Dazn já enviou proposta à Digi para distribuição dos seus canais
O diretor-geral da Dazn Portugal, Jorge Pavão de Sousa, já falou com a Digi e esta tem "uma proposta que tem de avaliar", adiantando que não vai "fazer diferenciação de ofertas".
O diretor-geral da Dazn Portugal diz, em entrevista à Lusa, que já falou com a Digi e esta tem “uma proposta que tem de avaliar”, adiantando que o serviço de streaming não vai “fazer diferenciação de ofertas”.
A Digi, que tem uma licença 5G em Portugal, é detida pelo grupo de telecomunicações romeno Digi Communications e vai arrancar no mercado ainda este ano, embora ainda não tenha avançado data.
“Já falámos com o Digi, eles já falaram connosco“, confirma Jorge Pavão de Sousa, que lidera a plataforma de streaming de desporto no mercado português, adiantando que a operadora “tem uma proposta que tem de avaliar” e “que tem de tomar decisões”.
Agora, as condições da Dazn “são as condições que eu tenho no resto do mercado, ou seja, quero continuar a garantir uma estrutura de pricing [preço] correta no mercado”, prossegue o diretor-geral da Dazn Portugal.
“Se houver alguém que esteja disposto a ter margem negativa sobre o meu produto é uma decisão desse operador, mas a minha maior preocupação é manter uma relação com todos operadores, designadamente aqueles que me fizeram crescer onde eu estou”, salienta o responsável.
Sendo acionistas “do meu concorrente são meus parceiros de distribuição, acho que consigo gerar uma rentabilidade interessante para o negócio deles“, até porque “eles precisam de mim mais do que nunca”, nomeadamente para colocar “o meu produto de Champions League no mercado”, sublinha.
A Dazn tem “95% da Liga dos Campeões, eles [Sport TV] têm 32 jogos da Liga dos Campeões. Eu tenho 166, eles têm 19 jogos da Liga Europa, eu tenho 384”, recorda Jorge Pavão de Sousa, reconhecendo que o cliente português quer ver os jogos dos Benfica, Porto e Sporting.
“Não tenho dúvidas nenhumas” disso, assume, referindo, contudo, que esse mesmo cliente que gosta de futebol vai querer picar os restantes jogos que a Dazn transmite, até para ir comparando resultados.
O responsável está também “convencido que os operadores vão ser mais agressivos na venda de bundling [pacote] dos produtos premium desporto” nesta época. “Estou confiante que vamos ter uma estratégia de negócio sustentável nos próximos anos”, diz o diretor-geral do serviço de streaming de desporto.
Questionado sobre se a entrada de novos operadores de comunicações no mercado, como a Digi, vai beneficiar o negócio da Dazn , Jorge Pavão de Sousa considera que mais players “tendencialmente é bom” e a “concorrência é sempre saudável”.
“Falta perceber pressupostos” da avaliação do negócio da centralização dos direitos
O diretor-geral da Dazn Portugal adverte que “falta perceber alguns dos pressupostos” de avaliação do ponto de vista económico da centralização dos direitos televisivos das competições profissionais para saber como monetizar.
Em 25 de fevereiro de 2021, o Governo liderado por António Costa aprovou, em Conselho de Ministros, um decreto-lei que determina a comercialização centralizada dos direitos televisivos dos jogos da I Liga e II Liga, a partir de 2028/29, mediante um modelo a apresentar à Autoridade da Concorrência (AdC), por LPFP e Federação Portuguesa de Futebol (FPF), até final da época desportiva de 2025/26.
“É um trabalho que está a ser feito por uma equipa que acho que (…) tem calibre”, mas “acho que falta é perceber alguns dos pressupostos de avaliação do negócio do ponto de vista económico”, afirma Jorge Pavão de Sousa, referindo que já foi apresentada ao mercado por consultores diferentes, com valores “substancialmente superiores àqueles que existem hoje em dia” no futebol português.
“Eu percebo que quem quer vender tem de pôr o produto mais caro para quem quer comprar, eu sou um dos interessados em comprar”, mas a partir do momento “em que estamos a falar num valor que é pelo menos 100 milhões de euros acima do valor atual que os operadores pagam pelo futebol português e que não conseguem monetizar”, isso significa que há “um problema nessa monetização”, prossegue o gestor.
