Recrutar nutricionistas através de pitch? Como a CUF, Nestlé e Eurest identificam novos talentos

A Nova Medical School é o elo entre os futuros nutricionistas e os potenciais empregadores. No final de junho, a escola reuniu mais de uma dezena de empresas para ouvirem os pitchs dos 16 finalistas.

Em busca do melhor talento, as empresas do setor da saúde começam a olhar para os pitchs mais comuns nas áreas tecnológicas e no mundo do empreendedorismo — como uma opção para identificar as pessoas certas de forma mais rápida e eficiente. A Nova Medical School é o elo entre os futuros nutricionistas e os potenciais empregadores. A CUF, a Eurest, a Nestlé e a Sonae, marcam presença na primeira fila, e assumem mesmo que podemos estar perante uma nova forma de recrutar os recém-licenciados.

“A CUF está cada vez mais aberta a novas formas de recrutamento, e o uso de apresentação/pitch pode ser uma opção interessante para identificar e avaliar talentos de forma mais eficiente. A tecnologia está a transformar os processos de recrutamento e seleção, e métodos inovadores, como apresentações curtas, podem proporcionar uma visão mais rápida e abrangente dos candidatos”, afirma Rui Diniz, presidente da comissão executiva da CUF, ao Trabalho by ECO.

A CUF foi uma das empresas que marcou presença na segunda edição da apresentação dos finalistas em Ciências da Nutrição da Nova Medical School, que decorreu no passado 26 de junho.

Uma mostra de talento que juntou mais de uma dezena de empresas à caça do melhor talento, entre as quais também a Eurest, a Nestlé, a Sonae, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) — que inclui o Hospital Curry Cabral, Hospital Dona Estefânia, Hospital Santa Marta, Hospital Santo António dos Capuchos, Hospital São José e Maternidade Dr. Alfredo da Costa –, a Sumol Compal e a Central de Águas, e um total de 16 futuros nutricionistas.

Finalistas da licenciatura em Ciências da Nutrição 2019/2023

“Este modelo de apresentação através de pitch oferece-nos uma forma mais ágil e eficaz de avaliar várias dimensões do candidato, num curto espaço de tempo, permitindo identificar talentos com uma abordagem que pode trazer perspetivas únicas para a nossa organização”, considera Rui Diniz.

No pitch dos finalistas, o presidente da comissão executiva da CUF diz valorizar, sobretudo, as capacidades de comunicação e criatividade, a inteligência emocional, a flexibilidade cognitiva e a forma como as características do candidato se adaptam e alinham com o propósito e valores da organização, de forma a gerar um impacto positivo na equipa onde será inserido.

Contudo, é, igualmente, valorizada a “relevância das experiências académicas, projetos e conquistas relacionadas com a área de estudo ou relacionada com o setor da saúde, assim como o conhecimento sobre as tendências da área, os seus desafios e oportunidades”.

A CUF está cada vez mais aberta a novas formas de recrutamento, e o uso de apresentação/pitch pode ser uma opção interessante para identificar e avaliar talentos de forma mais eficiente. A tecnologia está a transformar os processos de recrutamento e seleção, e métodos inovadores, como apresentações curtas, podem proporcionar uma visão mais rápida e abrangente dos candidatos.

Rui Diniz

Presidente da comissão executiva da CUF

Na edição do ano passado, na qual a Nova Medical School estreou este modelo de apresentação dos finalistas da licenciatura em Ciência da Nutrição, uma das finalistas — a melhor da licenciatura, segundo a escola — juntou todos estes ingredientes e obteve uma oferta de trabalho no Hospital CUF Tejo. Mas não foi a única a destacar-se junto dos ‘caça-talentos’.

“Foram 14 finalistas. Alguns foram captados por programas de mestrado nacional e internacional, a melhor aluna teve a oferta de emprego no Hospital CUF Tejo, outra na Eurest. Duas para o Hospital da Luz, pelo impacto e pelo perfil. Uma das estudantes do melhor pitch foi trabalhar para os Lusíadas”, exemplifica Conceição Calhau, professora catedrática na Nova Medical School, coordenadora da licenciatura em Ciências da Nutrição e subdiretora para a extensão à comunidade.

Beatriz Oliveira, diretora de qualidade da Eurest Portugal, considera que este tipo de abordagem “não é comum” na área da nutrição, é “algo inovador”.Traz-nos uma visão mais apurada do que uma simples entrevista“, afirma.

