Crescimento dos salários na Zona Euro abranda pela primeira vez desde junho de 2022

Os salários no espaço da moeda única registaram o primeiro abrandamento desde o segundo trimestre de 2022, abrindo assim margem para o BCE começar a pensar em cortar as taxas de juro.

Os salários na Zona Euro registaram um crescimento homólogo de 4,5% no último trimestre de 2023, que compara com um aumento de 4,7% no trimestre anterior, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Banco Central Europeu (BCE),

Apesar de ser o segundo valor mais elevado desde o início da série do BCE (setembro de 2005), foi a primeira vez, desde o segundo trimestre de 2022, que se registou um abrandamento da variação média implícita dos ordenados e salários mensais como resultado direto das negociações coletivas em termos de remuneração de base (excluindo prémios) — conhecido também como índice de acordos salariais.

A generalidade dos analistas considera que ainda é cedo para assumir uma tendência, mas o abrandamento de 20 pontos base da taxa homóloga do índice de acordos salariais alimenta a ideia de que os salários na Zona Euro já não estão a subir, abrindo assim espaço a uma nova ponderação da política monetária no espaço do euro, desde logo porque, como tem sido sublinhado repetitivamente por Christine Lagarde, o crescimento dos salários é a principal preocupação do BCE para baixar ou não as taxas diretoras em função do impacto que isso tem na taxa de inflação.

No entanto, Bert Colijn, economista sénior do ING, considera que esta “é uma descida demasiado pequena para abrir a porta a um corte das taxas do BCE em março”, sublinhando que, “com a expectativa de que o crescimento dos salários apresente uma tendência de descida cuidadosa a partir de agora, esperamos cortes modestos do BCE a partir de junho”.

Antes da divulgação dos dados do BCE, o mercado antecipava o primeiro corte de taxas em junho, segundo dados da Bloomberg.

Recorde-se ainda que os resultados confirmados esta terça-feira vão ao encontro das expectativas do BCE, que antecipava justamente um abrandamento da evolução dos salários na Zona Euro.

Além disso, é também interessante observar que os dados salariais negociados na zona euro no quarto trimestre continuam a acompanhar a evolução salarial do tracker “Indeed Wage”, que mede o crescimento dos salários anunciados nos anúncios de emprego.

Os dados sobre os salários negociados não surpreendem, pois estão a começar a diminuir, mas avançam a um ritmo lento, o que os torna um indicador perfeito para que tanto as pombas como os falcões continuem a defender a sua posição”, refere Ángel Talavera, responsável pelo departamento de economia europeia da Oxford Economics.

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