Comissão Europeia revê em baixa crescimento de Portugal para 1,3% em 2024

Já no que toca à inflação, a Comissão Europeia prevê que atinja os 5,5% este ano em Portugal, recuando para 3,2% no próximo ano.

A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa, para 2,2% em 2023 — o mesmo que o Governo — e para 1,3% em 2024, abaixo dos 1,5% estimados pelo Executivo no Orçamento do Estado para 2024, segundo as previsões de outono divulgadas esta terça-feira.

“O crescimento económico tem vindo a abrandar em 2023, enquanto o mercado de trabalho se mantém robusto num contexto de taxas de emprego e de atividade recordes”, nota Bruxelas, na nota sobre Portugal. “Prevê-se que o crescimento do PIB recupere gradualmente ao longo do horizonte de previsão”, indicam, sendo que para 2025 a estimativa é de um crescimento de 1,8%.

Por um lado, a Comissão aponta para expectativas de que “a fraca procura externa, bem como o aumento das despesas com juros das famílias e das empresas, mantenham o crescimento económico moderado no curto prazo”. Mas “o aumento do rendimento das famílias, juntamente com a projetada recuperação gradual dos volumes do comércio mundial e os progressos na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), deverão melhorar gradualmente o desempenho económico ao longo do horizonte de previsão”, nota Bruxelas.

Já para a inflação, medida pela variação do IHPC, prevê que atinja os 5,5% este ano, recuando para 3,2% no próximo. O Governo estima uma taxa de variação do IHPC de 5,3% em 2023 e 3,3% no ano seguinte.

Ao longo deste ano, “a inflação excluindo produtos energéticos e alimentares também seguiu uma tendência descendente, mas a um ritmo mais lento, uma vez que os preços dos serviços, especialmente do alojamento, foram pressionados pelo aumento das visitas de turistas estrangeiros e pelos aumentos salariais”.

Apesar de perspetivarem alguma pressão nos preços devido aos aumentos salariais, a Comissão prevê que a inflação vai continuar a abrandar no próximo ano.

Quanto ao saldo orçamental, o excedente previsto para este ano é de 0,8% do PIB, o mesmo que o previsto pelo Governo. Já para o ano, recua para 0,1%, abaixo dos 0,2% inscritos no Orçamento do Estado para 2024, ficando um saldo neutro (0,0%) em 2025. “Prevê-se que as receitas públicas desacelerem, em parte impulsionadas por medidas de política orçamental nos impostos diretos e pelo abrandamento económico projetado, juntamente com uma moderação da inflação”, aponta a Comissão, enquanto as “despesas públicas deverão aumentar, prevendo-se que persistam pressões ascendentes sobre as despesas correntes, nomeadamente sobre a massa salarial pública e as transferências sociais”.

Já no que diz respeito à dívida pública, Bruxelas está mais pessimista que a equipa de Fernando Medina, vendo apenas um rácio abaixo dos 100% do PIB em 2025. Projeta um rácio de 103,4% em 2023, que recua para 100,3% em 2024 e 97,2% em 2025. No entanto, o ministro das Finanças disse esta segunda-feira no Parlamento que a dívida iria mesmo ficar abaixo dos 103% este ano, assegurando que a meta de um rácio inferior a 100% em 2024 iria ser cumprida.

Preço das casas mais do que duplica em Portugal desde 2010

Os preços das casas mais do que duplicaram, desde 2010, em Portugal e outros oito Estados-membros da União Europeia (UE), devendo continuar a crescer no território português, apesar do “arrefecimento” no imobiliário europeu, revelou ainda a Comissão Europeia.

“Os preços das casas registaram um forte crescimento em toda a UE durante a última década, especialmente durante a pandemia. Os preços das casas começaram a aumentar durante a recuperação económica da década de 2010, embora com diferenças assinaláveis entre os Estados-membros” e, desde então, “os preços duplicaram na Alemanha e nos Países Baixos, enquanto Portugal, Irlanda, República Checa, Áustria, Luxemburgo Áustria, Luxemburgo, Letónia e Lituânia registaram um crescimento de preços ainda mais forte”, retrata a Comissão Europeia.

Num capítulo dedicado à crise da habitação nas previsões económicas de outono, Bruxelas assinala que “os mercados imobiliários europeus têm vindo a arrefecer desde meados de 2022, a par do abrandamento significativo dos níveis de crédito”, dada a apertada política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

Ainda assim, apesar de em vários Estados-membros os preços das casas terem já atingido o pico, logo no segundo trimestre de 2022, “o crescimento constante dos preços continua na Bulgária, Croácia, Grécia, Portugal e Eslovénia”, adianta Bruxelas.

O executivo comunitário conclui que, ao nível da UE, “no futuro, as restrições à capacidade de contração de empréstimos das famílias sugerem que os preços da habitação permanecerão sob pressão nos próximos trimestres, antes de retomarem o crescimento”.

(Notícia atualizada às 10h58)

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