“Há sempre espaço para reduzir as margens, mas os operadores de retalho não querem”, diz presidente da Centromarca
Presidente da Centromarca fala de um choque inflacionista "brutal" com impacto nas decisões de compra dos portugueses muito superior ao período da troika.
“Há sempre espaço para reduzir as margens, mas os operadores de retalho não querem reduzir as margens”, aponta Nuno Fernandes Thomaz. O presidente da Centromarca aponta ainda que o impacto da inflação nas decisões de compra dos consumidores foi muito superior ao período da troika.
“Há sempre espaço para reduzir as margens, mas os operadores de retalho não querem reduzir as margens, pelo contrário. Ainda há pouco tempo vimos no relatório e contas de dois grandes grupos de distribuição que a pressão para aumentar a margem é grande. Eles próprios referem no relatório que têm de aumentar a margem. Portanto, não é algo que que nós prevemos, num período muito curto, que possamos ver reduções de margens”, disse Nuno Fernandes Thomaz, presidente da Centromarca, em entrevista à Antena 1/Jornal de Negócios.
A subida da inflação teve um impacto profundo nas decisões de compra dos consumidores. Nuno Fernandes Thomaz fala de um choque “brutal”.
“O choque inflacionista foi brutal. Nós ainda não tínhamos experimentado isto no quadro do Euro”, diz o presidente da associação que representa as marcas de fabricante.
“Os consumidores tiveram de se adaptar. Deixaram de consumir fora, para voltarem a consumir em casa, a consumir menos em termos de volume e aqui os números enganam muitas vezes, porque em termos de valor houve um crescimento das vendas ao retalho, mas em termos de volume houve uma quebra grande”, diz.
“No período de ajustamento, portanto a troika, houve uma redução das vendas ao retalho em volume de cerca de 5%, tendo em conta o período inflacionista houve uma redução em volume de cerca de 9%”, refere.
Ganho de quota das marcas próprias e as ‘alcavalas’ às marcas de fabricante
Os consumidores têm vindo a comprar mais marcas próprias, isto é, as marcas das cadeias de supermercados. Só no ano passado a procura passou de 35% para 45%. Preço, qualidade das marcas próprias e mudança de hábitos de consumo são os motivos apontados por Nuno Fernandes Thoma, a que acresce o chamado modelo “sortido curto”, que faz com que os produtos de fabricante saltem da prateleira em detrimento das marcas próprias.
O presidente da Centromarca acusa os retalhistas de cobrarem “uma portagem” para as marcas de fabricante ocuparem uma prateleira, levando a um aumento dos preços às vezes significativo por comparação com as marcas próprias.
Nuno Fernandes Thomaz lamenta as “alcavalas” colocadas às marcas de fabricante, até para conseguir um local na prateleira, e justifica o preço mais elevado dos produtos de marca de fabricante com as margens que os próprios retalhistas fazem incidir sobre as marcas de fabricante por comparação com as suas marcas próprias.
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