade de incorporação da digitalização no processo de produção e venda foram igualmente algumas das alterações sofridas em consequência da pandemia.

E também por isso que esta é uma oportunidade que qualquer empresa portuguesa deve aproveitar para começar a exportar ou para fortalecer e/ou diversificar a sua presença nos mercados internacionais.

Com base neste pressuposto, a edição do Portugal Exportador de 2022 adicionou mais uma iniciativa, o Digital Lab, cujo objetivo foi dar a conhecer às PME exportadoras, processos que permitem acelerar a adoção e incorporação de novas tecnologias, equipando-as com as ferramentas e conhecimentos de forma a alavancar os seus negócios.

O objetivo foi proporcionar aos visitantes a possibilidade de experimentarem, durante o evento, ferramentas como o diagnóstico de prontidão digital que compare as PME em cinco dimensões digitais (conectividade, comércio eletrónico, Big data, pagamentos e segurança), ajudar a identificar as soluções que mais se adaptam à sua empresa e proporcionar o contacto direto com potenciais fornecedores de serviços que as ajudariam a dar salto digital.

Mais de 15 empresas fornecedoras de serviços nessa área, desde o software, empresas de consultoria em transformação digital, fornecedores de serviços em nuvem, especialistas em cibersegurança, meios de pagamento, marketing digital, redes sociais, agências de influencers, entre outras.

Qual o impacto e avaliação que os participantes fazem do Portugal Exportador?

A opinião dos visitantes é fundamental para podermos medir o êxito da iniciativa, pelo que prestamos muitíssima atenção aos resultados do inquérito que efetuamos em cada edição e que nos permite não só avaliar o seu grau de satisfação, mas também a concretização das expectativas ao longo dos anos.

Concretamente e em relação a 2022, os mais de 60 expositores, empresas fornecedoras de serviços para a exportação (empresas de consultadoria internacional, transportes, seguros.) 31%, concretizaram novos negócios no evento, e 97% pretendem voltar a participar na edição 2023, o que denota um grau de fidelização muito elevado.

Por outro lado, e quando falamos de visitantes, isto é, as PME exportadoras, os números são também muito positivos quanto à avaliação do evento, pois 89,9% permaneceram mais de 3 e 8 horas no evento, 97% recomendam a visita a outras PME exportadoras e 86,9% avaliam de bom ou muito bom os conteúdos do evento.

Outro número que se considera importante é o dos pré-registos, que se concretizam em valores bastante elevados de entradas efetivas no evento e em retorno na edição seguinte.

Sente que as diferentes empresas e entidades procuram trabalhar em cooperação?

Por vezes não é fácil obter uma resposta relativamente ao resultado, mas este também é um grande objetivo do Portugal Exportador, por isso damos uma enorme importância às zonas de network entre empresas.

A participação de associações empresariais como forma de promoção ou divulgação de boas práticas relativas às suas atividades de apoio a setores ou a fileiras que realizam no estrangeiro com grupos de empresas é também fundamental para criar oportunidades de cooperação, nomeadamente na partilha de investimentos, transporte e até clientes.

A formatação de algumas iniciativas que compõem o evento, nomeadamente os cafés temáticos, onde à volta de uma mesa reúnem-se 10 empresas para receber informação sobre o mesmo tema, fomentam a partilha de experiências que são um excelente ponto de partida para colaborações futuras.

Mas, obviamente, existe ainda um longo caminho a percorrer com efeitos num futuro imediato em diminuição de custos e criação de novas oportunidades, importantes na performance das empresas.

Quais os passos fundamentais para as empresas exportarem e como o Portugal Exportador pode contribuir para esses passos?

As empresas, sobretudo as que iniciam o processo de exportação, terão de percorrer vários espaços, desde a preparação da própria empresa e adaptação do seu produto, e aí, desde logo, estamos a falar de cenário muito diverso, desde competências de gestão, digitalização de processos, criação de marca, embalagem…

Até a análise mais fina de comportamento de clientes, escolha de mercados, avaliação de risco. É com este propósito que, para além das entidades de apoio à exportação, as PME poderão obter aconselhamento especializado, nas mais de 60 empresas fornecedoras, grande parte delas na área da consultoria internacional que estão representadas no evento. Para além de, como se trata de um processo contínuo, pode exigir ajustes ao longo do tempo e, como tal, necessitarem de ajuda em cada etapa do processo.

Qual o modelo mais eficaz do Portugal Exportador? As meetings? Os workshops? As exposições? Os cafés networking?

Considero que todos os formatos são importantes, dependendo das necessidades das PME que visitam o evento e o seu estado de maturação no processo de internacionalização.

Uma empresa que quer iniciar o seu processo de exportação irá explorar a possibilidade de efetuar um diagnóstico à sua capacidade exportadora com uma empresa de consultoria na área do comércio internacional. Outra empresa, numa fase diferente, poderá estar interessada em participar num workshop sobre a importância dos influencers num determinado mercado ou num café network subordinado a uma temática que considere importante para o seu negócio, como transportar produto perecível para mercados longínquos.

