Acordo com extrema-direita? Socialistas ameaçam retirar apoio a von der Leyen na corrida a Bruxelas

Von der Leyen admitiu estar disponível para negociar com o ECR na próxima legislatura, e não agradou os socialistas. Candidata precisa de ser um nome consensual entre os 27 para garantir reeleição.

Ursula von der Leyen arrisca-se a ficar sem o apoio dos socialistas (PSE) no Conselho Europeu para uma reeleição como Presidente da Comissão Europeia, em setembro, depois de ter admitido estar disponível para negociar com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), na próxima legislatura.

Os valores e os direitos não podem ser comprometidos em função do próximo parlamento“, afirmou esta terça-feira Stefan Löfven, presidente do PSE e ex-primeiro-ministro sueco. “Ou se quer lidar com a extrema-direita ou não se quer. Como progressistas, podemos dizer com firmeza: não apoiamos nenhuma coligação no Parlamento Europeu com o Identidade e Democracia (ID) ou o ECR“, afirmou Löfven numa mensagem nas redes sociais.

A resposta dos socialistas surge na sequência da intervenção de von der Leyen, durante o primeiro debate entre todos os candidatos à presidência da Comissão Europeia que decorreu, esta segunda-feira, em Maastricht, nos Países Baixos. Embora a atual chefe do executivo comunitário tenha excluído um pacto com o grupo de extrema-direita populista identitário, o Identidade e Democracia – que inclui a francesa Marine Le Pen e, futuramente, o Chega de André Ventura –, a atual chefe do executivo comunitário foi mais ambígua quando se tratou de trabalhar com a ECR, que é apoiada pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

“[Uma coligação com o ECR] depende muito da composição do Parlamento e de quem está em que grupo”, respondeu von der Leyen, esta segunda-feira, durante o debate. Atualmente, o ECR representam o terceiro maior grupo no Parlamento Europeu, com 70 deputados de 15 países, e integram, designadamente, os Irmãos de Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, o Vox, de Espanha, e o partido Lei e Justiça, da Polónia.

Candidatos ao de Presidente da Comissão Europeia no primeiro debate político, esta segunda-feira, 29 de abril, em Maastricht. (Da esquerda para a direita) Valeriu Ghiletchi (MPCE – Movimento Político Cristão Europeu), Walter Baier (Partido da Esquerda Europeia), Marie-Agnes Strack-Zimmermann (Partido da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa), Nicolas Schmit (Partido dos Sociais & Democratas Europeus), Ursula von der Leyen (Partido Popular Europeu), Bas Eickhout (Partido Verde Europeu), Maylis Rossberg (Aliança Livre Europeia) e Anders Vistisen (Partido da Identidade e da Democracia).EPA/MARCEL VAN HOORN

O gesto de von der Leyen pode dificultar a conquista do apoio necessário para uma recondução por mais cinco anos, em Bruxelas, não só da sua família partidária, o PPE, como também de dirigentes socialistas, uma vez que a eleição para o presidente da Comissão Europeia terá que ser suportada, em primeiro lugar, pelos 27 chefes do Conselho Europeu. Posteriormente, o Parlamento Europeu deverá confirmar essa nomeação com uma maioria absoluta dos votos.

Um dos aliados socialistas de peso que von der Leyen terá de segurar é Espanha. E a própria cabeça de lista já se manifestou contra as declarações da atual presidente.

“A mensagem de Von der Leyen é muito preocupante. Em Espanha, sabemos bem o que significa fazer um pacto com a extrema-direita; o que ela representa em termos de redução de direitos, liberdades e serviços públicos“, cita o El País, as declarações de Teresa Ribera.

Em Espanha, o Partido Popular, da família europeia de Von der Leyen, já fez acordos com o Vox nas câmaras municipais e nas comunidades autónomas, e o presidente do partido, Alberto Núñez Feijóo, chegou a admitir formar uma coligação a nível nacional para formar Governo.

Neste momento, existem oito candidatos na corrida à presidência da Comissão Europeia, com as sondagens a indicar uma provável reeleição de Ursula von der Leyen por mais cinco anos no top job em Bruxelas.

A nomeação só deverá acontecer em setembro, depois da tomada de posse dos 720 eurodeputados e da eleição da mesa do Parlamento Europeu. Esse processo deverá ocorrer a 16 de julho, na primeira sessão plenária, depois de serem apurados os resultados das eleições europeias que vão acontecer, em toda a União Europeia, entre 6 e 9 de junho. Em Portugal, as urnas estarão abertas a 9 de junho e serão eleitos 21 eurodeputados.

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