Hungria recusa sanções contra colonos israelitas na Cisjordânia

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2024

"A Hungria tornou claro que em nenhuma situação apoiaria sanções contra os colonos, portanto, estamos a ver como é que podemos a nível de 26", disse o ministro Gomes Cravinho.

A Hungria recusa qualquer tipo de sanções contra “colonos israelitas violentos” na Cisjordânia, revelou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português, lamentando que Budapeste continue a impedir a unanimidade europeia.

“O regime de sanções obriga a unanimidade. A Hungria tornou claro que em nenhuma situação apoiaria sanções contra os colonos, portanto, estamos a ver como é que podemos a nível de 26 – será imperfeito porque algumas matérias precisam de ser trabalhadas a nível da União –, individualmente, podemos avançar com um conjunto de medidas contra colonos violentos que cometem todo o tipo de crimes na Cisjordânia”, disse João Gomes Cravinho.

À saída de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas, o governante disse que também houve oposição da Hungria a “um apelo conjunto para que não se fizesse uma operação militar terrestre em Rafah”. “Não foi possível encontrarmos um consenso a 27”, lamentou, sublinhando “a importância” de um cessar-fogo para permitir à população palestiniana na Faixa de Gaza o acesso a ajuda humanitária e para criar uma plataforma de diálogo para resolver o conflito.

Israel começou a bombardear Gaza na sequência dos ataques do Hamas no sul do território israelita, perpetrados em 7 de outubro de 2023, justificando a intervenção com a necessidade de anular as capacidades militares do Hamas. O apoio inicial da comunidade internacional degenerou em críticas pela resposta desproporcionada de Telavive, que está a assolar desde então o território com a população mais jovem do mundo, de acordo com as Nações Unidas, e que provocou quase 30.000 mortos.

A invasão de Gaza é o mais recente episódio de um conflito com mais de sete décadas entre Israel e a Palestina (que ainda não é reconhecida como um Estado pela totalidade da comunidade internacional), exacerbada pela retórica e decisões do Governo de Benjamin Netanyahu, o mais à direita da história do Estado judaico.

Gomes Cravinho preocupado com Cabo Delgado

O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse ainda estar preocupado com o agravamento do conflito em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e quer uma “nova abordagem” da União Europeia (UE) a ações de instabilidade no continente africano.

Questionado sobre a deterioração da situação na região moçambicana de Cabo Delgado, que há vários anos está a ser alvo de incursões de milícias extremistas afiliadas ao grupo Estado Islâmico, João Gomes Cravinho disse que “está dentro das preocupações” o agravamento das condições de vida daquela parte da população. O conflito e os atos considerados terroristas pelo Governo de Maputo desencadearam uma grande crise de deslocados, com a população a fugir de vilas como Palma e Mocímboa da Praia.

O governante com a pasta da diplomacia portuguesa, que falava após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) recordou que há duas semanas distribuiu pelos homólogos europeus um documento que pede uma “nova abordagem da UE para a paz e estabilidade no continente africano”, que tenha em conta a intervenção de grupos considerados terroristas e também de intervenientes estrangeiros, como a Rússia e os mercenários do Grupo Wagner.

O documento está a ser analisado para que depois haja uma posição concertada entre os 27 Estados-membros, adiantou o ministro. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas. Tratou-se de um dos mais violentos ataques em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre, na semana passada, no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

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