PRR para habitação não será concretizado, diz Ricardo Guimarães

Economista Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, considera ainda que o pacote "Mais Habitação" vai produzir "resultados ao contrário e severos aqueles que são os desejados".

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê a construção de 26 mil casas até 2026, mas o economista Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, não acredita que venha a concretizar-se devido ao aumento dos custos de construção. Já o pacote “Mais Habitação” vai produzir “resultados ao contrário e severos, daqueles que são os desejados”.

Dificilmente os objetivos de construção previstos no PRR serão alcançados. “Por falta de capacidade de encaixar as verbas naquilo que são o aumento dos custos de construção. Tem havido vários processos em que acaba por não haver concorrentes para construir”, refere o economista em entrevista ao programa Conversa Capital, à Antena 1 e Jornal de Negócios.

“Tem havido um aumento dos custos pelo lado da mão de obra. Era muito bom que houvesse capacidade para entregar esse nível de construção, mas acho que os níveis de investimento em causa são absolutamente incompatíveis com aquilo que é o track record, avalia.

O economista defende o aumento do investimento em arrendamento para combater a escalada do aumento de preços das rendas. “A procura o que precisa é de oferta. O nosso problema é falta de oferta. As rendas, os preços sobem assim pela falta de oferta. Os proprietários sentem que têm capacidade de aumentar preços em resultado da falta de oferta. O que há que fazer é tirar aos proprietários essa capacidade, promovendo essa oferta com mais investimento em arrendamento”, refere ainda.

Já o Pacote “Mais Habitação” vai produzir “resultados ao contrário e severos aqueles que são os desejados”, diz. “Quando foi anunciada a medida travão (às rendas) para os contratos existentes nesse mesmo trimestre as rendas subiram 10% nos novos contratos e acumulam 30% de crescimento desde então em termos homólogos. Na prática o que acontece é que estas medidas protegem, outra vez, quem está dentro do mercado e ignora os efeitos negativos para quem está fora”, alerta.

“Quem está fora do mercado e quer entrar tem muita dificuldade em encontrar uma solução”, diz, lembrando o impacto destas medidas ao nível dos operadores. “Recentemente um operador muito importante em Portugal a tentar fazer o build to rent saiu de Portugal. Temos em Espanha grandes operações de investimento. Um operador privado em Espanha tem uma carteira do tamanho do PRR“, aponta.

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