BCE mantém taxas de juro pela quarta vez consecutiva

O Conselho do BCE voltou a não mexer nas taxas diretoras por considerar que as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, apesar do BCE ter revisto em baixa a taxa de inflação para 2024.

Conselho do BCE
Conselho do BCE em Frankfurt a 13 de dezembro 2023, que é composto pelo seis membros da Comissão Executiva e pelos governadores dos bancos centrais dos países da área do euro.BCE 13 de dezembro de 2023

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) voltou a deixar as taxas diretoras inalteradas pelo sexto mês seguido. Foi a quarta reunião do Conselho do BCE consecutiva que Christine Lagarde e os restantes membros da autoridade monetária do euro optaram por não mexer nas taxas de juro.

“Embora a maioria das medidas da inflação subjacente tenham registado novo abrandamento, as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, devido, em parte, ao forte crescimento dos salários”, justifica o BCE, apesar de notar que “as condições de financiamento são restritivas e os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a pesar sobre a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação.”

Nas projeções mais recentes elaboradas por especialistas do BCE, a inflação foi revista em baixa, em particular para 2024, apontando agora para uma inflação média de 2,3% em 2024, 2% em 2025 e 1,9% em 2026.

Com esta decisão, a taxa de facilidade permanente de depósito permanece nos 4%, mantendo-se assim no nível mais elevado de sempre.

Já a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento mantém-se nos 4,5% (valor mais elevado desde abril de 2001) e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece nos 4,75%, o valor mais elevado desde setembro de 2008.

A decisão anunciada esta quinta-feira pelo BCE em Frankfurt não foi uma surpresa. De acordo com um recente inquérito realizado pela Refinitiv junto de vários economistas e analistas, apenas 7,8% dos entrevistados antecipava um corte nesta reunião.

No mesmo inquérito da Refinitiv, a maioria dos entrevistados (81,6%) antecipa que os primeiros cortes das taxas diretoras por parte do BCE só aconteçam em junho.

Já por diversas vezes Lagarde e grande parte dos membros do Conselho do BCE anunciaram que só pretendem mudar o ciclo da política monetária quanto tiverem mais certezas quanto ao controlo da inflação, apesar de no comunicado desta quinta-feira o BCE notar que “nas projeções mais recentes elaboradas por especialistas do BCE, a inflação foi revista em baixa, em particular para 2024, o que reflete sobretudo um contributo menor dos preços dos produtos energéticos.”

Os especialistas do BCE projetam agora uma inflação média de 2,3% em 2024, 2% em 2025 e 1,9% em 2026. “As projeções para a inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares também foram objeto de uma revisão em baixa, sendo, em média, de 2,6% em 2024, 2,1% em 2025 e 2,0% em 2026”, lê-se no comunicado do BCE

E mais uma vez, o BCE deixa claro que “está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e, “com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras do BCE estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial para esse fim.”

E para garantir esse objetivo, o Conselho do BCE sublinha que as suas decisões sobre as taxas de juro continuarão a basear-se “na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”

Sobre a orientação do programa de compra de ativos (APP) e do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (PEPP), o BCE refere que a carteira do APP está a “diminuir a um ritmo comedido e previsível” e que no primeiro semestre deste ano, “o Conselho do BCE tenciona continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do PEPP.”

O BCE refere que, no segundo semestre do ano, pretende reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês e relembrou que “o Conselho do BCE tenciona descontinuar os reinvestimentos no contexto do PEPP no final de 2024.”

A próxima vez que os membros do Conselho do BCE se voltarão a reunir para discutir a política monetária da Zona Euro será a 11 de abril, novamente em Frankfurt, na sede do BCE.

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