Iniciativas para digitalizar o Estado podem travar sem OE

Crise política dificulta o planeamento, avisa CEO da Unipartner, que tem vindo a conduzir processos de digitalização no setor público. Se o país entrar em duodécimos, há iniciativas que podem travar.

Ainda é incerto qual vai ser o desfecho da crise política que eclodiu com o pedido de demissão de António Costa, mas há uma possibilidade de o Orçamento do Estado (OE) para 2024 proposto pelo Governo acabar por cair. Se tal acontecer, “há iniciativas novas que deviam estar a ser lançadas e não se vai conseguir”, alertou o CEO da Unipartner em entrevista ao ECO.

O movimento tem de existir na economia, senão abrandamos todos”, reiterou Fernando Reino da Costa, que lidera uma empresa que colabora em vários processos de digitalização dos serviços públicos.

“Precisamos que o Orçamento do Estado seja aprovado ou rapidamente entre um novo”, apelou o empresário. Este OE contemplava cerca de 267 milhões de euros para a digitalização dos serviços do Estado, sendo que “há um conjunto de despesas, quer do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) quer do OE do próprio ano, que os responsáveis dos organismos vão querer dar continuidade”, acredita.

O empresário sinalizou que “temos de ter uma atitude de dar continuidade ao que está em cima a mesa”, tendo até em conta que no PRR já há projetos contratados e que, em alguns deles, a empresa está a colaborar. Em simultâneo, “há um conjunto de iniciativas que serão novas e podem aparecer e derivam de decisão politica”, apontou.

Fernando Reino da Costa admitiu também que a imprevisibilidade prejudica o planeamento dentro da empresa, já que tinha “algumas perspetivas de iniciativas que iam ser lançadas e só nas próximas semanas é que será possível ter noção”: por um lado, “se já tinham dotação, para haver uma decisão de continuidade”, e, por outro, há algumas que “têm envolvimento e suporte politico, que podem deixar de avançar”.

O CEO da empresa, que é parceira da Microsoft, destacou ainda que continua a ter vários projetos com a administração local, nomeadamente no atendimento ao cidadão, transformação dos serviços e inteligência artificial. “Espero que com esta componente de administração local possa dar o exemplo de acelerar iniciativas, porque têm autonomia para o fazer”, disse.

Além disso, “há também um sinal positivo do PT2030”, deixando assim o repto a entidades que lideram algumas das fatias orçamentais — IAPMEI, AMA e AICEP — para que “lancem efetivamente o que tinha planeado, porque tem essas verbas e podem ser mais operacionais”.

O empresário defendeu também a importância de avançar neste setor, apontando que “ainda temos passos grandes a dar na otimização operacional de vários serviços públicos”. “Devia ser um desígnio nacional conseguir ter avanços nestas áreas”, como “ter assinatura digital de forma global e otimizações aos processos que estão na mão das equipas de transição digital”, reforçou.

A empresa já trabalhou em projetos, por exemplo, com o Governo Regional da Madeira, para implementar uma framework RGPD (no âmbito do PRR), bem como com a Anacom para a “implementação de um portal para submissão de informação dos operadores relativamente aos rendimentos relevantes anuais, com mecanismos de controlo e notificações, que permite à Anacom fazer a gestão deste processo e comunicação com os operadores”.

De destacar ainda um trabalho com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento, para a evolução da app MyADSE, que contemplou o desenvolvimento de novas funcionalidades como a submissão de pedidos de reembolso.

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