Parceira da TAP no Brasil anuncia acordo com credores
A Azul chegou a acordo com os detentores de 82% da dívida, que será convertida em ações. Negociações prosseguem com os restantes 8%.
A Azul, parceira da TAP no Brasil, chegou a acordo com as empresas de leasing de aviões e fabricantes para a reestruturação da dívida da empresa. O acordo abrange 92% dos financiamentos, num valor global de 3.000 milhões de reais, o equivalente a 495 milhões de euros.
O entendimento foi anunciado na segunda-feira à noite e permite à Azul evitar, por ora, um pedido de proteção de credores. Segundo a Azul, o acordo “representa uma parte significativa de um plano abrangente projetado para fortalecer a geração de caixa e melhorar a estrutura de capital no futuro”. As ações da companhia chegaram a disparar 19% no início da sessão, mas continuam a acumular uma desvalorização de 59% desde o início do ano.
Os lessors e fabricantes de aeronaves e motores (OEM) aceitaram trocar 3.000 milhões em obrigações por até 100 milhões de novas ações preferenciais, numa emissão única. A operação está, no entanto, “condicionada a alterações em certas outras obrigações, incluindo a obtenção de financiamento adicional, e está sujeita à finalização da documentação vinculativa definitiva com os arrendadores e OEM”, indica a companhia aérea brasileira em comunicado.
A Azul continua a negociar com os detentores dos restantes 8% de obrigações que ficaram de fora do acordo e outras partes interessadas.
O Governo brasileiro já avançou com um plano para garantir assistência financeira à Azul e também à Gol. O Presidente Lula da Silva aprovou alterações à lei do Turismo que permitem que o Fundo Nacional de Aviação Civil possa ser usado como garantia para financiamentos às companhias aéreas.
As dificuldades da companhia aérea, detida em 4,49% por David Neeleman, emergiram no final de agosto, quando a Bloomberg noticiou que estava a avaliar opções para fazer face ao pagamento da dívida e evitar um processo de falência. Entre as hipóteses avançadas estava a conversão de dívida em capital, uma emissão garantida pela unidade de transporte de carga aérea ou uma fusão com a Gol, que já está ao abrigo de um pedido de proteção de credores.
A TAP tem uma parceria comercial com a Azul no Brasil, mas a relação entre as duas companhias foi abalada nos últimos meses devido à dívida contraída pela empresa portuguesa junto da brasileira em 2016, após a entrada de David Neeleman como acionista no âmbito da privatização realizada no ano anterior.
A Azul enviou o mês passado uma carta à TAP SGPS a pedir a confirmação das garantias para os 90 milhões de euros em obrigações, a que já acrescem 70 milhões em juros. Garantias que a TAP considera não serem válidas. A Azul avançou também com uma proposta para o reembolso antecipado dos títulos, que vencem em 2026, com negociação dos juros devidos. A TAP propôs pagar apenas 50 milhões de euros, como noticiou o ECO, montante abaixo da dívida inicial.
A tensão entre as duas companhias após uma entrevista do CEO da Azul, John Rodgerson, à CNN Portugal, em que o gestor ameaça romper o acordo comercial com a TAP no Brasil, que ajuda a angariar passageiros para os voos da companhia portuguesa (e vice-versa), caso as garantias não sejam confirmadas ou não exista um pagamento antecipado.
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