“Instabilidade política não rima particularmente bem com crescimento económico”, admite Centeno

Centeno admite que é um risco a instabilidade política, mas diz que "não devemos ficar demasiado ansiosos". O governador alerta ainda que os próximos meses serão de aperto financeiro.

O governador do Banco de Portugal (BdP) admite que a instabilidade política “não rima particularmente bem com o crescimento económico”, sendo um risco às previsões para a evolução do PIB. Mas, ainda assim, Mário Centeno defende que “não devemos ficar demasiado ansiosos com estes momentos”. Por outro lado, o ex-ministro das Finanças alerta que os próximos meses serão de “aperto financeiro”, com os efeitos da política monetária a fazerem-se sentir em pleno.

No boletim económico de dezembro, apresentado esta sexta-feira, o BdP inclui entre os riscos o “cenário de incerteza na condução da política económica”, já que é incerto que caminho irá seguir o Governo que resultar das eleições de 10 de março. Mário Centeno assume assim que a instabilidade política “não rima particularmente bem com o crescimento económico”, pelo que poderá ameaçar as previsões de crescimento do PIB.

O BdP estima que a economia portuguesa vai crescer 2,1% este ano e 1,2% no próximo, número que representa uma revisão em baixa face às previsões de outubro.

Mesmo assim, o ex-ministro diz que “não devemos ficar demasiado ansiosos com estes momentos”. “Temos instituições que estão a funcionar e que vão promover o processo de transição governativa que o país já assistiu muitas vezes no passado”, sublinha.

Centeno alerta que próximos meses serão de aperto financeiro

Mário Centeno deixa ainda um alerta para que os “próximos meses serão de aperto financeiro”, já que com a redução da taxa de inflação, a taxa de juro real fica cada vez mais alta.

“Os próximos meses vão assistir a um aumento do aperto das condições financeiras, porque apesar da estabilidade nas taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE), com a taxa de inflação cada vez mais reduzida, a taxa de juro real está cada vez mais alta“, admite o governador do Banco de Portugal.

Centeno explica que a situação “se caracteriza de uma forma dual: a previsibilidade sobre não haver mais aumentos da taxa de juro é positiva, mas por outro lado — com o atraso com que a politica monetária impacta a economia, através das condições financeiras — este ciclo curto em que as taxas de juro real vão continuar a aumentar traz aumentos no aperto financeiro nos próximos meses”.

É de recordar que esta quinta-feira, o BCE decidiu manter as taxas de juro diretoras inalteradas, pelo segundo mês consecutivo. No entanto, a política monetária demora algum tempo a produzir todos os efeitos na economia, como destaca Centeno.

Questionado sobre futuras decisões de política monetária, Centeno aponta que “neste momento, o tema que está sobre a mesa e o que é necessário em termos de análise é responder à pergunta: qual é o momento adequado para o primeiro movimento de corte das taxas”. “Não é uma questão de “se vai acontecer”, é quando”, assegura o governador, isto “num contexto de não haver choques adicionais”.

O ex-ministro das Finanças deixa ainda uma recomendação aos portugueses para procurarem os melhores depósitos. “É muito importante para quem tem depósitos, ser ativo na procura das melhores utilizações e melhor investimento das poupanças”, aponta Centeno, destacando que se está a verificar uma “convergência das taxas de remuneração medias dos depósitos no sistema bancário português com a área do euro”.

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