Portugal está à porta do clube dos países com melhor rating da dívida

Portugal deverá voltar na quarta-feira ao índice FTSE World Government Bond Index ao fim de 10 anos de ausência, mas é pouco provável que isso provoque uma queda significativa das taxas de juro.

Tudo aponta para que, já esta quarta-feira, Portugal regresse ao índice obrigacionista FTSE World Government Bond Index (WGBI), depois de mais de uma década de ausência.

“A FTSE Russell confirma que Portugal agora cumpre os limiares mínimos de tamanho de mercado e classificação de crédito para entrada no FTSE WGBI”, refere a FTSE Russell, do grupo da London Stock Exchange Group (LSEG), num comunicado publicado a 5 de março, dias depois da Standard & Poor’s ter subido a notação da dívida portuguesa de “BBB+” para “A-“, e colocado o outlook da economia com perspetiva positiva.

Com a decisão da Standard & Poor’s, Portugal passou a deter uma notação creditícia acima do nível de “A” por parte das três principais agências de rating – Fitch, Moodys e Standard & Poor’s.

O anúncio da FTSE Russel será feito esta quarta-feira após o fecho das bolsas norte-americanas e, confirmando-se todas as expectativas, os títulos de dívida da República passarão a cotar no WGBI, juntando-se assim a uma série de outros 20 países que fazem parte deste índice de dívida soberana com mais de 30 anos.

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Apesar da sua longevidade, o WGBI está longe de ser uma referência no mercado para fundos de investimento e fundos de pensões. Apesar de classificar a entrada de Portugal no WGBI como “excelente”, Vasco Valente, gestor do NB Euro Bond e um dos melhores gestores de obrigações europeias, refere que “os fundos de investimento mobiliários europeus, normalmente, têm os índices do Barclay’s, do Merril Lynch ou do JP Morgan como benchmark.”

Apesar da entrada de Portugal no clube dos países com as melhores notações de crédito, a probabilidade de isso gerar uma procura significativa das obrigações da República (aumentando o preço e subido a yield) por parte de fundos de pensões e outros fundos de investimento não deverá ser grande.

“O FTSE não é seguido pela generalidade dos fundos de pensões e seguradoras portuguesas, e creio que continentais europeias. No entanto, o setor segurador britânico é muito grande e possível que sigam o FTSE primordialmente”, refere Vasco Teles, vaticinando que, “se assim for, é natural que se venha a sentir alguma movimentação de mercado, mas diria que dificilmente fará com que ande mais de 5 a 10 pontos base no longo prazo, num primeiro impacto.”

As obrigações do Tesouro estiveram a alargar na segunda-feira, com as principais linhas (2, 5 e 10 anos) a registarem uma subida ligeira da yield para 2,8%, 2,64% e 3,07% respetivamente, em contraposição com uma queda do preço dos títulos, como sinal de uma pressão mais vendedora do que compradora dos títulos de dívida da República.

Atendendo que a estratégia de financiamento do Estado para este ano pressupõe a emissão de 13,9 mil milhões de euros por via emissão bruta de obrigações do Tesouro e que até ao momento o IGCP já realizou 8 leilões de dívida num montante de 4,48 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro e uma operação sindicada de 4 mil milhões de euros, Portugal conta ainda emitir cerca de 5,4 mil milhões de euros em títulos de dívida de longo prazo até ao final do ano, salvo qualquer revisão do programa de financiamento da República que possa ocorrer.

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