“Logo ali [durante as apresentações] fiquei com uma noção muito aproximada da autonomia que as pessoas têm. Nota-se em termos técnicos que a preparação destes alunos é muito superior. E vê-los nestes contextos dá-nos uma visão mais abrangente sobre os futuros nutricionistas, porque temos um conhecimento maior das suas mais-valias e das suas reais capacidades”, continua.

Acrescentar às competências técnicas

O facto de preparem um projeto, que passa por diferentes etapas, incluindo até a parte financeira — que não é abordada num curso como o de Ciências da Nutrição — acaba por trazer a estes finalistas competências apreciadas pelos potenciais empregadores.

Vêm com uma abordagem mais holística e global que outros, de outras entidades, não têm. Aliás, já tive a prática, e vi no terreno, que uma pessoa com esta formação e este nível de experiência, mesmo acabado de formar, precisa de muito menos acompanhamento do que um outro que não teve esta abordagem”, diz Beatriz Oliveira.

“Estes finalistas vêm com uma abordagem mais holística e global que outros, vindos de outras entidades, não têm. Aliás, já tive a prática, e vi no terreno, que uma pessoa com esta formação e este nível de experiência, mesmo acabado de formar, precisa de muito menos acompanhamento que um outro que não teve esta abordagem.

Beatriz Oliveira

Diretora de qualidade da Eurest Portugal

A vantagem? “Treinar os nossos estudantes para uma forma de estar profissional, de equipa e de resolução de problemas. Competências que trabalham a área da gestão, da liderança, da comunicação e, sobretudo, com o propósito de somar às competências técnicas e científicas uma consolidação e uma demonstração de transferência e de criação de valor para os empregadores que os recebem”, complementa Conceição Calhau.

“Eles farão, com certeza, parte da solução, com atitudes e soluções inovadores que o mercado de trabalho precisa para resolver problemas ou criar valor em áreas inexistentes ou ainda pouco exploradas”, acredita.

O pitch é também “o resultado do trabalho que os professores da Nova Medical School fizeram em quatro anos de formação”, transmitindo competências na área da alimentação e nutrição humanas, fisiopatologia, farmacologia e toxicologia até terapêutica nutricional e nutrição artificial.

“Alguns dos pitchs apresentam o impacto da intervenção do nutricionista para a solução de um problema. Os estudantes são expostos durante a sua formação a conteúdos, a ferramentas que os tornam uma enorme vantagem quando inseridos em diferentes mercados de trabalho, seja no hospital ou cuidados primários, seja na indústria alimentar, no desporto ou mesmo na saúde pública ou esfera política”, defende a docente.

Levar o modelo a outras áreas

Para já, apenas na licenciatura em Ciências da Nutrição se utiliza este modelo para apresentar os finalistas junto das empresas, mas existe a ambição de que outras áreas sigam o exemplo.

Temos a ambição de mudar a forma de estar das universidades relativamente ao mercado de trabalho. A ligação, a extensão à comunidade, a transferência de conhecimento, a criação de valor, de soluções, de maior capacitação e competitividade que podemos imprimir na sociedade, será cada vez mais emergente e, por isso, a ambição de que este modelo se estenda a muitas outras áreas“, refere a coordenadora da licenciatura em Ciências da Nutrição.

Temos a ambição de mudar a forma de estar das universidades relativamente ao mercado de trabalho. A ligação, a extensão à comunidade, a transferência de conhecimento, a criação de valor, de soluções, de maior capacitação e competitividade que podemos imprimir na sociedade, será cada vez mais emergente e, por isso, a ambição de que este modelo se estenda a muitas outras áreas.

Conceição Calhau

Professora catedrática na Nova Medical School e coordenadora da licenciatura em Ciências da Nutrição

Uma feira de emprego não deve ter stands de empresas a captar talentos, mas sim os talentos a apresentarem-se e os interessados a assistirem. Isso mudaria alguma coisa no panorama nacional e internacional. Temos de colocar no mercado de trabalho futuros profissionais que sejam arrojados e que invistam nas marcas e nas soluções para crescimento individual e, sobretudo, das marcas com as quais trabalham”, conclui Conceição Calhau.

Percorra a fotogaleria da apresentação dos finalistas de 2023:

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