Com aeroporto em Alcochete, não haverá dinheiro para “baixar impostos e construir hospitais”, diz promotor de Santarém

Carlos Brazão, líder do consórcio responsável pelo projeto de Santarém, apela a que custos das opções para novo aeroporto sejam avaliados pela UTAP e UTAO.

Carlos Brazão, que lidera o consórcio promotor do aeroporto em Santarém, deixou um apelo para que as unidades técnicas do Governo e do Parlamento façam “um levantamento completo dos custos” de cada projeto para a nova infraestrutura da área de Lisboa. Aponta um custo para Alcochete de 12 a 13 mil milhões, incluindo acessibilidades, que retiraria capacidade orçamental para aumentar funcionários públicos ou baixar impostos. Mesmo que Santarém não seja escolhido, projeto “vai continuar”.

“O nosso apelo é que seja pedida à UTAP (Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos) e à UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) um levantamento completo dos custos globais de cada projeto para o Estado e contribuintes e não seja tomada uma decisão antes de se conhecer todos esses custos”, afirmou esta quinta-feira Carlos Brazão aos deputados da Comissão de Economia e Obras Públicas.

O responsável já tem, no entanto, um número. Entre a comparticipação para o novo aeroporto e as acessibilidades necessárias, a opção por Alcochete representará um encargo de “12 a 13 mil milhões de euros”, diz. O investimento terá de ser feito numa fase em que estará também a ser construída a Alta Velocidade ferroviária. “São 10 a 15 anos em que não conseguiríamos aumentar funcionários públicos, baixar impostos ou construir hospitais e centros de saúde e íamos-no-mos lembrar de Alcochete“, acrescentou.

O relatório final da Comissão Técnica Independente estima em 3.231 milhões o custo para construir um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete com uma só pista. A obra seria financiada através das taxas aeroportuárias. Os valores não incluem, no entanto acessibilidades. A Magellan 500 estima que Santarém custe entre 900 milhões e 1,4 mil milhões, também com uma pista. O relatório aponta para 3.485 milhões.

Para Carlos Brazão, a opção por Alcochete obriga a construir até 100 quilómetros novos de via férrea e 40 quilómetros de rodovia, além de duas pontes: a terceira travessia do Tejo e uma outra entre o Carregado e Benavente. O que contabiliza em “cinco a seis mil milhões de euros”. A terceira travessia faz parte do projeto de Alta Velocidade para Madrid.

O promotor do projeto de Santarém defendeu que esta opção não implica custos para o contribuinte, uma vez que pode aproveitar acessibilidades já construídas, como a A1 e a Linha do Norte. “Com a quadruplicação da Linha do Norte e da Linha de Cintura, já conseguimos meter quatro comboios rápidos para o aeroporto. É o que tem Gatwick [aeroporto em Londres]”, afirmou. “Este é um projeto pragmático. Tira proveito daquilo que já andámos a investir o tempo todo“, acrescentou.

Sublinhou também o facto de Santarém ser a única opção fora da área de concessão da ANA. Não é a mesma coisa fazer um aeroporto fora da concessão com novo promotor que terá depois os proveitos da exploração e querer meter o dinheiro do Estado dentro de uma concessão onde já foram vendidos os proveitos”, disse.

O Governo tem já firmada uma preferência por Alcochete, como avançou o ECO, em conjunto com o reforço da Portela. Mesmo que Santarém não venha a ser selecionado, Carlos Brazão garante que o projeto é para prosseguir: “Continuaremos a trabalhar com este projeto até dizerem para pararmos. Como os aeroportos estão liberalizados na União Europeia não nos podem dizer para parar. Vamos continuar“.

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