Por isso, desde 2022 estamos a dar especial importância ao facto das empresas poderem, atempadamente, escolher na plataforma on-line quais as iniciativas que querem assistir, e assim poderem, com tempo, fazer um programa que lhes permita otimizar o tempo de visita ao evento. Em 2022, foram registados mais de 2000 agendamentos nos vários modelos disponíveis.

Quais os mercados mais procurados pelos participantes no Portugal Exportador?

A informação que temos disponível diz respeito à edição de 2021 e 2022, muito impactadas pela crise causada pela pandemia e que representou um enorme choque para a economia, sobretudo a europeia, nomeadamente na adaptação às perturbações das cadeias de abastecimento e a existência ou a dependência de processos de produção just-in-time.

A rutura de stocks de bens básicos e as consequências nas cadeias de abastecimento são alguns dos efeitos do atual cenário de guerra com impacto imediato na pressão inflacionista, instabilidade nos mercados financeiros e tensões geopolíticas entre mercados.

E é neste enquadramento que a União Europeia deverá servir como verdadeira âncora para o fortalecimento das empresas e das suas estratégias de exportação, pelo que os mercados mais procurados são, sem dúvida, os tradicionais parceiros de maior proximidade (Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, países nórdicos, etc…).

A curto prazo existe uma redefinição das cadeias de abastecimento impulsionadas, não só pelos custos de transporte, mas sobretudo pelas políticas de segurança económica e estratégica na Europa que abrem grandes oportunidades para as empresas portuguesas no eixo Europa – América do Norte e, como tal, também trazem grande curiosidade no Portugal Exportador.

Quantas pessoas já passaram pelo Portugal Exportador?

Desde o seu início, mais de 20 mil empresas exportadoras visitaram o evento, e que são basicamente as que constam na nossa base de dados e com as quais dialogamos ao longo do ano promovendo os vários projetos e serviços de apoio à exportação das empresas e parceiros que connosco trabalham para que o Portugal Exportador seja um evento que, embora se realize num só dia, possa ser uma ferramenta utilizável durante todo o ano.

E quantas nacionalidades?

Basicamente o nosso enfoque é nas empresas portuguesas, mas, se consideramos os businesses ANGELs, os compradores do programa on-line, e os representantes das várias embaixadas e organismos internacionais que nos visitam, poderemos estar a falar em 60 nacionalidades diferentes.

Vem aí uma nova edição. Que novidades vamos ter na edição de 2023?

O Portugal Exportador, embora tenha sempre o mesmo objetivo, tem também tido a capacidade de em todas as edições desenvolver as temáticas mais importantes para as empresas no contexto. Foi assim em 2022, quando desenvolvemos o Digital Lab, que permitiu às empresas conhecerem melhor quais as ferramentas e os fornecedores que lhes permitam “dar o salto” na digitalização do seu negócio.

Para a edição de 2023, continuando a apostar no Digital Lab, vamos criar o Green Trade Lab, pois a sustentabilidade e os fatores ESG são cada vez mais relevantes para as empresas exportadoras, desempenhando um papel fundamental na competitividade, acesso a mercados, gestão de riscos, acesso a financiamento e à construção de relacionamentos comerciais e sólidos.

Ao adotar práticas sustentáveis, tendo em consideração os fatores ESG, as empresas podem posicionar-se de forma favorável no mercado global, contribuindo para um desenvolvimento económico mais sustentável e responsável, pelo que se torna fundamental promover a certificação ambiental e todas as vantagens para as marcas que buscam demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente.

Queremos que o Green Trade Lab seja o local de disseminação de informação, apresentação de casos de estudos em PME exportadoras e, em simultâneo, proporcione a possibilidade às empresas visitantes de contactarem potenciais fornecedores, tais como organismos de certificação, consultorias ambientais, especialistas em sustentabilidade, empresas de consultoria em eficiência energética, provedores de serviços de medição e monitoramento ambiental, auditoria, formação, e tantos outros que permitam dar os passos certos no caminho da certificação ambiental.

Que expectativas para a edição de 2023?

As expectativas são grandes pois consideramos que temos de ter objetivos muito ambiciosos. Os próximos anos vão ser de grande investimento no evento, não só aportando de uma forma muito prática caminhos e soluções para os problemas e desafios das PME exportadoras, das empresas exportadoras, como, em função das suas necessidades, dar respostas muito práticas.

Para além deste grande desafio, queremos também, até final do ano, poder realizar uma edição no interior do país, de forma a motivar um profundo debate empresarial sobre o tema da internacionalização e suas práticas na região interior de Portugal.

É fundamental apoiar mais empresas na decisão de se iniciarem na exportação, alargando a base exportadora nacional e promovendo um melhor desempenho das PME que já exportam, ajudando na diversificação de mercados.

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