Tratamento das gémeas luso-brasileiras no Santa Maria poupou milhões a seguradora brasileira
Daniela Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras, negou um acordo com a seguradora para cobrir despesas em Portugal, apesar de ter mencionado essa possibilidade à CNN Portugal.
O tratamento com Zolgensma administrado no Hospital Santa Maria às gémeas luso-brasileiras poupou milhões à seguradora que até aí custeava outro medicamento administrado quadrimestralmente no Brasil, avançou a CNN Portugal.
A seguradora foi obrigada por uma decisão judicial de um tribunal de São Paulo a pagar o medicamento Spinraza para evitar a progressão da atrofia muscular espinhal e a morte das crianças se não tivessem tratamento. Facto que influenciou os médicos em Portugal a marcar a consulta visto que com esse medicamento a doença já estaria estabilizada.
De acordo com uma resposta da seguradora a um tribunal brasileiro divulgado pela CNN, esta explica que “é evidente o desequilíbrio que esse tipo de tratamento traz ao plano de saúde. Em se tratando de um contrato coletivo (…) elevará à estratosfera o valor mensal a ser pago pela coletividade dos usuários“. “Considerando o caso” [das gémeas], acrescenta a seguradora “tem-se o custo em dobro, sendo possível estipular o custo anual de 2,6 milhões de reais”, cerca de 600 mil euros tendo em conta o câmbio da época.
Daniela Martins, a mãe das gémeas, na conversa que teve com a CNN Portugal indicou que tinha chegado a um acordo com a seguradora: “Como eu estava indo para lá e ia retirar esta ‘conta’ das costas deles, porque a medicação [em Portugal] era de dose única… Então falei: eles vão economizar os 22 milhões que as minhas filhas iam custar aqui para eles… e estou indo lá e quem vai pagar é Portugal, então eles vão-me bancar o período em que eu estou lá para receber a medicação. Aí eu fui lá [para Portugal] com toda a estrutura. No avião teve de ir médico, fisioterapeuta, enfermeira. E quando eu cheguei uma fisioterapeuta morava comigo em casa” porque as crianças faziam seis sessões de fisioterapia por dia, refere.
Os 22 milhões referidos devem ser, em princípio, em real, o que equivale a 5 milhões de euros.
No entanto, quando foi questionada pela deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, sobre a existência ou não de um acordo deste âmbito com a seguradora, Daniela Martins negou. E à CNN Portugal a seguradora diz não ter feito qualquer acordo com a família.
Joana Mortágua, deputada do BE, destacou o que considerou ser a estranha prontidão do diretor dos Lusíadas em apoiar a família das gémeas. A deputada destacou ainda que quem respondeu à mãe das gémeas foi José Magro, empresário com contactos em Portugal e no Brasil, sem relação aparente com o setor da saúde, mas que a deputada disse ter alguma relação com Nuno Rebelo de Sousa.
A seguradora brasileira e os Lusíadas tinham a mesma proprietária. No entanto, o hospital refutou qualquer interferência na prestação de cuidados.
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