VDM Capital faz contrato para comprar até 4,87% da Altri. Pode passar a controlar 17,22%
A sociedade liderada por Domingos Matos estabeleceu um "equity swap", que tem como subjacente até 10 milhões de ações da papeleira, uma aquisição que vai permitir reforçar a posição até 17,22%.
A sociedade Vieira de Matos – VDM Capital, a holding detida por Domingos Vieira de Matos, prepara-se para aumentar a posição acionista na Altri, e poderá chegar aos 17,22% do capital. Aquela sociedade celebrou um contrato de Equity Swap com liquidação financeira, que tem como subjacente uma quantidade máxima de 10 milhões de ações da Altri, representativas de 4,87% do capital social. Com a efetivação do contrato, que vale cerca de 50 milhões de euros a preços de mercado, a VDM poderá passar a deter cerca de 17,22% da Altri e tornar-se um dos maiores acionistas da empresa.
“A sociedade Vieira de Matos – VDM Capital, S.A. (“VDM – VIEIRA DE MATOS”) vem, por este meio, comunicar, para os devidos e legais efeitos, que celebrou, no dia de hoje, um contrato de Equity Swap com liquidação financeira, o qual tem como ativo subjacente uma quantidade máxima de 10.000.000 de ações da Altri SGPS, S.A (“Altri”) representativas de 4,87% do capital social desta sociedade”, informou a empresa comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A sociedade é liderada pelo patriarca da família, Domingos Matos, e tem também na administração Maria de Lurdes Matos e Maria João Matos, filha e futura sucessora na liderança. Maria João Matos licenciou-se na Católica em gestão e fez o MBA em Chicago. Trabalho na Deloitte, participou no projeto da BASE Saúde, que veio a dar origem à Unilabs, e também na CMTV, antes de assumir funções de administração da DVM Capital, a antiga LivreFluxo. Na administração está também Mário Leite Silva, gestor que não é da família.
A sociedade de Domingos Vieira de Matos detém atualmente 25.343.400 ações da Altri, representativas de 12,35% do capital social, uma participação que poderá aumentar de forma significativa assim que o contrato atinja a maturidade, colocando o administrador da papeleira entre os maiores acionistas da empresa.
Segundo adianta o mesmo comunicado, “esta transação tem uma maturidade máxima de aproximadamente um ano e liquidação estritamente financeira, não existindo qualquer obrigação ou direito à compra do ativo subjacente por parte da VDM – VIEIRA DE MATOS ou de qualquer sua participada”.
A Altri é controlada por um núcleo de cinco acionistas, que faz negócios há três décadas, e que inclui Domingos Vieira de Matos, Ana Mendonça (Promendo Investimentos), filha de Pedro Mendonça, Paulo Fernandes (Actium Capital), João Borges de Oliveira (Caderno Azul) e Pedro Borges de Oliveira (1 Thing, Investments).
A estrutura acionista atual é liderada pela Promendo, com 17,29% do capital, seguida pela Caderno Azul, com 16,09%. Seguem-se, com menos de 15% do capital, a Actium (13,63%), VDM (12,35%) e 1 Thing (10,01%).
Além de Domingos Vieira de Matos, outros acionistas do núcleo duro têm vindo a reforçar as suas participações. Esta semana, a Actium Capital, cujas ações são atribuíveis a Paulo Fernandes, comunicou a aquisição de 440.059 ações representativas de 0,21% do capital, com o empresário a passar a deter 27.965.728 ações representativas de 13,63% do capital social da papeleira.
Também João Borges de Oliveira, através da Caderno Azul, tem vindo a reforçar a sua participação, através de várias aquisições, ao longo dos últimos meses.
Estes investimentos mostram que os acionistas da papeleira estão otimistas para a evolução do negócio, num momento em que os resultados da empresa estão a recuperar, à boleia da recuperação dos preços do papel.
Lucros mais que duplicaram até junho
O grupo Altri multiplicou quase cinco vezes os lucros no segundo trimestre deste ano, o que permitiu fechar o primeiro semestre com um resultado líquido de 62 milhões de euros. Um crescimento de 121,7% face aos primeiros seis meses do ano passado, em que os lucros tinham descido 60%.
“Os sinais positivos que vínhamos observando no final de 2023 e no arranque de 2024 acabaram por se confirmar nesta primeira metade do ano. Assistimos, neste primeiro semestre, a um forte dinamismo na procura por fibras celulósicas, em especial nos mercados da Europa e da América do Norte”, sublinha o CEO, José Soares de Pina, nos resultados semestrais.
Aliando este reforço das vendas e da produção (+6,2%) à manutenção dos “custos controlados” neste período, a papeleira portuguesa alcançou um EBITDA de 124 milhões de euros. Correspondeu a uma margem de 26,8%, o que se traduz numa melhoria de 7,8 pontos percentuais face ao semestre homólogo.
A próxima apresentação de resultados financeiros está agendada para o próximo dia 21 de novembro, altura em que reporta as contas do terceiro trimestre.
Em termos de investimentos, o Grupo continua empenhado em avançar com o megaprojeto projetado para a Galiza, com a empresa empenhada em demonstrar as vantagens da construção e a rebater as acusações de
Segundo um relatório recente da consultora Valora que calcula o impacto sócio-económico, a construção do megacomplexo projetado pela Altri para a Galiza, num investimento próximo de mil milhões de euros, vai ter um impacto médio anual de 342 milhões de euros no produto interno bruto (PIB) galego ao longo de 22 anos, após a sua construção, concluiu. O mesmo documento estima ainda que o Projeto Gama vai gerar 3.608 postos de trabalho, dos quais 500 diretos.
No passado mês de julho, a empresa portuguesa adiantou que, uma vez em funcionamento, o megaprojeto vai exigir uma injeção anual de 150 milhões de euros para a aquisição de matérias-primas, produtos e outros serviços, segundo os cálculos da empresa.
O investimento chegou a estar previsto para o primeiro semestre de 2023, mas tem vindo a ser atrasado.
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