Etiópia admite que não pode pagar e será o terceiro país africano em default

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2023

"Não estamos numa posição de conseguir pagar devido à nossa frágil posição externa", afirmou o ministro das Finanças da Etiópia no dia em que devia pagar o cupão de cerca de 33 milhões de dólares.

A Etiópia deverá tornar-se o mais recente país africano a entrar em Incumprimento Financeiro ao falhar, como já avisou, o pagamento esta segunda de um cupão sobre uma emissão de dívida em moeda estrangeira (Eurobonds).

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o Ministério das Finanças deste país africano já avisou que não vai pagar o cupão de cerca de 33 milhões de dólares (30,6 milhões de euros ao cambio atual), ao final do dia, o que desencadeia automaticamente um default dentro de 14 dias, o prazo formal de atraso que é normalmente contratualizado para as prestações do pagamento da dívida.

“Não estamos numa posição de conseguir pagar devido à nossa frágil posição externa”, afirmou o ministro das Finanças da Etiópia numa comunicação enviada aos investidores, acrescentando que já está em “discussões restritas” com alguns dos detentores dos títulos desta dívida de mil milhões de dólares, mais de 930 milhões de euros, cuja maturidade termina em dezembro do próximo ano.

A confirmar-se, a Etiópia junta-se ao crescente grupo de nações que falharam pagamentos de Eurobonds, incluindo a Zâmbia, o Gana e o Sri Lanka, a que se poderão juntar a Tunísia, o Paquistão e a Bolívia, todos em elevado risco de sobre-endividamento tendo em conta o custo da dívida.

As reservas em moeda estrangeira significativamente mais baixas “impactam inevitavelmente a capacidade do Ministério das Finanças para servir os compromissos externos financeiros imediatos”, disse o governo, numa comunicação que foi recebida com críticas pelos credores. “É desnecessária e infeliz”, criticaram os investidores sobre a decisão de não receberem a prestação e de a Etiópia avançar para uma reestruturação da dívida através do Enquadramento Comum do G20.

Este mecanismo, que já foi utilizado pela Zâmbia e pelo Gana, permite um alívio da dívida não só por parte dos credores públicos, mas também dos privados, enquanto se definem os critérios aplicáveis a todos. Para já, o governo pretende reunir-se com os investidores mundiais ainda esta semana para “definir uma proposta que poderá lançar relativa aos Eurobonds”, conclui a Bloomberg.

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