Exclusivo Cisão familiar no grupo Sogepoc. João Ortigão Costa compra a Sugal aos irmãos

A Sugal é um dos maiores produtores mundiais de concentrado de tomate, com um volume de negócios superior a 500 milhões de euros e era até agora o principal ativo do grupo Sogepoc.

Há uma mudança acionista de fundo num dos maiores grupos agro-industriais portugueses: João Ortigão Costa comprou aos irmãos o capital da Sugal, o principal ativo do grupo Sogepoc, com um volume de negócios superior a 500 milhões de euros e um resultado operacional em 2023 que deverá ultrapassar os 100 milhões. A operação — formalizada esta quarta-feira — corresponde a uma separação do grupo familiar com mais de 60 anos.

João Ortigão Costa, um dos seis irmãos e atual presidente executivo da Sugal, comprou as participações dos irmãos, incluindo a de Jorge Ortigão Costa, presidente da Sogepoc, holding familiar que tem também negócios de produção de arroz e de noz. Confrontados pelo ECO, a Sogepoc e a Sugal responderam, por escrito, que “este trabalho foi realizado de forma positiva e construtiva dentro da família”, contrariando as informações de que teria havido um divórcio pouco amigável entre João Ortigão Costa e Jorge Ortigão Costa.

Os valores do negócio não são conhecidos, mas duas fontes do mercado financeiro apontam como referência de negócio um múltiplo de EBITDA (resultado operacional) entre 8 e 10 vezes e considerando a dívida da companhia (Enterprise Value) cujo valor é desconhecido. E alertam também que o negócio industrial da Sugal é cíclico, portanto, o EBITDA de 2023 tem de ser “alisado” por um histórico para um valor de referência do negócio.

No comunicado de resposta às perguntas do ECO, António Jorge, gestor que não é da família e CEO da Sogepoc, deixa perceber que o encaixe com esta venda permitirá olhar para outros negócios. “O grupo Sogepoc é um ator de referência no setor agroindustrial em Portugal e um dos maiores players na Europa, com investimentos relevantes nos frutos secos (nozes e amêndoas), nos laticínios, no arroz e nos cogumelos frescos“, e detém atualmente a maior área de produção e a maior fábrica de processamento de nozes na Europa. Este acordo “vai abrir uma nova fase de oportunidades no nosso grupo, que quer continuar a abrir caminho neste e noutros setores”, assinala o gestor.

Já João Ortigão Costa considera que a “reconfiguração acionista da Sugal tem como objetivo consolidar o processo de sucessão geracional, assegurando a continuidade e o fortalecimento dos investimentos na empresa“. A Sugal tem mais de 60 anos, nasceu em Azambuja, tem presença em três países e é considerada a única empresa do mundo de concentrado de tomate com produção anual permanente, porque tem presença com fábricas em Portugal, Espanha e Chile, permitindo assim beneficiar de produção em dois hemisférios, com uma capacidade instalada superior a dois milhões de toneladas de tomate fresco. Dos 500 milhões de euros de faturação, mais de 90% resultam de exportação.

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