Indústria nacional do marketing e publicidade mais inclusiva do que a média global
Apesar do aumento de inclusão, ainda há muito a fazer. A idade, o género e a situação familiar são as formas de discriminação mais comuns no setor do marketing e publicidade.
O setor do marketing em Portugal é mais inclusivo (66%) do que os resultados globais de outros países (63%). O valor nacional cresceu comparativamente a 2021, quando o valor registado foi de 62%. Esta tendência é contrária à média global, que desceu de 64% para 63%. Apesar da evolução, em Portugal, nos níveis de gestão executiva e administração, as mulheres recebem em média menos 29% do que os homens.
Esta é uma das principais conclusões do Global DEI Census, estudo liderado pela World Federation of Advertisers (WFA) que avalia o estado da diversidade, equidade e inclusão no setor do marketing, e realizado pelo segundo ano.
O Índice de Inclusão é uma das métricas do estudo que, com base na perceção do colaborador, avalia o sentido de pertença, a ausência de discriminação e a presença de comportamentos humilhantes, explica a Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN).
“É urgente colocar estes temas na ordem do dia. O envolvimento neste estudo permite-nos uma perceção da realidade nacional. Queremos liderar pelo exemplo, tornando a nossa indústria um lugar mais diverso, inclusivo e seguro para que outros setores da sociedade possam também colocar estas temáticas no topo das suas prioridades”, refere Ricardo Torres Assunção, secretário-geral da APAN, citado em nota comunicado.
Mulheres executivas ganham menos do que os homens
Apesar da tendência nacional ir no sentido positivo, ainda há muito a fazer. O estudo mostra que existe uma “disparidade salarial considerável“, em função do género. “Nos níveis de gestão executiva e administração as mulheres recebem em média menos 29% do que os homens e ao nível de outros colaboradores seniores recebem em média menos 11%“, destaca a associação. Em sentido contrário, “nos cargos de menor responsabilidade a um nível mais júnior as mulheres recebem em média mais 23% do que os homens”.
Os principais fatores de discriminação em Portugal são a idade e a situação familiar. “35% dos respondentes acredita que, na sua empresa, a idade pode ser um obstáculo“, concretiza a APAN. Esta percentagem aumenta tanto nos grupos etários mais jovens como nos mais velhos, com 41% para os 18-24 anos e 50% para os 65+.
A situação familiar é outro dos pontos. Aqui, 41% daqueles que têm responsabilidades de cuidador acreditam que “a situação familiar dificulta a carreira na sua empresa”.
A saúde mental no setor é outro dos temas analisados. Neste ponto, 41% dos inquiridos dizem que estão frequentemente em stress no trabalho e menos de metade, 46%, afirmam que o seu local de trabalho é aberto à saúde mental.
A APAN refere também que os dados do custo da rotatividade mostram que há um risco potencial, “com 11% dos entrevistados a indicar que provavelmente deixarão o setor com base na falta de inclusão e diversidade ou preferindo não responder a essa pergunta”. Este valor aumenta para 38% no caso dos respondentes com deficiência.
Em relação à diversidade, e comparando com os dados dos Census, Portugal apresenta uma representação positiva em relação ao género e religião e negativa nas pessoas com deficiência.
Sentimento de inclusão recua globalmente
Globalmente, o nível de inclusão decresceu (de 64% para 63%). Em termos de sensação de pertença o valor registado foi 69%, mais um ponto que em 2021. “Ao nível da ausência de discriminação não houve alterações, mantendo-se nos 69%, mas no que se refere à presença de comportamentos negativos subiu um ponto, alcançando 19%”, descreve a APAN.
À semelhança de Portugal, as formas de discriminação mais comuns continuam a ter como base a idade, o género e a situação familiar: “18% dos respondentes com idades entre os 55 e os 64 anos afirmaram ter sofrido discriminação com base na sua idade. 36% das mulheres que tiraram licença parental nos últimos 5 anos afirmam que esta situação prejudicou a sua carreira. 42% dos pais afirmam que as responsabilidades familiares dificultam a sua carreira”, resume a associação.
O Global DEI Census foi desenvolvido em 91 países e contou com cerca de 13 mil respostas. Em termos globais um em cada sete dos inquiridos afirma que “deixaria a indústria do marketing e da publicidade devido à falta de diversidade e inclusão.
O Global DEI Census pretende identificar as áreas onde é necessário realizar mudanças para tornar o setor um lugar melhor para todos. Conta com o envolvimento de nove outras organizações globais — VoxComm, Campaign, Kantar, Advertising Week, Cannes Lions, Effie Worldwide, IAA, Global Web Index e Adweek –, às quais se juntam empresas como a Bayer, BP, Danone, Diageo, Dentsu, The Estée Lauder Companies, Haleon, Havas, Kraft Heinz, L’Oréal, McCann, Philips, Reckitt, Sanofi e WPP. Este estudo resulta assim em “uma das maiores colaborações na história da indústria do marketing”.
Em Portugal, esta iniciativa é apoiada por todas as associações que integram a indústria da comunicação (APAN, APAP, APAME, APIMPRESA, AMD, APEITE, APODEMO, IAB, CCP, APECOM, APPM, ARP, APPF, APEPE, PPM, APCE e Digital Marketers)
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