“Sem a AD, teremos um Governo com PCP e BE sentados no Conselho de Ministros”, alerta Portas

O antigo líder do CDS defende que "a AD deve vencer com margem" e que o "PS precisa de uma cura de oposição".

“Sem a AD, teremos a repetição da geringonça com um primeiro-ministro inexperiente com o PCP e BE sentados no Conselho de Ministros, teremos o Governo mais radicalizado desde 1976”, alertou o ex-líder do CDS e antigo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, este domingo, durante a convenção da Aliança Democrática – coligação que junta PSD, CDS e PPM -, que está a decorrer no Centro de Congressos do Estoril.

Para além dos riscos de uma “geringonça 2.0”, Portas lembrou que, “de permeio, há ameaça de uma moção de rejeição da AD” do Chega.

“A principal missão da AD é dar garantias a quem ainda tenha receio, é substituir o ressentimento pela esperança, dar uma oportunidade de mudança”, afirmou. Por isso, “o que venho aqui a fazer é um ato de cidadania livre e um dever de consciência”, defendeu.

“Esta eleição ainda não está decidida, mas há muita desinformação, muita manipulação, confusão”, por isso, o contributo de Paulo Portas é o de “tentar ordenar ideias para ajudar a escolher, elencando razões e não chavões”.

“A 10 e março a AD deve vencer com margem, o PS deve ir para a oposição e será bom para o próprio PS uma cura de oposição. Portugal deve ter um novo Governo, um Governo de mudança”, defendeu.

Perante a atual conjuntura internacional, Portas recordou os conflitos em curso seja na Ucrânia seja no Médio Oriente. “E os eleitores têm de saber que o PS se vai aliar a dois parceiros que estão em rota de colisão com as alianças estáveis” do país, alertou.

Referindo-se a António Costa, que disse só o PS poderia fazer melhor do que o PS, Paulo Portas propõe uma correção: “Só o PS, em particular este PS, pode fazer pior do que o Partido Socialista”. “Parecem um grupo de marcianos que não viveram neste país e que não estiveram sentados no Conselho de Ministros nos últimos oito anos e querem apresentar-se como turistas”, atira o antigo vice-primeiro-ministro do governo liderado por Passos Coelho.

Portas quis depois clarificar a imagem de fazedor de Pedro Nuno Santos, colando-o a todas as más decisões que tomou seja em relação à TAP, com indemnização de meio milhão de euros a Alexandra Reis, ou aos CTT, com a compra das ações: “O PS quer vender a imagem de Pedro Nuno Santos como o político que decide. Decidir bem é muito mais importante do que decidir mal. Se como ministro revelou tantas vezes impulsividade, o que seria como primeiro-ministro. Um político que revela tanta leviandade e tanta amnésia nas decisões que tomou não é o mais qualificado para chefiar o Governo”.

Depois dos alertas sobre os riscos de uma “geringonça 2.0”, o antigo líder centristas mostrou os perigos da ascensão do partido de extrema-direita Chega, sem nunca mencionar o nome, e usando apenas o termo “tenaz virtual”.

“Como já todos notámos, anda por aí uma tenaz virtual que quer submeter esta coligação. No fundo, esta eleição disputar-se-ia entre um PS supostamente reinventado e o populismo. Essa tenaz tem um único objetivo: perpetuar o PS no poder”, avisou.

Portas sugere então que “a coligação oponha a essa tenaz a bipolarização entre dois projetos de Governo”, porque “a bipolarização nunca foi radicalismo”, é antes “a clarificação dos modelos e um”, o do PS, “está muito deteriorado”.

Portas continuou a elencar as ameaças que o Chega representa: “Sugiro aos eleitores que tenham tentações populistas que meditem nos factos que já acontecerem. Lembrem-se do brexit. Foram os populistas que levaram a essa decisão e os britânicos estão hoje arrependidos. Essa decisão levou o Reino Unido a perder exportações, acordos comerciais e a perder milhares europeus do continente que trabalhavam nos serviços públicos”. “Tomem cuidado. Problemas complexos não se resolvem com 142 carateres”, sublinhou.

E deu outro mau exemplo do populismo, referindo-se à insurreição no Capitólio, em 2021: “No dia 6 de janeiro, a democracia americana, que é a mais importante do mundo, ia morrendo. Não somos pela desordem, pela insurreição, somos pelas reformas e pela estabilidade”. “E, por fim, muitos outros exemplos. Lembrem-se que, durante a pandemia, dos negacionistas. No Brasil, foram mais de 600 mil mortos”, recordou. “Tomem cuidado com os que desdizem, desprezam e insultam o trabalho dos cientistas”, vincou.

Portas deu ainda algumas dicas ao PSD e CDS sobre áreas que devem ser tratadas no programa eleitoral da AD. “Proponho que coloquem na agenda quatro discussões das quais o espaço público foge: demografia, produtividade, inovação e poupança”, enumerou.

Em particular, destacou a produtividade de Portugal, que tem “um diferencial em relação à UE”. “O aumento da produtividade é a condição virtuosa para ser fazer um aumento dos rendimentos, nomeadamente dos da classe média, cujo salário está deteriorado”, indicou.

Por fim, Paulo Portas deu a tacada final ao atual Executivo de maioria absoluta socialista, o que lhe valeu uma grande ovação de pé da plateia. “É muito impressionante que Portugal se tenha esquecido dos 500 anos do nascimento de Camões e dos 500 anos da morte de Vasco da Gama”.

“500 anos só acontecem de muito em muito tempo. Não estou a ver países europeus que fizeram navegações, até depois das nossas, a ignorarem os seus maiores. É preciso chegarmos a esta insanidade! Isto não é digno de um país com memória e com futuro!”, atirou.

E rematou: “Vamos lá mudar isto! Viva Portugal!”

(Notícia atualizada às 14h03)

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