Joana Moniz explica como a nova Allianz Commercial quer conquistar empresas

A seguradora alemã vai mudar profundamente a sua abordagem às empresas em Portugal. A lisboeta Joana Moniz voltou a Lisboa depois de 20 anos na Allianz Munique e explica a estratégia.

Joana Moniz, CUO Commercial & SME da Allianz Portugal, em entrevista ao ECO Seguros - 30OUT23
Joana Moniz vai liderar a Allianz Commercial, área da Allianz Portugal que tomará conta do negócio empresas. De todas as dimensões.Hugo Amaral/ECO

A Allianz Portugal está a mudar a sua atitude para com as empresas. Há dois meses foi criada a direção comercial empresas em Portugal para lançar o novo conceito Allianz Commercial, marca que vai acompanhar os segurados empresa qualquer seja a porta por onde entram na seguradora. A convite de Teresa Brantuas, CEO da Allianz Portugal, a lisboeta Joana Moniz regressou a Portugal depois de 20 anos na Allianz Munique, para lançar a nova área que vai reunir todos as forças existentes na companhia, incluindo agentes e corretores, para dar resposta a crescer quota de mercado e fazê-lo através de clientes empresa.

No momento em que prepara o plano para 2024, Joana Moniz foi entrevistada por ECOseguros.

O que vai mudar com a Allianz Commercial?

Allianz Commercial é um nome comercial, não uma empresa. Nós temos uma empresa chamada AGCS (Allianz Global Corporate & Specialty) totalmente focada no que é o negócio corporate, ou seja, as que realmente consideramos empresas de grande dimensão, com faturação a partir dos 500 milhões euros. São empresas de âmbito muito internacional, estão espalhadas por todo o mundo. Depois temos, em cada país, uma Allianz local que faz tudo o que é retalho, PME e MidCorp um segmento que vai exatamente até aos 500 milhões de faturação. Percebemos, dentro do grupo Allianz que, que tínhamos ali aquele segmento de MidCorp, entre 100 e 500 milhões de faturação que estava muito pouco explorado.

Como escapou esse segmento?

É um negócio pequeno para a AGCS, mas um negócio muito grande para uma Allianz local. Tínhamos uma equipa da AGCS que falava com determinados corretores e com determinados de clientes, e uma equipa da Allianz local, que se dedicava a outro tipo de corretores e a outro tipo de clientes. Imagine-se a situação de um corretor internacional ter dois pontos de contacto dentro da mesma seguradora. Não fazia sentido. Por isso estamos a criar uma equipa que faz o ponto de entrada. Qualquer que seja o cliente, seja uma empresa pequena, seja uma empresa grande, temos uma equipa da Allianz Commercial que é o porta de entrada na companhia.

Em Portugal existe esse problema?

Portugal é diferente, não temos uma AGCS, temos em Espanha e França, por exemplo, mas não temos aqui. Queremos, a partir de agora, que a Allianz Portugal seja o ponto de entrada para empresas grandes que não são muitas em Portugal. Mas também para pequenas e médias empresas o ponto de entrada será a Allianz Portugal. A partir daí, teremos acesso a uma expertise enorme dentro do grupo. Se em Portugal não tivermos as capacidades ou oferta, por exemplo, em determinados tipos de produtos mais complexos, mais speciality, temos a expertise dentro do grupo e podemos disponibilizá-la aos nossos clientes.

Então, todas as empresas…

…são tratadas pela Allianz commercial. Essa é a mensagem. Não há uma AGCS e depois uma Allianz local, há uma Allianz Commercial. Portanto, qualquer que seja a solução, qualquer que seja o tipo de empresa, desde as muito grandes até às mais pequenas, nós temos uma solução. No background estamos a assegurar que temos um apetite de risco alinhado entre o que é uma Allianz Portugal e uma AGCS Espanha.

E como se vão arrumar corretores e agentes?

