Lisboa é cenário e protagonista de uma série espanhola para a Disney+
A série tem produção pela espanhola La Zona Producciones e o elenco principal também é maioritariamente espanhol, mas o trabalho técnico no terreno é feito sobretudo por profissionais portugueses.
A plataforma de streaming Disney+ escolheu Lisboa como cenário e personagem central de uma série televisiva espanhola, que está em rodagem até julho em alguns dos locais mais emblemáticos e turísticos da capital.
A série “If it’s Tuesday it’s Murder”, esta segunda-feira anunciada pela Disney+, é a primeira produção de ficção espanhola desta plataforma a ser feita em Portugal, terá sete episódios e está a ser filmada desde abril por Abigail Schaaff e Salvador Calvó, com argumento de Carlos Vila Sexto.
A história segue um grupo de turistas espanhóis, muito diverso, que acaba de chegar a Lisboa para uma semana de férias. Um deles aparece morto, pelo que outros quatro, fãs de romances policiais e de mistério, decidem investigar o que aconteceu.
“São sete dias em Lisboa, percorrendo a cidade, descobrindo os mistérios do grupo, mas também da cidade. Parte da aventura está na própria História de Lisboa“, explicou o argumentista e escritor espanhol Carlos Vila Sexto, em entrevista à agência Lusa.
Esta é uma série de investigação e mistério, num género denominado “whodunit” (traduzido, literalmente, por “quem o fez?”), que levará as personagens aos museus dos Coches e do Azulejo, ao Castelo de São Jorge, ao elevador de Santa Justa ou ainda a Alfama e Príncipe Real, com uma passagem por Sintra, pela Quinta da Regaleira.
Foi a Disney+ que escolheu Lisboa para fazer esta série, que só deverá estrear-se em 2025.
“É uma cidade europeia absolutamente linda. É dos sítios europeus mais bonitos, faz bom tempo, é um monumento atrás de outro, é a luz para fotografar, são os azulejos. Aqui há muito trabalho com rodagens e é uma cidade espetacular”, disse à Lusa a vice-presidente de produções originais na Disney+ Espanha, Sofia Fábregas.
A série tem produção pela espanhola La Zona Producciones e o elenco principal também é maioritariamente espanhol, mas o trabalho técnico no terreno é feito sobretudo por profissionais portugueses.
“Todos os meios, estúdio, é tudo alugado em Portugal. A nível técnico e estrutural, maquilhagem, cabelos, guarda-roupa, construção, eletricistas, é tudo português”, sublinhou à Lusa Paulo Guedes, um dos coordenadores de produção no terreno.
Uma das pessoas a liderar a execução da série espanhola em Lisboa é a produtora portuguesa Margarida Adónis, que presta serviços na área do cinema e audiovisual e que assegurou, por exemplo, a rodagem em Portugal do filme “Heart of Stone” (2023), de Tom Harper para a Netflix.
“O meu trabalho é atrair produções estrangeiras para filmar em Portugal com portugueses. Penso que o meu nome deve ter sido sugerido pela Disney dos Estados Unidos a Espanha”, contou Margarida Adónis à Lusa num dia de rodagem entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, junto ao rio Tejo.
“If it’s Tuesday it’s Murder” é protagonizado por Álex García, Inma Cuesta, Ana Wagener, Pedro Casablanc, entre outros, mas na série entram também os portugueses Paulo Pires, Adriano Carvalho, Elsa Galvão, Romeu Runa ou Paula Bárcia.
Questionada sobre a escassez de produções audiovisuais que juntem Portugal e Espanha, Sofia Fábregas respondeu que a lógica das plataformas de streaming é serem globais, com produções pensadas “para viajarem pelo mundo”.
“Esta é a maravilha das plataformas: O que se faz em Espanha acaba por ser visto na Coreia do Sul ou nos Estados Unidos e esta é a missão deste projeto. O projeto tem uma base de fãs do género. É um género que toda a gente conhece“, defendeu.
A Disney+ começou a funcionar em Portugal em setembro de 2020, juntando-se a outras plataformas de streaming já existentes no mercado português, como a Netflix, a Amazon Prime e a HBO Max (agora designada apenas Max) que, segundo a legislação portuguesa que transpõe uma diretiva europeia, têm obrigações de investimento no território onde operam.
“Estamos a investir estando ou não na lei. Criamos indústria, somos competitivos. Havendo ou não lei, continuaríamos a investir”, disse aquela responsável.
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