Lucros recorde da Galp levam Estado a encaixar 33,56 milhões de euros em dividendos

Apesar do payout ratio da Galp ser o mais baixo em duas décadas, a Parpública não deixará de arrecadar mais de 30 milhões de euros em dividendos pelo terceiro ano consecutivo.

O Estado será um dos principais beneficiados dos lucros recorde alcançados pela Galp Energia no ano passado. Caso a petrolífera liderada por Filipe Silva distribua 44% dos 1.002 milhões de euros de lucros registados no ano passado sob a forma de dividendos, como pretende a administração da empresa, o Estado arrecadará 33,5 milhões de euros.

Nas contas do Tesouro, este montante será garantido por via de uma participação de 8,1% da Parpública no capital da Galp e como resultado do pagamento de 54 cêntimos por ação, caso a proposta do conselho de administração da empresa seja aprovada pelos seus acionistas na assembleia-geral anual, que se realizará a 10 de maio.

Mais beneficiado que o Estado só a família Amorim e os angolanos da Sonangol, os dois maiores acionistas da Galp, que encaixarão 82 milhões e 67 milhões de euros, respetivamente, através de uma participação de 35,76% na petrolífera nacional pela da Amorim Energia — empresa detida em 45% pela Esperaza Holding BV (propriedade da Sonangol) e em 55% pela família Amorim por via de posições diretas e indiretas através das empresas Power, Oil & Gas Investments BV e Amorim Investimentos Energéticos SGPS.

A confirmar-se o dividendo proposto de 54 cêntimos por ação, que representa um incremento de 4% face ao ano anterior, este será o valor mais elevado pago pela Galp aos seus acionistas desde 2019, quando alcançou 70 cêntimos por ação. E tal como tem vindo a suceder, o dividendo será entregue em duas tranches, com a primeira fatia a ser paga pouco depois da assembleia-geral, com a entrega de 27 cêntimos por ação.

Segundo cálculos do ECO, a Galp conta assim distribuir cerca de 438 milhões de euros sob a forma de dividendos este ano, o equivalente a 44% dos lucros alcançados no ano passado. Desde pelo menos 2003 que a Galp não apresentava um payout ratio de dividendos tão baixo — que estará condicionado pelos 350 milhões de euros que a petrolífera pretende utilizar num programa de recompra de ações próprias até ao final do ano.

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Na contabilidade da Parpública, os 33,5 milhões de euros que a empresa pública receberá de dividendos da Galp traduzem-se numa taxa de dividendos de 4,1% (face à cotação de fecho das ações da Galp no último dia útil de dezembro de 2023), ficando assim ligeiramente abaixo da taxa de dividendos média anual de 4,9% registada nos cinco anos anteriores.

Mas o “cheque” que o Estado receberá este ano da administração de Filipe Silva é só uma parcela dos muitos dividendos que já entraram nos cofres públicos nos últimos anos, mesmo quando a Galp fechou as contas com prejuízos, como sucedeu em 2020.

Segundo o relatório e contas da Parpública de 2021, o Estado recebeu mais de 37 milhões de euros de dividendos da Galp nesse ano, apesar de em 2020 a petrolífera ter terminado o ano com prejuízos de 42 milhões de euros.

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Nas contas do Estado, a participação da Parpública na Galp ao longo dos últimos dez anos traduziu-se no recebimento de 301,5 milhões de euros sob a forma de dividendos. A este valor será somado os 33,5 milhões previstos para este ano. Mas as contas não se esgotam aqui.

A outra componente do investimento do capital público na petrolífera nacional é determinada pela evolução da cotação das ações em bolsa. Em 2023, por exemplo, os títulos da Galp valorizaram 5,9%, levando a participação da Parpública na petrolífera até aos 828 milhões de euros no final do ano passado, cerca de 57% acima aos 529 milhões de euros com que fechou 2021.

No entanto, ainda está longe dos 951 milhões com que a Parpública contabilizou o investimento da Galp nas suas contas em 2017.

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