A questão é “como é que se adiciona mais 100 milhões”, sendo que interessados na compra dos direitos “vão sempre aparecer”. Nem que sejam “fundos de origens mais estranhas”, agora é “preciso perceber que na ponta desses direitos vão ter que ser monetizados mesmo por esse comprador de várias formas: ou de um modelo grossista ou de um modelo retalhista que tem de decompor a competição em três ou quatro subprodutos e vender a empresas como a nossa, ou como o meu concorrente Sport TV, como outros que possam entrar”, prossegue.
“Porque é que uma Amazon Prime não há de ter o direito também de poder entrar no futebol nacional? Claro que terá o direito se o packaging de quem comprar permitir fazer fazer uma decomposição do produto de forma diferenciada ou tem que haver alguém que tem interesse em pagar um premium por ter direito à exclusividade do conteúdo”, continua o gestor.
Agora esse premium, “se for ao valor que se fala de 275 milhões de euros, é preciso que alguém venha ensinar o mercado nacional, que nos últimos oito/nove anos não tem conseguido monetizar 180 milhões” e “esse é o desafio”, sublinha.
O diretor-geral da Dazn Portugal defende que deveria haver um regulador que avaliasse os valores económicos que são solicitados ao mercado ou serem colocados mecanismos em prática que permitam aferir a razoabilidade económica dos valores associados.
Dazn vai tentar “identificar” oportunidades de entrar no futebol nacional
O diretor-geral da Dazn Portugal diz que tem como objetivo estar no patamar entre 270 e 290 mil subscritores e ter uma estratégia de “identificar oportunidades de entrar no futebol nacional” nos próximos anos.
“Temos um parque médio nos últimos 12 meses de cerca de 270 a 280 mil subscritores pagantes, incluindo a nossa plataforma Over-the- top, ou seja, entre os operadores de distribuição [telecomunicações] e o nosso OTT”, afirma Jorge Pavão de Sousa.
Quanto a objetivos de subscritores, “o objetivo é dentro deste patamar, entre os 270, 285, 290 mil”, acrescenta. Até porque “tenho consciência que para passar o patamar dos 300 mil subscritores” é preciso “ter futebol nacional” e “sem futebol nacional é muito difícil porque a relação de emocional” está dentro deste desporto, prossegue o diretor-geral da Dazn , grupo que comprou a Eleven.
“A minha preocupação é que eu e a minha concorrência, a SportTV, a BTV e os operadores consigamos trabalhar do ponto de vista de pricing e packaging produtos que sejam suficientemente atrativos para o subscritor em casa achar que há valor económico para pagar por esse pacote“, defende Jorge Pavão de Sousa. Um valor económico “que seja sensato e que não leve os clientes a irem para a pirataria, que acho que esse é outro dilema”, salienta.
Quanto à estratégia de negócio, o gestor aponta dois eixos: um é “continuar a ter presença nos canais lineares dos operadores para uma estratégia mais de Over-the-top (…), que é um desígnio do grupo da Dazn “. A outra é “uma estratégia de tentar ao longo dos próximos anos identificar oportunidades de entrar no futebol nacional, seja pelo tema centralização dos direitos [televisivos], seja pelo tema de algumas competições desportivas portuguesas de futebol e de outras competições em que podemos entrar e agregar valor do ponto de vista de enriquecer o portfólio e ter uma estratégia de monetização mais sustentável no nosso futuro”, salienta Jorge Pavão de Sousa.
Questionado sobre se a Liga feminina de futebol pode ser uma oportunidade para a plataforma de streaming de desporto, Jorge Pavão de Sousa admite que sim: “Pode ser um dos caminhos, [mas também] pode ser uma das taças”, que teria “interesse em avaliar”.
Relativamente a investimento da Dazn em Portugal, “do ponto de vista de estrutura de direitos é um valor sempre superior nos últimos anos a cerca de 45 milhões de euros”. O diretor-geral da plataforma em Portugal sublinha que tem um “acionista diferente” da sua concorrente, Sport TV.
“O meu acionista obriga-me a entregar rentabilidade. Ou seja, o meu compromisso é estabelecer o meu plano de negócios, executar o plano de negócios, ele não ter que entrar com suprimentos, ser autónomo nessa geração do plano de negócios”, explica.
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