CP estima dar lucro também este ano, avança presidente da empresa

  • Lusa
  • 15 Novembro 2023

“Na última projeção, ainda que inferior aos resultados de 2022", a CP "manterá os resultados positivos”, disse Pedro Moreira.

O presidente da CP – Comboios de Portugal, Pedro Moreira, disse esta quarta-feira que a transportadora ferroviária também deverá dar lucro em 2023, depois do resultado histórico de 9,2 milhões de euros referente a 2022.

Na última projeção, ainda que inferior aos resultados de 2022, que foram aqueles 9,2 milhões de euros, a CP, nessas projeções, manterá os resultados positivos”, disse aos jornalistas o presidente da CP, Pedro Moreira, a bordo da viagem de apresentação da próxima temporada do Comboio Presidencial, na Linha do Douro. De acordo com Pedro Moreira, a estimativa da empresa aponta para o lucro, apesar de só ter números fechados “até setembro, no último relatório de contas”.

“Falta-nos ainda apurar uma série de informação e uma série de projetos em que não sabemos se os custos vão cair. Esta fase do ano é especialmente complicada, há custos que podem cair este ano, há custos que podem cair no próximo ano”, explicou aos jornalistas.

Relativamente à adjudicação do concurso público para a aquisição de 117 novas automotoras, Pedro Moreira disse que poderá acontecer “entre esta semana e a próxima”. “Tenho a informação que o relatório do júri está a ser ultimado”, disse aos jornalistas, assegurando que ainda não tem conhecimento do documento, que será enviado ao Conselho de Administração, que deliberará para decidir.

Já relativamente à aquisição de 14 comboios de alta velocidade para operar na futura linha Porto – Lisboa, o presidente da CP confirmou esse número, indicando que o plano de negócios da empresa aponta para a necessidade de “pelo menos” 14 unidades. “O que depois o concurso contempla, e é esse o nosso objetivo, é algumas unidades em opção para além dessas 14”, reconheceu Pedro Moreira, estimando que o número total de automotoras poderá rondar os 30.

A aquisição pode ser também feita faseadamente, ou seja, depois das 14 base, poder ser acionada uma cláusula de opção de compra nos formatos “seis mais quatro mais quatro” ou “quatro mais quatro mais quatro”, até rondar as 30. “É uma pequena afinação que ainda temos que fazer”, disse.

Pedro Moreira justificou a opção por mais comboios de alta velocidade pelas vantagens de demorar menos tempo a adquirir e ser o mesmo material circulante, poupando nos custos de manutenção de frotas diferentes. “Podem existir atualizações que possam identificar uma necessidade adicional de comboios, e assim já estamos preparados”, justificou.

Comboio Presidencial regressa à Linha do Douro a partir de março de 2024

O projeto turístico do Comboio Presidencial, entre o Porto e o Pocinho, vai regressar à Linha do Douro em março, desta vez pela mão da CP, do Museu Nacional Ferroviário e do chef Chakall. “Isto é uma parceria entre a CP, a Fundação e o chef Chakall. Todos entram com uma parte do negócio, todos entram com risco, e vai existir uma chave de distribuição de receita em função da participação de cada um dos três neste projeto”, disse Pedro Moreira.

Questionado sobre os valores envolvidos, o responsável da empresa pública ferroviária não quis adiantar o montante do investimento total, advogando sigilo comercial, mas adiantou que se trata de um valor “elevado”. “É elevado ao ponto de, para ser rentável, ter de estar com uma lotação próxima dos 70%”, num comboio com 72 lugares, que pode ser ajustado em função das reservas e do tipo de ocupantes, como famílias, amigos ou empresas, disse.

Esta quarta realizou-se uma viagem de apresentação do novo produto turístico da CP, cuja experiência custa 750 euros, depois de um serviço do mesmo comboio, mas dinamizado pelo empresário Gonçalo Castel-Branco, ter feito a última viagem em outubro de 2022. O comboio original remonta ao Comboio Real de 1890, tendo atravessado a monarquia, a 1.ª República e o Estado Novo com diferentes configurações, tendo como função oficial o transporte dos chefes de Estado. O último serviço oficial remonta aos anos 70 do século XX, ainda antes do 25 de Abril.

Pedro Moreira diferenciou o novo serviço da CP do terminado em 2022, defendendo que o novo proporciona “uma experiência completamente diversificada do anterior”. “Quisemo-lo fazer de uma forma muito mais democrática, com maior envolvimento da região. O que existia, a experiência anterior, não tinha um envolvimento tão grande. Havia um acordo com uma quinta, nós temos um acordo com dez quintas e com vários restaurantes da região”, advogou.

O líder da transportadora disse ainda que a empresa sente a responsabilidade, enquanto empresa pública, de utilizar todos os comboios históricos de que dispõe “para promover as regiões”, “à medida do que pode criar mais valor” para cada uma, e “criar mais atratividade”.

O presidente da CP participou também numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário (FNMF), Manuel de Novaes Cabral, com o chef Chakall e com o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa (PSD). Na ocasião, o autarca saudou o projeto, defendendo que a região não se torne num “sunset [pôr do sol] degustativo em que [as pessoas] chegam e vão embora passado meia hora”.

“Isso não deve acontecer. Nós temos que tornar esta região sustentável, e torná-la sustentável é com estas iniciativas”, frisou, defendendo ainda a reabertura da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva.

O chef Chakall, que desenhou um menu especial para o Comboio Presidencial, defendeu que o serviço “tem de representar o bom da região”, algo que considerou “muito fácil” e foi exemplificado durante a viagem de apresentação, em que foi buscar pão e presunto a fornecedores locais na paragem que o comboio faz no Peso da Régua (distrito de Vila Real).

“O menu grande vai ser definido por mim e pela minha equipa, mas o prato principal será sempre de um cozinheiro ou de uma cozinheira que não tem o reconhecimento que merece”, disse o ‘chef’ aos jornalistas, querendo fomentar um “espírito familiar” no comboio, com “os melhores vinhos, dez quintas fantásticas, e os melhores pratos de Portugal”.

Já o presidente da FNMF assinalou que o comboio-museu deve ser “uma espécie de museu vivo” e de “museu fora do museu”, sediado no Entroncamento (distrito de Santarém). “Este comboio foi reabilitado para ser posto na linha. Está preparado para andar. A sua casa é no Entroncamento, mas está preparado para fazer viagens como esta”, explicou.

O objetivo da FNMF é que o comboio seja “um instrumento não apenas do turismo, mas do território e da economia do território”, não servindo apenas “para as pessoas olharem”, mas sim para as pessoas viverem”. As vendas serão feitas quer através da CP, quer através das agências de viagens, que poderão incluir o produto noutros pacotes mais abrangentes envolvendo a região.

A primeira de dez viagens deverá realizar-se no último fim de semana de março, mas os últimos detalhes ainda estão a ser alinhavados entre a CP e as agências.

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