WTW: É crucial as empresas terem planos para recuperar negócios

A consultora de risco e corretora de seguros reuniu altos dirigentes empresariais para explicar como reagir a eventos que interrompem os negócios. É importante até para conseguir fazer seguros.

De entre muitas, duas grandes conclusões se podem tirar do encontro promovido pela WTW, consultora de risco e corretora de seguros, que juntou num encontro altos dirigentes das empresas suas parceiras e teve ECOseguros como observador, José Baptista, Head of Enterprise Risk Management na WTW demonstrou e quantificou por que as catástrofes naturais estão a aumentar nas últimas décadas de forma notória. Estão-se a produzir eventos catastróficos mais frequentes e mais violentos.

José Baptista, Head of Enterprise Risk Management na WTW, num encontro que focou a necessidade de as empresas terem um plano atual e testado de Recuperação de Negócios, até para conseguirem motivar seguradoras a cobrir os seus riscos.

Outras causas estão a afetar a previsibilidade no mundo. Falhas tecnológicas ou disrupção na cadeia de fornecimento são alguns exemplos de eventos que podem causar uma interrupção na atividade das empresas. Ciberataques estão provocar danos e, ouviu-se, já se divide o mundo empresarial entre os que sabem que foram pirateados e os que foram mas ainda não perceberam.

Impactos financeiros, reputacionais ou mesmo legais, são as consequências que José Baptista lembrou na sessão. A primeira lição veio de Laura Nogueira, Risk Consultant na WTW , que explicou existir uma metodologia para um Sistema de Gestão de Continuidade de Negócio. É uma reflexão profunda, mas hoje necessária, para prever todos os riscos que podem levar uma empresa a parar em todo ou em parte.

Já Inmaculada Ramirez Associate Director Risk Management na WTW, pormenorizou a condução de análises de impacto no Negócio, estimativa de tempos críticos, identificação de recursos chave e pontos de estrangulamento, avaliação dos riscos associados a ativos e, finalmente, o estabelecimento de Planos de Recuperação da Atividade. O processo inclui análises de riscos relacionados com pessoas, processos, máquinas e sistemas, as ameaças são mais externas que internas à organização.

“Evite o improviso”

Algumas ideias foram expostas numa abordagem teórica, mas recheada de exemplos práticos construídos na experiência dos profissionais no seu quotidiano de lidar com pequenos e grandes problemas enfrentados pelos clientes. Por exemplo:

  • 1 a 3 semanas de interrupção até voltar a ter serviços mínimos, é o tempo atualmente tolerado para uma interrupção dos negócios;
  • Os maiores riscos são os de probabilidade baixa mas impacto elevado;
  • “Evite o improviso”. Para cada possível evento, deve existir um plano de Recuperação de Negócios em que cada um sabe o que tem de fazer e um gabinete de crise com um responsável designado;
  • Plano de recuperação deve ser testado e corrigido;
  • O plano de continuidade de negócios deve prever os investimentos necessários para assegurar a sua prossecução;
  • Plano tem que estar vivo, precisa de ser revisto em prazo programado, por exemplo todos os anos, e ser melhorado e ajustado às mudanças ocorridas dentro e fora da empresa;
  • As certificações normas ISO 22301, Continuidade dos Negócios, podem e devem ser seguidas, mas não só “pelos carimbos”;
  • Cuidado com as pessoas voluntaristas. O seu louvável altruísmo pode ter consequências negativas evitáveis se o Plano de Recuperação for rigorosamente cumprido.

No lado das seguradoras e resseguradoras, foi falada a importância e exemplos foram dados. Por exemplo, recentemente, a simples elaboração de um Mapa de Riscos permitiu a uma empresa industrial do norte do país conseguir interessar seguradoras pela cobertura do seu negócio, até isso suceder não estava a aceder ao mercado segurador.

Um segurador experiente, dirigente uma seguradora muito relevante em Portugal, reforçou a ideia de que não se pode pedir a uma companhia que “cubra riscos que não deviam existir”.

Pedro Araújo, Diretor Técnico da Globalvía, ainda não viu benefícios em custos com seguros da implementação de um rigoroso Plano de Recuperação. A Globalvía gere estradas e caminhos de ferro em Portugal, Espanha, Irlanda, Chile, Estados Unidos em dezenas de operações de larga escala e que tem em curso um sofisticado plano de recuperação dos seus negócios. Deu um exemplo, em janeiro deste ano, a empresa precisou de enviar viaturas limpa-neves da Tranmontana, a auto estrada que liga Vila Real a Quintanilha e gerida pela Globalvia, para acorrer ao nevão que estava a bloquear Madrid.

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