Nova linha circular do Metropolitano de Lisboa adiada para fevereiro de 2025
Presidente da empresa disse que o Metropolitano tinha “folgas no seu planeamento”, mas que são insuficientes “para conseguir absorver, em média, cerca de 30 meses de atraso”.
A abertura da nova linha circular do Metropolitano de Lisboa deve ser adiada de outubro de 2024 para fevereiro de 2025, devido a atrasos de mais de 30 meses no curso das obras, disse esta sexta-feira o presidente da empresa.
“Obviamente que o programa que nós tínhamos, que era em outubro de 2024 abrir a linha circular, provavelmente vai passar para 2025 e, nesta altura, temos uma Resolução do Conselho de Ministros à espera que seja aprovada – já esperávamos que fosse esta semana, esperamos que seja na próxima – que vai já compaginar um planeamento para fevereiro de 2025”, disse Vitor Domingues dos Santos, ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República.
Vitor Domingues dos Santos destacou que o Metropolitano tinha “folgas no seu planeamento”, mas que são insuficientes “para conseguir absorver, em média, cerca de 30 meses de atraso”.
“Só para terem uma ideia dos atrasos que nós tivemos: no ‘lote 1’, entre a data do concurso público e a data da adjudicação foram 27 meses; no ‘lote 2’ (Santos – Cais do Sodré), entre o lançamento do concurso e a adjudicação decorreram 40 meses; no ‘lote 3’ (eventos no Campo Grande), entre o momento do lançamento do concurso público e a adjudicação decorreram 13 meses; o ‘lote 4’ foi lançado em agosto de 2021 e aguardamos o visto do Tribunal de Contas”, explicou.
“Posso dizer também que só a adjudicação da linha circular, entre o lançamento do concurso e a consignação, demorou 31 meses. Ou seja, tivemos um concorrente que nos colocou em tribunal, iniciou um litígio e, portanto, tudo isto atrasou. Obviamente que todo este processo atrasou tudo o que era previsto, em termos de sinalização e em termos de fabrico de material circulante”, acrescentou.
Vitor Domingues dos Santos destacou que o fabrico de material circulante, muito dependente do aço, foi prejudicado ainda pela guerra na Ucrânia, pelo que a nova data prevista para o Metropolitano receber este material é, “infelizmente, o primeiro trimestre de 2024”.
“Obviamente que gostaríamos muito de aumentar as frequências [de comboios], mas não temos mais material circulante. Ou seja, temos 110 unidades triplas. Entre aquelas que estão em manutenção e aquelas que estão em reconversão, temos uma disponibilidade de 96/98, no máximo, unidades triplas”, destacou. É esta a capacidade máxima que o metro terá na semana da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Devo dizer-vos que hoje mesmo já anunciei aos meus trabalhadores que já acordamos com a secretaria de Estado do Tesouro novas condições para trabalhar na semana da JMJ, de forma a garantirmos que vamos estar em plena capacidade em termos de oferta, quer de comboios, quer de presença nas estações”, afirmou. Por outro lado, o responsável garantiu que o financiamento da linha circular, no valor de mais de 330 milhões de euros, “está assegurado”.
A nova linha circular, que vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede, irá criar um anel circular no centro de Lisboa e interfaces que conjugam e integram vários modos de transporte. Destacando que não é um fundamentalista da linha circular ou de qualquer outra, o responsável destacou ainda que o Metropolitano está a desenvolver “vários estudos para confirmar se essa é a melhor solução ou se há outras soluções alternativas, a seu tempo”.
“Depois de concluir os estudos, serão apresentados à nossa tutela. A nossa tutela, então, terá a informação toda suficiente e necessária para decidir, mas nunca com prejuízo da segurança dos nossos passageiros”, concluiu.
O Metropolitano de Lisboa opera diariamente com quatro linhas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião). O presidente do Conselho de Administração do Metropolitano foi ouvido no parlamento no âmbito dos requerimentos apresentados pelo PSD, PCP e PS, sobre a “situação das obras no metro de Lisboa”.
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