União Europeia reconhece que precisa da China “nestes tempos turbulentos”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defende uma Europa menos dependente de Pequim, mas rejeita um divórcio com a segunda maior economia do mundo.

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, reconheceu esta segunda-feira que a Europa precisa da China “nestes tempos turbulentos”, marcados não só pelos conflitos na Ucrânia, nos territórios de Israel e Palestina e em África, mas também pelos desafios das alterações climáticas, do digital e da segurança comercial e económica.

“A relação da União Europeia (UE) com a China é uma das mais complexas e importantes do mundo. E a forma como a geriremos será um fator determinante para a prosperidade económica e segurança nacional. Nestes tempos turbulentos, é necessária estabilidade estratégica na forma como a UE se relaciona com a China”, afirmou a líder da CE, durante uma intervenção numa conferência de embaixadores, em Bruxelas.

Apesar disso, Von der Leyen alerta que a Europa “precisa de reduzir o risco” de dependência da segunda maior economia do mundo. “Reduzir o risco, mas não dissociar, é atualmente uma estratégia aceite por todos os principais parceiros ocidentais”, reforçou.

A líder da Comissão Europeia alertou para a “rivalidade da relação” entre Bruxelas e Pequim, sublinhando que “o objetivo do Partido Comunista Chinês é alcançar uma mudança sistémica na ordem internacional, colocando a China no centro do mundo”.

“Mas esta rivalidade pode ser construtiva e não hostil”, defendeu, indicando que, para isso, “são necessários canais de comunicação funcionais e de diplomacia de alto nível”. “Isto é o que chamo de redução de riscos através da diplomacia. E é por isso que investimos num diálogo intensivo com Pequim – desde os quatro Diálogos de Alto Nível até à próxima Cimeira em dezembro”, reforçou.

Von der Leyen considera que “há espaço para definir um conjunto de regras e soluções comuns”. Contudo, isso implica “respeitar essas regras a todos os níveis”, continuou a presidente da CE para concluir que “as visões da China sobre a arquitetura da segurança global não estão alinhas com as da UE”, nomeadamente no que diz respeito à Ucrânia, quando Pequim não reconhece a invasão russa. E, a este respeito, a líder da CE é bastante clara: “A forma como a China se posiciona relativamente à guerra definirá a nossa relação mútua”.

A mesma tese se aplica noutros teatros de guerra, “que estão cada vez mais interligados”, salientou Von der Leyen, referindo-se ao conflito israelo-palestiniano. “A China diz que é imparcial e que favorece soluções pacíficas, mas, ao mesmo tempo, permite e apoia algumas das forças mais desestabilizadoras do mundo”, o Hamas.

“As ações da China têm impacto na nossa segurança, na nossa soberania e na nossa prosperidade”, sublinhou a presidente da CE, afirmando que “a geopolítica e a geoeconomia não podem ser vistas de forma separada”.

“Neste momento, a China é o nosso parceiro comercial mais importante”, constatou Von der Leyen, alertando para “o aumento de práticas injustas e por vezes predatórias por parte da China que estão distorcer o mercado europeu”. “Por exemplo, a China recorreu por várias vezes à coerção comercial, ao boicote de produtos europeus e ao controlo das exportações de matérias-primas críticas”, detalhou.

“Isto mostra que, embora não nos queiramos dissociar da China, precisamos de reduzir o risco da nossa relação com a China”, frisou, indicando que a abordagem europeia tem “amplo apoio de grandes parceiros, do Japão ao Canadá, dos Estados Unidos à Austrália”.

Mais 25 milhões de euros para ajuda humanitária em Gaza

A União Europeia vai disponibilizar mais 25 milhões de euros em ajuda humanitária para a população na Faixa de Gaza, anunciou, por outro lado, a presidente da Comissão. “Com este aumento, a UE vai disponibilizar um total de 100 milhões de euros em ajuda humanitária para os civis em Gaza”, anunciou von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia acrescentou que Bruxelas está a trabalhar com Israel, o Egito e as Nações Unidas para a criação e manutenção de corredores humanitários e “pausas para necessidades humanitárias”, em linha com as conclusões do último Conselho Europeu.

Ursula von der Leyen advertiu que os dois lados têm de concordar em regressar às negociações, mas, da mesma maneira que o movimento islamista Hamas não pode controlar Gaza e decidir pelos palestinianos naquele território, “não pode haver uma presença de segurança de longo prazo por parte de Israel em Gaza”. “Gaza é uma parte essencial de qualquer Estado Palestiniano futuro”, completou.

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