Portugal continuará a ser “companheiro de viagem” de Espanha, garante Montenegro

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 15 Abril 2024

Ao lado de Pedro Sánchez, o novo primeiro-ministro frisa que “não há diferenças partidárias” que coloquem em causa a relação com o país vizinho e aponta cimeira bilateral para outubro.

Na primeira viagem oficial ao estrangeiro como primeiro-ministro, Luís Montenegro prometeu esta segunda-feira que Portugal “continuará a ser um parceiro e um companheiro de viagem” de Espanha, realçando as relações bilaterais “muito intensas” entre os dois países, independentemente de “diferenças partidárias”.

Essas relações desenvolvem-se no domínio económico e social, como também no “projeto de uma Europa mais próspera” e, no panorama internacional, na prevalência dos direitos humanos face às ameaças existentes um pouco por todas as geografias, completou o chefe do Governo português, que falava em conferência de imprensa ao lado do seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, em Madrid.

Montenegro revelou, então, a retoma das cimeiras bilaterais entre ambos os países: será “na segunda quinzena do próximo mês de outubro em Portugal”, em local e data ainda por definir.

“É um gosto manter viva esta chama de ligação entre os nossos países, os nossos povos e os nossos governos”, reiterou o primeiro-ministro português, apontando que “não há diferenças partidárias que possam colocar em crise um segundo ou um milímetro” dessa relação.

Ao lado do líder do Governo espanhol, Luís Montenegro realçou também a importância dos projetos comuns entre os dois países, nomeadamente as pontes em Alcoutim e Nisa, as ligações rodoviárias no nordeste transmontano e a conclusão dos projetos ferroviários para o transporte de passageiros e de mercadorias.

Durante a reunião entre os dois governantes, foi também discutida a situação internacional, com a condenação do ataque de retaliação levado a cabo pelo Irão contra Israel no fim de semana.

Antevendo o Conselho Europeu dos próximos dias 17 e 18 de abril, o primeiro-ministro português apontou, por um lado, a “oportunidade de desenvolver perspetivas de aproveitar o mercado interno europeu e a competitividade da economia europeia”, e, por outro, a “participação no esforço que a União Europeia tem feito de ajudar o povo ucraniano a ultrapassar todos os constrangimentos criados pela invasão [russa]”.

Portugal e Espanha têm sido dois Estados-membros da União Europeia sempre na linha da frente da defesa dos valores do humanismo, da paz, do respeito pelos direitos humanos. Fazemo-lo na Ucrânia e também o faremos no Médio Oriente“, garantiu Montenegro.

Montenegro disse também que o Governo português defende o reconhecimento da Palestina como Estado “num âmbito multilateral”, no seio da União Europeia (UE) e da Organização das Nações Unidas (ONU). “Não vamos tão longe como outros governos ainda no que diz respeito a um reconhecimento do Estado da Palestina porque sustentamos que esse entendimento deve ser construído num âmbito multilateral”, afirmou o primeiro-ministro.

O presidente do governo espanhol, ao contrário, já se comprometeu a reconhecer o Estado palestiniano até julho e tem tentado mobilizar outros países europeus para avançarem com a decisão em conjunto com o Governo de Madrid. Montenegro considerou que a posição dos governos de Portugal e de Espanha, neste momento, “não é assim tão distante”, mas afirmou que não é a mesma.

“Respeitamos as diligências de todos os governos e, naturalmente, também do governo espanhol. A nossa posição não é assim tão distante, mas nesta ocasião, a verdade é que a consagração dos dois estados [Israel e Palestina], do nosso ponto de vista, deve ser construída num âmbito multilateral”, disse.

O primeiro-ministro recusou ainda “aprofundar” a proposta em torno do IRS e remeteu para o momento em que for aprovada pelo Conselho de Ministros, sublinhando que governa para cumprir promessas eleitorais e não para a “abertura dos telejornais”. “Não há verdade nem lealdade maior de um governo do que cumprir aquilo a que se propôs em campanha eleitoral e é nisso que o governo português está absolutamente focado, em cumprir a palavra, o compromisso, o contrato que estabeleceu com o povo português na última campanha eleitoral”, rematou.

(artigo atualizado às 20h31 com mais informação)

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