Ampliação do aeroporto. Moedas defende conciliação entre residentes, turismo e economia

  • Lusa
  • 2 Setembro 2024

Como autarca "quero limitar o número de voos. Não quero ter ruído. Por outro lado, a nossa economia e o turismo são importantes para Lisboa. É esse equilíbrio que vamos ter de fazer", disse Moedas.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), defendeu esta segunda-feira a necessidade de um “equilíbrio” na atividade do Aeroporto Humberto Delgado, de forma a conciliar os interesses dos residentes com a economia e turismo da cidade. A posição do autarca de Lisboa foi manifestada esta tarde aos jornalistas, na véspera da Câmara Municipal discutir em reunião pública extraordinária as consequências do aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.

“Vai demorar anos até termos um novo aeroporto em Alcochete e vai ter de haver obras neste aeroporto [Humberto Delgado]. Temos um aeroporto a rebentar pelas costuras. Eu, como presidente da Câmara, quero limitar o número de voos. Não quero ter ruído. Por outro lado, a nossa economia e o turismo são importantes para Lisboa. É esse equilíbrio que vamos ter de fazer”, sublinhou.

A discussão sobre o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado vai ter lugar na terça-feira, pelas 15:00, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa e decorre de um pedido do PS, estando prevista nesta reunião pública a presença de várias entidades convidadas, entre as quais a Agência Portuguesa do Ambiente.

A vereação do PS, promotora desta reunião, indicou que vivem nas freguesias contíguas ao aeroporto “cerca de 100 mil pessoas, já sujeitas a impactos negativos em matéria de ruído, poluição e congestionamentos viários”. “Ainda antes de qualquer aumento de capacidade aeroportuária, Lisboa já é a segunda capital europeia com mais habitantes expostos ao ruído aeronáutico”, sublinharam os socialistas.

Para participarem na discussão, a câmara convidou, por proposta do PS, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e o movimento Morar em Lisboa.

As restantes forças políticas com representação na câmara – PSD/CDS, PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre e BE – podem indicar outras entidades, tendo os bloquistas convidado a plataforma cívica “Aeroporto fora, Lisboa melhora”, que exige desde 2022 o fim dos voos noturnos e o cumprimento da Lei Geral do Ruído.

Em maio, a liderança PSD/CDS-PP apresentou uma moção para que o município fosse compensado pelo aumento da capacidade temporária do aeroporto e para exigir à concessionária a “imediata minimização dos impactos da operação” da infraestrutura, mas a proposta foi rejeitada com os votos contra de toda a oposição.

Nessa altura, além da moção do PS, a CML aprovou (com os votos contra de PSD/CDS) a moção do PCP “Pela construção imediata do novo aeroporto de Lisboa. Pelo encerramento da Portela”, defendendo que a decisão de construção do novo aeroporto nos terrenos do atual Campo de Tiro de Alcochete “deve ser concretizada o mais rapidamente possível” e que se deve “recusar liminarmente qualquer aumento do tráfego no Aeroporto Humberto Delgado, assim como as obras de expansão que o viabilizem”.

Os comunistas defenderam a “supressão imediata dos voos noturnos”, tal como anteriormente exigido pela CML, o que foi aprovado com os votos contra do PS e os votos a favor das restantes forças.

Foi ainda viabilizada parte da moção do BE “Pelo não aumento dos movimentos por hora e pelo encerramento faseado do Aeroporto Humberto Delgado”, com os votos contra de PSD/CDS-PP, para instar o Governo a “não aumentar o número de movimentos por hora” na atual infraestrutura.

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