Fundos de Pensões enfrentam crescente risco de liquidez
Segundo a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) principais riscos para o setor são os macroeconómicos, de crédito e de mercado, que se mantêm avaliados em médio-alto.
O setor de Fundos de Pensões mantém um nível de resiliência a choques de liquidez médio-baixo, mas este tem tendência a piorar motivado subida do risco da venda de ativos a curto prazo, segundo dados divulgados na passada sexta-feira pela Autoridade de Supervisão de Seguros de Fundos de Pensões (ASF) relativos a junho deste ano.
Quanto mais elevada for a liquidez de um ativo, mais rapidamente pode ser comprado e vendido do que um ativo ilíquido e é também mais fácil vendê-lo a preço do mercado.
Estes dados estão disponíveis no Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões da ASF relativo a junho de 2024 que “considera a informação das variáveis financeiras relativa a 25 de junho de 2024, conjugada com os dados reportados pelas entidades gestoras de fundos de pensões, com referência a 31 de março de 2024.”.
Os principais riscos para o setor são os macroeconómicos, de crédito e de mercado. Os três mantiveram um risco médio-alto desde março deste ano.
Nesse sentido, as melhorias das projeções de crescimento económico para Portugal, a redução a dívida pública e a desaceleração da taxa de inflação para valores alinhados com o objetivo prosseguido pelo Banco Central Europeu (BCE) empurram o risco macroeconómico de alto para médio-alto em março deste ano. Mas a persistência de riscos relacionados com conflitos geopolíticos e incertezas em várias jurisdições, mantêm o risco com o mesmo nível de risco em junho.
Já o risco de uma contraparte não cumprir um contrato ou uma obrigação no prazo estabelecido às empresas do setor (risco de crédito) mantém-se com a mesma avaliação porque no segundo trimestre de 2024 os riscos de emitentes soberanos e de dívida corporate registaram alguma volatilidade, em particular no mercado de obrigações privadas.
Também o risco de mercado, ou seja, potenciais perdas devido a mudanças nas condições de mercado, como flutuações nas taxas de juros e outros fatores económicos, mantém a mesma avaliação pela “persistência do risco de correção material futura dos preços dos ativos, inclusivamente por via de um evento potencialmente sistémico.”.
No sentido oposto, os riscos de rendibilidade e solvabilidade das Sociedades gestoras de Fundos de Pensões (SGFP), Interligações, Específicos de Planos BD (Benefícios Definidos) e Específicos de Planos CD (Contribuições Definidas) mantêm um nível de risco baixo.
Note que rendibilidade mede o desempenho dos investimentos e a solvabilidade avalia a saúde financeira e a capacidade de cumprir obrigações futuras.
A diminuição da exposição ao setor financeiro e o decrescimento de concentração de ativos por grupo económico justificam a sua classificação.
Os riscos que puderam afetar diretamente a gestão e financiamento dos planos de Beneficio Definido e de Contribuição definida mantiveram-se no patamar de baixo risco. “De destacar que a rendibilidade global acumulada dos fundos de pensões foi muito positiva em 2023, mantendo-se, apesar de mais comedida, em terreno positivo no primeiro trimestre de 2024. Em relação aos planos de Benefício Definido, não obstante a ligeira redução dos níveis médios de financiamento no final de 2023, estes rácios mantêm-se globalmente em níveis confortáveis, quando comparado com o histórico recente.”
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