BCE vai cortar juros? “Questão não é se vai acontecer, é quando”, diz Centeno

O governador do Banco de Portugal destaca que "atingimos o topo das taxas Euribor no quarto trimestre de 2023", e que a questão agora será quando se dá um corte nas taxas de juro.

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as taxas de juro esta quinta-feira e a presidente Christine Lagarde não deu muitas pistas sobre um possível corte, mas o governador do Banco de Portugal aponta que “não é uma questão de “se vai acontecer, é quando”, na apresentação do boletim económico de dezembro.

“Neste momento, o tema que está sobre a mesa e o que é necessário em termos de análise é responder à pergunta: qual é o momento adequado para o primeiro movimento de corte das taxas?”, diz Mário Centeno. Assim, “não é uma questão de se vai acontecer, é quando”, reitera, ressalvando que isto é “num contexto de não haver choques adicionais”.

O governador do banco central salienta ainda que “atingimos o topo das taxas Euribor no quarto trimestre de 2023″, pelo que “as atualizações trimestrais nos contratos em que a Euribor é utilizada a partir de dezembro/janeiro já vão refletir uma ligeira redução”.

O governador francês, Francois Villeroy de Galhau, também já tinha sinalizado que o próximo passo do BCE será um corte nas taxas de juro, mas será “paciente” e guiado por dados e não por mercados ou datas específicas, em declarações citadas pela Bloomberg.

No entanto, apesar de o banco central ter mantido os juros e o mercado perspetivar múltiplos cortes no próximo ano, Centeno alerta que o aperto financeiro vai continuar. Isto já que com a redução da taxa de inflação, a taxa de juro real fica cada vez mais alta.

“Os próximos meses vão assistir a um aumento do aperto das condições financeiras, porque apesar da estabilidade nas taxas diretoras do BCE, com a taxa de inflação cada vez mais reduzida, a taxa de juro real está cada vez mais alta”, admite o governador do Banco de Portugal.

Centeno explica que a situação “se caracteriza de uma forma dual: a previsibilidade sobre não haver mais aumentos da taxa de juro é positiva, mas por outro lado — com o atraso com que a politica monetária impacta a economia, através das condições financeiras — este ciclo curto em que as taxas de juro real vão continuar a aumentar traz aumentos no aperto financeiro nos próximos meses”.

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