CTT reclamam 1,8 milhões à TAP em tribunal pelo recuo da transportadora na mudança da sede
O processo deu entrada no tribunal a 30 de maio de 2023, segundo o Citius. Valor reclamado pelos correios diz respeito aos custos suportados pelos CTT por causa da alteração de planos da TAP.
Os CTT deram entrada com um processo contra a TAP por causa do recuo da transportadora na mudança da sede para o Edifício Báltico, no Parque das Nações, onde estavam instalados os correios. O processo deu entrada no Tribunal Central Cível de Lisboa a 30 de maio deste ano e os CTT reclamam 1,8 milhões de euros, de acordo com o Citius.
O valor reclamado em tribunal pelos correios diz respeito aos custos suportados pelos CTT por causa da alteração de planos da TAP. Em janeiro deste ano, o Jornal Económico escreveu que terá havido um acordo tripartido — CTT, TAP e o fundo alemão Deka Immobilien, proprietário do imóvel — que salvaguardava a transição sem custos para os CTT, a partir de novembro de 2022, depois de os correios terem saído do imóvel em outubro. Mas, com este recuo da TAP, os correios, mesmo estando a beneficiar de período de carência, terão ficado com o ónus de pagar a renda do Edifício Báltico e, em simultâneo, da nova sede, no edifício da Maló Clinic.
“O assunto da TAP está a ser tratado em tribunal” e “estamos a encontrarmo-nos com o proprietário do edifício” disse João Bento, presidente dos CTT, num encontro com jornalistas na passada sexta-feira.
“Fizemos o que tínhamos de fazer”, acrescentou ainda João Bento, explicando que os correios tomaram a decisão de sair daquele edifício “porque era grande demais” para as “necessidades” dos CTT tendo em conta “as novas práticas de trabalho remoto e também a nova forma de organização”. E, “a meio desse processo, apareceu a TAP e disse que queria ficar com o edifício”, por isso, os CTT anteciparam a saída mas, “depois a TAP, pelas razões todas que conhecemos, com um turbilhão de confusões, desistiu”, acrescentou ainda João Bento.
A mudança das instalações da sede da TAP, saindo da Portela para o Edifício Báltico, era uma das medidas previstas pela antiga equipa da comissão executiva da transportadora liderada pela ex-CEO Christine Ourmières-Widener. A intenção foi conhecida em maio de 2022 e a TAP tinha como meta fechar o assunto em setembro. No entanto, esta decisão da administração da TAP foi uma das mais contestadas pelos sindicatos e a mudança acabou por não acontecer com a companhia a lembrar, na altura, que “não foi assinado qualquer contrato” de arrendamento.
Outra das razões para o recuo da TAP estava relacionada com o acréscimo de custos para a companhia que iria pagar uma renda anual entre 3,8 milhões e quatro milhões de euros, escreveu o Negócios. Valor que, ainda assim, ficaria abaixo dos cerca de cinco milhões de euros anuais que eram pagos pelos CTT.
Em entrevista ao ECO, em agosto de 2022, a presidente executiva da TAP revelou que os edifícios e os terrenos da companhia junto ao aeroporto, com uma área total de 23 hectares, iriam ser vendidos e que poderia ali ser desenvolvido um projeto imobiliário.
A mudança de instalações foi posta em cima da mesa depois de uma vistoria, realizada pela companhia aos edifícios, ter concluído que os imóveis precisam de obras estruturais que podem chegar aos 50 milhões de euros. A TAP ocupa as atuais instalações desde junho de 1971 e desde 1989, durante o governo de Cavaco Silva, que os terrenos e edifícios passaram a fazer parte do património da empresa.
Questionada pelo ECO sobre detalhes do processo ou se já foi notificada, a TAP não respondeu a qualquer pergunta até à hora da publicação deste texto.
Do lado dos CTT, esta situação levou a um reforço da perda por imparidade para 5,2 milhões de euros em relação à antiga sede, com o CFO Guy Pacheco a explicar em conference call com os analistas que estão a sentir mais dificuldades do que o esperado em subarrendar o edifício quando ainda faltavam cerca de dois anos e meio para o fim do contrato.
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