Vestuário e calçado impulsionam subida dos processos de insolvência em Portugal

Aumento de 14% no número de processos de insolvência entre janeiro e abril foi puxado pelo setor industrial e “muito concentrado nas empresas de têxtil e moda”. Desce também a criação de empresas.

O arranque de 2024 manteve a tendência de crescimento das insolvências de empresas em Portugal, que no ano passado aumentaram 18% em termos homólogos, e depois de dois anos com valores “anormalmente baixos” neste indicador, que refletiram o efeito de muitas das medidas de apoio iniciados no período da pandemia.

Evolução dos processos de insolvência em Portugal

Insolvências de empresas e outras organizações: entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça até 31 de janeiro de 2024 (exclui empresários em nome individual)

Entre janeiro e abril, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira pela Informa D&B, um total de 722 empresas portuguesas iniciaram um processo de insolvência, mais 86 do que em igual período do ano passado. Corresponde a uma subida de 14%, provocada sobretudo pelo setor industrial (+90%).

“O aumento do número de processos de insolvência neste setor foi muito concentrado nas empresas de Têxtil e Moda (+176%; +88 processos de insolvência), nomeadamente nas atividades de fabricação de calçado (+513%; +41 processos de insolvência) e confeção de outro vestuário exterior em série (+145%; +32 processos de insolvência)”, detalha a consultora.

Já no que toca aos encerramentos, embora ainda prossigam as publicações no registo comercial referentes a este período, há registo de 3.997 casos, uma diminuição de 7,7% face ao período homólogo. No acumulado dos últimos 12 meses houve 15.030 empresas a fecharem portas, mais 322 do que nos 12 meses anteriores, com destaque para os setores dos serviços empresariais, dos transportes e do alojamento e restauração.

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Houve um recuo “acentuado” na constituição de empresas na área dos transportes, em particular, no segmento TVDEHugo Amaral/ECO

Em paralelo, o número de constituições baixou 4,6% até abril, num total de 18.633 novas empresas em Portugal. Quase três quartos desta descida são justificados por um recuo “acentuado” na área dos transportes. Em particular, no segmento do chamado transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros (TVDE), em que estão a surgir menos negócios desde dezembro e há uma queda acumulada de 34% nos primeiros quatro meses de 2024.

É na Área Metropolitana de Lisboa e, em termos setoriais, no alojamento mobilado para turistas (-30%; -100 constituições de empresas), nas atividades de mediação imobiliária (-17%; -70 constituições de empresas) e nos cafés (-22%; -46 constituições de empresas) que a Informa D&B mais verifica descidas na criação de empresas. Por outro lado, a construção ganhou 153 novas empresas e o norte do país e as regiões autónomas também viram surgir novos negócios.

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