Manifestações em todo o país por habitação acessível

  • ECO
  • 30 Setembro 2023

Milhares de portugueses saíram às ruas em várias cidades do país em protesto contra os preços da habitação, no mesmo dia em que António Costa diz que a responsabilidade da habitação é dos municípios.

No dia em que António Costa foi ao congresso dos municípios responsabilizar os municípios pela política da habitação local, Portugal assistiu este sábado a um conjunto de manifestações, em várias cidades do país, em protesto pelo direito à habitação e pela justiça climática, promovido por movimentos organizados e aos quais se juntaram milhares de pessoas com dificuldade em pagar rendas ou mesmo já em situações de habitação precárias, mas que também se está a transformar numa campanha contra o capitalismo.

Pelas 15h00, centenas de manifestantes aglomeravam-se na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, aproveitando as poucas sombras disponíveis, munidos com faixas, tambores, bandeiras e casas de cartão. E eram esperados milhares de manifestantes esta tarde de sábado. As plataformas Casa para Viver e ‘Their Time to Pay’ são duas das organizações que promoveram manifestações pelo direito à habitação e pela justiça climática. “Lutamos pelo direito à habitação e por permanecer nos espaços, por uma vida digna para todas as pessoas e por medidas que travem a crise climática. Estas são duas lutas contra o capital, que coloca a especulação e o lucro acima da vida”, lê-se na informação difundida pelas duas plataformas.

Os manifestantes, entre os quais se destacavam muitos jovens, gritavam palavras de ordem como “A casa custa, queremos uma vida justa” e carregavam cartazes e faixas onde se podiam ler frases como “Onde estão as casas de quem faz as casas?”, “O vosso lucro é a nossa miséria” ou “ Mais baldios, menos senhorios”.

Faço parte desta manifestação porque é preciso lutarmos contra este sistema que põe o lucro acima da vida das pessoas. Não é possível que numa cidade com tantas casas, existam tantas pessoas que tenham que morrer na rua e não é possível que nós, sabendo que temos que cortar os combustíveis fosseis até 2030, que o nosso Governo continue a falar de metas ridículas até 2040 ou 2050”, afirmou a estudante universitária Catarina Bio, em declarações à agência Lusa. Para a manifestante, tanto o pacote Mais Habitação, como as medidas para mitigar as alterações climáticas não passam de “uma fachada” ou de “um penso rápido” para “fingir que o Governo está a fazer algo”.

Presente no mesmo protesto, Rodrigo Machado, de 22 anos, considerou ser “imperativo” sair à rua para que o Governo oiça as reivindicações dos portugueses e adote uma “política da habitação que revolucione”, lembrando que o país tem milhares de casas vazias.

Não podemos ter casas vazias, enquanto há gente na rua […], enquanto houver gente que não consegue pagar a renda”, defendeu, lamentando os “lucros multimilionários da banca” e a especulação, como a feita pelos senhorios, quando o povo “continua com a corda ao pescoço“. Rodrigo Machado disse ainda que dificilmente sairá de casa dos pais num futuro próximo, notando que já não existem jovens a mudar-se, mas pessoas que saem para dividir a casa com amigos ou mesmo para partilhar quartos. O problema, conforme apontou, atravessa idades e classes, empurrando já muitos trabalhadores com o salário médio para a “periferia da periferia”, quando a casa é uma das “primeiras liberdades” e, sem ela, “as outras estão muito condicionadas”.

As manifestações ocorreram noutras cidades. Pelo menos oito mil pessoas ocuparam toda a extensão da rua de Santa Catarina, no Porto, desde a Praça da Batalha até à Rua de Fernandes Tomás, manifestando-se pelo direito à habitação enquanto os turistas observavam a marcha. A estimativa foi adiantada à Lusa por fonte da PSP, sendo visível uma mancha de pessoas que preenchia por completo a maior parte da zona pedonal daquela artéria da cidade do Porto, com os manifestantes a passarem pelos turistas que observavam com espanto a dimensão do protesto.

Palavras de ordem como “Paz, Pão, Saúde, Habitação”, “A Habitação é um direito, sem ela nada feito”, “A casa é para morar, não é para especular”, “Para os bancos vão milhões, para nós vêm tostões”, “Nem gente sem casa, nem casa sem gente” foram das mais entoadas pelos milhares de manifestantes.

(Em atualização)

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