Conferência IMPF: da alocação de ativos à regulação ESG, panorama geopolítico iniciou “nova era” nos mercados financeiros
Atuação dos investidores neste mercado está a ser definida pelo comportamento da economia e pelas alterações na ordem mundial, que trazem desafios, mas também oportunidades.
Na primeira edição da Conferência IMPF – Investment Management and Pensions Forum, organizada pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP), discutiu-se a conjuntura atual e as perspetivas para o futuro, a regulação e as tendências de investimento. Depois de décadas de estabilidade, nasce agora uma “nova era” em que a política volta a interferir em força na ordem económica global, tornando os anos de paz vividos nos mercados uma aparente “exceção no longo arco da história”, afirmou Pedro Siza Vieira, sócio da PLMJ Advogados, na sua primeira intervenção no evento.
"Acabaram os tempos em que as forças políticas deixavam os mercados em paz e assumiam o papel de manter condições estáveis, regulação ligeira e uma circulação de bens e capitais sem descontinuidades.”
Ainda não se sabe como vai acabar a “nova ordem global”, mas entre os especialistas presentes no evento reina o consenso de que, para já, a possibilidade de uma recessão cíclica é iminente, e é imperativo que as estratégias de alocação de ativos estejam adaptadas a esse cenário.
"O regresso ao tradicional modelo de investimento “60-40” pode ser uma das vias a seguir, apostando particularmente em ativos de renda fixa, títulos do tesouro e empresas de qualidade. ”
Macrotendências como a desglobalização, a demografia e a descarbonização estão também a moldar o futuro do setor, com o fosso entre o expressivo envelhecimento de alguns países a contrastar com a população jovem de outros a desencadear novos desafios e oportunidades em soluções como as pensões privadas. Adicionalmente, no campo da descarbonização redefinem-se investimentos e estratégias, com particular ênfase nos fatores ESG – sigla em inglês para Environmental, Social and Governance.
De facto, a discussão sobre a regulação na área do ESG tem estado na ordem do dia, assim como o regulamento SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation), que pretende maior transparência e combate às práticas de greenwashing. Os vários representantes do setor concordam que a necessidade de melhorias no SFDR é “evidente”, destacando-se a complexidade da divulgação de informação para os investidores individuais.
"A análise ao SFDR, atualmente em curso por parte da Comissão Europeia, constitui-se como uma grande oportunidade que conduzirá a um quadro regulamentar muito melhor. ”
Rebondy sublinha que, apesar da necessidade de algumas correções, a Europa tem estado na vanguarda no que diz respeito ao desenho de regulação.
O atual panorama dos mercados e os ventos de mudança que se fazem sentir no âmbito do quadro regulatório traçam também o caminho em direção a novas tendências de investimento. A longo prazo, os fundos de maior risco podem tornar-se mais benéficos, desde que priorizando a qualidade das empresas envolvidas, especialmente no setor da tecnologia que continua em posição de destaque. Além disso, outros conceitos estão em expansão, como o de open finance, uma tendência para os próximos anos que vem desafiar as estruturas de venda tradicionais, exigindo uma clara adaptação e aposta do mercado em inovação.
A inteligência artificial (IA), uma das tecnologias mais badaladas dos últimos tempos, e já com provas dadas em diversos setores, também faz parte do futuro neste campo. “A IA já está a gerar ganhos em várias áreas, como se pode ver na investigação de investimentos, principalmente perante uma grande quantidade de dados”, afirma Cristina Carvalho.
"A Inteligência Artificial vai ser fundamental no apoio aos analistas e especialmente útil no desenvolvimento de novas ferramentas para prever o mercado e até mesmo para prever a economia.”
Reveja a Conferência IMPF no vídeo abaixo.
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