Centeno defende em Davos que “BCE tem de estar preparado para discutir cortes de taxas”

O governador do Banco de Portugal reforçou em Davos a necessidade de o Banco Central Europeu iniciar a discussão em redor de uma política de cortes da taxa de juro.

Após as duas últimas reuniões do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) marcadas pela manutenção das taxas diretoras, e numa altura em que a economia do espaço da moeda única está a abrandar, são cada vez mais as vozes a defenderem um corte das taxas de juro.

Um desses intervenientes é Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, que esta manhã defendeu em Davos, na Suíça, que o BCE deve estar preparado para discutir cortes nas taxas de juro. “Quando chegar a altura, discutiremos os cortes nas taxas”, disse Centeno, esta terça-feira, no Reuters Global Markets Forum.

Além disso, o governador do Banco de Portugal defendeu também que nenhuma opção deve ser retirada da mesa, em oposição à opinião de alguns dos seus colegas, que defendem que é prematuro o tema dos cortes nas taxas, que os mercados antecipam que comece no segundo trimestre.

“Se me perguntarem se esta é a altura certa, penso que temos de estar preparados para discutir todos os temas. E estar dependente dos dados significa ter todos os dados em conta”, defendeu Centeno em declarações feira à Reuters, em Davos, no seguimento do encontro Fórum Económico Mundial.

Atualmente, os mercados estão já a descontar seis cortes nas taxas diretoras do BCE para este ano, com a primeira medida a ser tomada em março ou abril, um calendário que alguns responsáveis políticos rejeitaram abertamente por considerarem demasiado agressivo.

As observações de Centeno surgem após de uma série de conservadores, incluindo Isabel Schnabel, membro do Conselho de Administração do BCE, e Joachim Nagel, diretor do banco central alemão, terem afirmado que era demasiado cedo para ter essa conversa.

Igualmente conservador sobre a política monetária do BCE mostrou-se Tuomas Valimaki, responsável pela política económica finlandesa, que defendeu a necessidade de esperar para garantir que o BCE não se precipite. “É melhor esperar um pouco mais do que sair prematuramente deste nível restritivo, e depois talvez ter de fazer uma inversão”, disse Valimaki à Reuters. “Vejo uma clara necessidade de obter provas suficientes de que estamos no bom caminho”.

A mesma cautela teve o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau. “Salvo grandes surpresas, o nosso próximo passo será um corte, provavelmente este ano. Não vou comentar a época”, disse Villeroy, esta terça-feira, num painel do Fórum Económico Mundial.

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