Costa afasta-se de cargo europeu “enquanto não estiver esclarecido” o caso judicial em Portugal

Questionado sobre se ainda pensa prosseguir a carreira política na Europa, António Costa remete para uma eventual conclusão favorável do inquérito por parte do Supremo Tribunal de Justiça.

António Costa garantiu esta segunda-feira que, embora esteja de “consciência absolutamente tranquila” sobre a investigação que o levou a apresentar a demissão de primeiro-ministro, “enquanto não estiver esclarecido esse assunto, não [deve] exercer cargos públicos”.

Questionado pelos jornalistas, na Alemanha, sobre se pensa ainda prosseguir a carreira política na Europa, o ainda líder dos socialistas portugueses começou por dizer que “a política não é uma carreira, mas uma atividade cívica que se exerce das mais variadas formas”, repetindo que “nada [lhe] pesa na consciência”.

“Enquanto não estiver esclarecido esse assunto, acho que não devo exercer cargos públicos porque é necessário preservar a integridade, o prestígio e a confiança nas instituições. Estes são os meus padrões”, resumiu António Costa, em declarações transmitidas pelas televisões.

Em vez de se concentrar nos temas da justiça – nos últimos dias, vários socialistas, como Augusto Santos Silva, criticaram o Ministério Público e a PGR, exigindo celeridade na resolução da investigação ao chefe de Governo –, Costa sublinha que “o PS tem é de focar-se na resolução dos problemas dos portugueses, tendo em vista as eleições” antecipadas do próximo ano.

Com eleições no partido já marcadas para 15 e 16 de dezembro, há já três candidatos na corrida à sucessão, dois dos quais o ainda secretário-geral diz “conhecer bem”. “Trabalhei com eles [Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro] e tenho muita estima por ambos. Os socialistas escolherão o que dará continuidade à liderança do PS”, referiu, sem revelar em quem votará.

“Depois [o vencedor] vai elaborar um programa e bater-se por uma vitória eleitoral nas eleições de 10 de março. Desejo que o PS aproveite este momento para fazer um debate profundo, vivo, criativo [e que dê] uma nova energia ao que de positivo foi feito. É essa a continuidade que é necessário assegurar” no partido, salientou.

PGR em Belém? Costa lembra dever de confidencialidade no Conselho de Estado

Já sobre as notícias de que teria sido o próprio a sugerir a Marcelo que chamasse Lucília Gago a Belém no dia em que se demitiu – e poucas horas depois de o conselheiro de Estado, António Lobo Xavier, ter dito na CNN que Costa o teria dito “num local onde estavam mais pessoas”, isto é, na reunião que antecedeu a decisão presidencial de convocar eleições –, o primeiro-ministro lembrou o dever de sigilo a que os participantes estão obrigados. Tanto que essas atas só podem ser divulgadas 30 anos depois. “É simplesmente cumprir as regras”, completou.

“Não me ocorre ter tido nenhuma conversa pública com o Dr. Lobo Xavier. Lembro-me de ter falado com o Dr. Lobo Xavier em privado ou em órgãos onde ambos participamos, e onde o dever de confidencialidade impera sobre todos”, declarou Costa, depois de uma cerimónia de homenagem ao 50º aniversário da fundação do PS, na localidade alemã de Bad Münstereifel.

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