Pedro Nuno recusa “pressões” para “suportar um Governo” da AD

O líder do PS assumiu a derrota frente à coligação, liderada pelo PSD, garante que não aprovará moções de rejeição, mas avisa que não vai apoiar um Executivo minoritário, será antes oposição.

O líder do PS, Pedro Nuno Santos, acabou por assumir a derrota frente à AD, apesar de ter ficado quase taco a taco com a coligação liderada pelo PSD. Em vez de encontrar desânimo, foi recebido com uma ovação de pé, quando irrompeu pela sala do quartel-general do partido, no hotel Altis, em Lisboa. “PS! PS! PS! 25 de abril sempre, fascismo nunca mais!”, gritava a plateia que transbordava de militantes. Diante do calor do momento, o secretário-geral socialista rejeitou “pressões”, que não quis identificar, garantindo que não irá suportar um Executivo minoritário da coligação, liderada pela AD.

“Apesar da diferença tangencial, e sem desrespeito pelos votos das comunidades [emigrantes], tudo indica que o resultado não permitirá ao PS ser o partido mais votado”, admitiu na madrugada deste domingo, já passava da meia-noite e meia.

“O PS será oposição”, sublinhou Pedro Nuno Santos, assegurando que não irá suportar um Governo minoritário da AD, ainda que reconheça que existem “pressões“, sem dizer quais, salientando apenas que “não estava a pensar no Presidente da República”.

“Somo tantos, tantos como Pedro Nuno Santos! Somos tantos, tantos como Pedro Nuno Santos!”, elevaram-se de novo as vozes na plateia, num grande apoio ao líder do PS.

Ainda assim, revelou estar em “absoluta sintonia” com o presidente do partido, Carlos César, quando este enviou uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a criticar os “condicionamentos” de Belém ao ato eleitoral, quando uma notícia do Expressa deu nota, na sexta-feira, de que o Chefe do Estado não iria viabilizar um Executivo da AD sem Luís Montenegro e com o Chega.

“Podem ter a certeza que a sintonia entre secretário-geral do PS e presidente é total”, afirmou, mas não quis comentar o que vai dizer ao Presidente da República: “O que vou dizer ao PR, vou dizer ao PR”.

Certo é que Pedro Nuno Santos não irá “suportar um Governo de direita, vamo-nos renovar, renovar as pessoas, o programa, o partido, para criar uma nova maioria”, afirmou. Ainda assim, o líder do PS voltou a afirmar que “não inviabilizará um Governo” da AD, “não aprovaremos moções de rejeição, não obstaculizaremos a formação de um Governo”, porque “não podemos cair num impasse constitucional”, mas a “direita e a AD que não contem com o PS para governar”.

E criticou “a grande vitória que vai na Santana à Lapa”. “Se é verdade que excluíram o Chega, a mesma direita chumbaria a esquerda”, diz, concluindo: “Não temos uma maioria, por isso não podemos apresentá-la como solução”.

O que falhou? “Não vou fazer nenhuma análise, vamos deixar quem passa horas a comentar o que fazemos e dizemos. O PS é um partido com grande história, muito forte, com respeito por todas as pessoas que lideraram o PS, os sucessos são de todos nós e as derrotas também, mas neste momento sou eu que estou a liderar”. E por isso, assume total responsabilidade pelo resultado no partido nas urnas, comprometendo-se a fazer “o trabalho serenamente na oposição”. Já antes, o ainda primeiro-ministro e ex-líder do PS, tinha chamado a si a mea culpa pela derrota eleitoral.

Pedro Nuno Santos olhou com preocupação para o crescimento do partido de André Ventura. “O Chega teve um resultado muito expressivo que não dá para ignorar, não há 18% de portugueses racistas ou xenófobos em Portugal, mas há muitos portugueses zangados, que sentem que não têm tido representados. Queremos reconquistar a confiança dos portugueses”, vincou.

Pedro Nuno prepara-se para ganhar próximas eleições

“O PS será oposição, renovaremos o partido e procuraremos recuperar os portugueses descontentes com o PS”, assumindo o compromisso de “liderar a oposição”, que nunca deixará para André Ventura.

“Uma parte significativa dos portugueses sentem que a sua vida não sai da cepa torta, há muitos que estão zangados, sentem que a sua vida não avançou e a resposta não está no programa da AD, muito menos nos programas mais à direita”, sustentou Pedro Nuno Santos.

Por isso, o líder do PS defendeu que está na hora de o partido se preparar “para a luta com muita força e muita convicção” para conquistar as próximas eleições. Agora, “é o momento de renovar, reconquistar a confiança dos portugueses”, reforça.

E repete: “Começa agora, temos de lutar por uma visão mais comunitária da vida”. “Temos de conseguir contrariar o hiper individualismo”.

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