A rede nacional das agentes continua a ser extremamente importante para nós. A Allianz Portugal continua a ser todo para o espectro empresarial, sejam pequenas, médias ou grandes empresas. A nível de distribuição é banca, agentes e corretores e não só corretores internacionais. O espectro de distribuidores está incluído na Allianz Commercial.

Há mudanças de relacionamento com os distribuidores?

Criámos a nova direção de clientes empresa, que não existia até agora, e juntámos a área de distribuição de Corretores à área de subscrição relacionada com esta orientação de negócio. Temos tudo o que é uma parte de portfolio management, de resseguro e da área de produto. Depois temos a área de distribuidores. Isso não significa que, no nosso caso, vamos focar meramente nos corretores. Significa que nos queremos aproximar. É muito importante termos uma equipa de subscrição que está muito perto e muito presente no que são as conversas com a área de distribuição. Esta ideia estende-se também aos agentes, queremos muito ter uma equipa de subscrição presente quando estão em reuniões com clientes.

Como para explicar o vosso apetite de risco?

Acho que nós somos muito bons a comunicar o que é o nosso apetite de risco, mas pode haver falhas. Por exemplo a ideia de nós gostarmos ou não gostarmos de empresas de vidro ou não gostarmos de empresas têxteis. No fundo, a análise de risco é fundamental, muito mais neste negócio de médias e grandes empresas. Ou seja, há muita preocupação de ter uma equipa de subscrição e ter analistas de risco que fazem análise de risco e que não é por ser uma empresa de vidros que não vamos subscrever. Por isto, voltamos a querer a subscrição muito presente, muito perto da área de distribuição.

Qual a importância do BPI nesta nova fase?

A área do BPI e da banca é uma área que tem muito potencial e que nós queremos explorar. Está nas nossas prioridades para 2024 saber qual o potencial exato de crescimento nessa área.

Porquê o regresso às empresas agora?

A Allianz Commercial é uma iniciativa a nível do grupo Allianz mundial, portanto, dirigida a todos os países. Vai nos dar um empurrão nesta direção de cliente empresas em Portugal. A Allianz Portugal é neste momento uma empresa muito estável a nível financeiro. Fizemos em tempos um trabalho de remediação em portfolios, como, por exemplo, no portfolio de acidentes de trabalho. Neste momento está tudo remediado. É uma empresa muito estável, mas precisamos de ganhar escala em determinados segmentos, como seja o segmento de empresas locais. Notámos que o timing era o timing certo para fazer este investimento na área de empresas.

Quais os ramos em que será mais fácil crescer?

Vai ser uma estratégia muito segmentada. Voltando aos canais de distribuição, perceber quando estou a falar com o corretor, qual é a estratégia de crescimento desse corretor e qual o seu portfólio. Ou qual é a estrutura da carteira deste corretor versus a minha. E depois perceber como e quais são os ramos que eu posso fazer crescer. Acho que o ramo de responsabilidade civil, o ramo de patrimoniais, o ramo de engenharias são ramos em que temos imenso potencial e que não temos explorado até agora. Depois será caso a caso. Dentro de cada segmento para que estamos a olhar, vermos se é grandes empresas ou o segmento pequenas empresas. Se é este ou aquele corretor ou este ou aquele agente. Vamos ter uma estratégia geral e depois estratégias muito específicas, dependendo de quem é o parceiro e como podemos alavancar o crescimento.

Quais os objetivos quantitativos e qualitativos para 2024?

Estamos exatamente agora a fechar o plano para 2024. O nosso objetivo principal é crescer quota de mercado. Queremos também tornar a Allianz Portugal muito mais presente dentro do Grupo Allianz. Temos um leque de ferramentas de expertise dentro do grupo, tanto a nível de análise de risco como de riscos mais especializados, como as linhas financeiras ou o Entertainment, Aviation, multinacionais, segmentos que não têm sido explorado pela Allianz Portugal até agora. Um objetivo fundamental para 2024, é criar e pôr a máquina a andar, trazer essa expertise para dentro da Allianz Portugal para termos uma oferta muito diferente do que tínhamos até agora.

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