O que é feito dos imóveis vendidos pelo Estado?
A Estamo vai colaborar em medidas na área da habitação, para arrendamento acessível e no Mais Habitação, bem como receber fundos do PRR. Mas há imóveis que passaram a hotéis ou habitação de luxo.
Hotéis, escritórios, habitação. Os imóveis que a Estamo – imobiliária do Estado – vende vão-se transformando em várias coisas ao longo do tempo, ainda que alguns acabem por permanecer no mesmo estado ou desocupados. Há ainda locais com planos para terem habitação acessível e projetos que ainda não avançaram.
Segundo os dados disponibilizados pela Estamo, em 2022 apenas se realizou uma venda: o Quartel Cabeço da Bola, em Lisboa, que passou para a Fundiestamo. O objetivo é que este antigo quartel do Estado seja transformado em habitação. Com esta transação, em 2022, a margem bruta das vendas foi de 6,1 milhões de euros, mais 2,2 milhões que no ano anterior, segundo o relatório e contas da entidade.
![](https://ecoonline.s3.amazonaws.com/uploads/2019/07/quartel-cabeco.jpg)
Este é um de três imóveis que já se insere no âmbito das novas políticas públicas de habitação. Nesta, determinou-se “a afetação de três imóveis, dois dos quais com peso relevante na carteira da Sociedade – Antigo Hospital Miguel Bombarda e Quartel do Cabeço da Bola, ambos em Lisboa – ao Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE) para destinação a programas de ‘renda acessível’ e de um novo acervo de imóveis destinados à venda e/ou ao incremento da área bruta locável de serviços à Bolsa de Habitação criada pelo Decreto-lei n.° 82/2020, de 2 de outubro continuou a influenciar os resultados da Sociedade”, indica a Estamo.
Já em 2021, apenas se contam duas vendas, uma das quais o antigo Hospital do Desterro. O edifício foi vendido por 10,5 milhões de euros aos próprios arrendatários: a Mainside Investments, que pretendiam fazer uma unidade hoteleira e uma zona de restauração.
Esse não foi o único imóvel transformado em hotel, sendo o caso, por exemplo, de o da rua Dom Carlos de Mascarenhas, em Lisboa, atualmente o Zurin Charm Hotel. Já a propriedade na Rua da Restauração, no Porto, é hoje em dia o Torel Avantgarde. Na página de vendas de 2015 encontra-se também um imóvel na Rua Braamcamp, em Lisboa, que aparece vendido à KSHG – Real Estate Investments, mas atualmente é a morada do Pestana Lisboa Vintage.
Além de hotéis, há locais destinados a habitação de luxo. Em 2019, o antigo palacete na Estrada de Benfica, em Lisboa, foi vendido à Splendimension, em conjunto com um edifício de escritórios e serviços, por um total de 22,6 milhões. Na página do fundo de investimento encontra-se ainda este projeto, onde indicam que “a casa pode ser remodelada em habitações de luxo e o espaço envolvente pode ser usado para construir dois edifícios residenciais modernos, podendo incluir um amplo jardim e espaços abertos públicos”.
Os escritórios também comprados por esta imobiliária localizam-se na Avenida José Malhoa, em Lisboa, onde anteriormente se encontrava o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
A Splendimension conta também com outro imóvel que era da Estamo, mas que tinha, no entanto, sido vendido à KSHG – Real Estate Investment em 2015. Trata-se de um “antigo prédio do tribunal” na área das Avenidas Novas “a ser transformado em apartamentos residenciais de luxo”. Há ainda o caso da antiga sede do DIAP, na Gomes Freire, em Lisboa, transformada em casas de luxo.
Existem ainda imóveis cujo objetivo é serem transformados em arrendamento acessível, mas alguns projetos estão ainda parados. É o caso do projeto previsto para o antigo hospital Miguel Bombarda, que pode ainda vir a sofrer novos ajustes. Em março, a Câmara de Lisboa adiantou que iria ser feito um estudo conjunto para “avaliar o estado de conservação e situação estrutural” dos edifícios. Além de habitação acessível, estava igualmente prevista a construção de um hotel no edifício do antigo convento de Rilhafoles.
![](https://ecoonline.s3.amazonaws.com/uploads/2019/07/hospital_miguel_bombarda.jpg)
Há outros imóveis aproveitados para organismos do Estado, como, por exemplo, um vendido ao Fundo Especial de Investimento Imobiliário Aberto Imopoupança, em Lisboa, atualmente casa da Inspeção-Geral de Finanças. Este fundo é gerido pela Fundiestamo e foca-se principalmente no arrendamento, na maioria ao Estado ou a outras entidades públicas.
A Estamo vai também receber financiamento do PRR, nomeadamente para converter o antigo estabelecimento prisional de Santarém numa residência de estudantes. “O RESA (Residências Estamo de Santarém) trata-se um projeto onde a TUU tem um papel fundamental com o projeto de arquitetura, uma vez que o antigo estabelecimento prisional é um Monumento Nacional no centro da cidade de Santarém, com uma identidade única que deverá ser mantida, tornando o projeto muito desafiante”, indicou a TUU – Building Design Management em comunicado, no início deste ano.
A imobiliária do Estado vai também colaborar no programa “Arrendar para Subarrendar”, uma medida que faz parte do pacote Mais Habitação e tem como objetivo o arrendamento voluntário em mercado de imóveis a privados. A empresa pública vai “identificar no mercado os imóveis que cumpram os requisitos, trabalhando em permanência com os proprietários, as mediadoras que os possam representar, entidades públicas, municípios e juntas de freguesia, para a negociação, definição de valores de renda, apoio técnico e preparação dos contratos de arrendamento, que submeterá ao IHRU para celebração e execução”, segundo se lê no site.
Já para outros imóveis vendidos é ainda desconhecido o desfecho final, sendo que alguns se encontram sem ocupação à vista. Certo é que a imobiliária do Estado era bastante mais ativa no que diz respeito às vendas antes de 2019, sendo que em 2020 não tem nenhuma transação registada e nos anos seguintes foram apenas três.
Para 2023 ainda não surge nenhuma venda, mas há já uma compra: o Quartel da Cumeada, em Coimbra, que estava ocupado pela GNR e cujo contrato promessa já data de 2009 mas apenas foi efetivado agora.
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