Quem é o núcleo de acionistas da Greenvolt que faz negócios juntos há 30 anos?

Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça são o núcleo duro de vários negócios, entre os quais a Greenvolt. Estão juntos há mais de três décadas.

A última semana ficou marcada pelo lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) por parte dos americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR) sobre a Greenvolt, numa operação que avalia a empresa portuguesa em 1,2 mil milhões de euros.

À semelhança do que tem acontecido ao longo dos últimos 30 anos, com cerca de 53% do capital, o núcleo duro da empresa tomou uma decisão unânime: todos vão vender na oferta. Juntos, Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça fazem negócios desde a década de 80, saindo de umas empresas e entrando noutras.

Este grupo de empresários, que controla as suas participações através da Actium Capital (Paulo Fernandes), Promendo Investimentos (Ana Mendonça, filha de Pedro Mendonça), Caderno Azul (João Borges de Oliveira), Livrefluxo (Domingos Vieira de Matos) e 1 THING, INVESTMENTS (Pedro Borges de Oliveira), está presente no capital de várias cotadas da bolsa portuguesa. A Altri é o principal negócio do grupo, que também detém a Ramada e controlava a Cofina – cujos ativos de media foram vendidos este ano à Expressão Livre – e a Greenvolt.

Da Cortal até à Altri

Apesar destes dois últimos negócios revelarem uma posição vendedora, isto não significa que esta parceria com mais de três décadas esteja abalada. Tudo são negócios. E estes começaram a ser desenhados em conjunto há muitos anos, ainda nos anos 80, quando Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira, parceiros de negócios, se juntaram a Vieira de Matos na Cortal, uma empresa de mobiliário.

Já Pedro Mendonça, pai de Ana Mendonça, entrou neste núcleo aquando da fusão com a Seldex, empresa de móveis criada por Ernesto Mendonça e posteriormente assumida pelo filho Pedro, em 1976. Com a criação da Cortal-Seldex, entretanto vendida à Haworth, Pedro Mendonça e Paulo Fernandes ficaram a partilhar a administração.

Num artigo publicado no Correio da Manhã, em 2006, o já falecido Pedro Mendonça escrevia: “Depois, conheci os meus actuais sócios [Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira], que tinham uma empresa concorrente, a Cortal, e constituímos a Cortal-Seldex, que mais tarde vendemos para formarmos o Grupo Cofina“. Ao contrário do que se possa pensar, a Cofina não era um grupo de media, mas sim a holding deste grupo de acionistas para comprar ativos.

Através da Cofina – sociedade que se mantém, mas agora com a liquidez gerada pela venda dos ativos de media – , os cinco sócios realizaram muitos negócios ao longo dos últimos anos, passando por várias áreas de negócio. Fundada em 1990, a Cofina detinha participações em empresas de media, pasta de papel, aços, entre outros. Foi apenas em 2005 que foi realizado o spin off das participações fora do setor de media (Altri), ficando a Cofina, exclusivamente, com os ativos de imprensa.

Até aos dias de hoje foram muitas as empresas por onde este grupo de empresários, todos oriundos da região de Águeda/Aveiro, passou, desde a Lusomundo, passando pelo capital da SIC e TVI, até à Base Holdings, uma empresa ligada à saúde, vendida à Unilabs, em 2017. Passou ainda pelo capital da Crisal e da Vista Alegre. Além das vendas foram acumulando-se as aquisições: Celtejo, EDP Bioeléctrica, Celbi, Celulose do Caima.

Também a presença nas empresas foi mudando, com os empresários a retirarem-se gradualmente de funções executivos nas cotadas, colocando José Pina na liderança da Altri e Manso Neto na Greenvolt.

Spin-offs da Ramada e Greenvolt

À medida que algumas unidades de negócio foram crescendo, o grupo decidiu separá-las para lhes dar maior visibilidade e materializar valor, como aconteceu com a Ramada, em 2008, e, há menos de três anos, com a Greenvolt, agora na mira dos americanos, pela mão do fundo Gamma Lux. Com perfis diferentes – Paulo Fernandes é apontado como o mais inquieto e João Borges de Oliveira mais conservador – , as decisões são sempre tomadas em conjunto, sejam no sentido da venda ou da compra.

No caso da Greenvolt terá sido Paulo Fernandes a lançar a ideia da separação dos negócios do grupo. Vendo que os ativos da Greenvolt estavam sem ser reconhecidos pelos investidores dentro do universo Altri, e juntando a oportunidade de João Manso Neto estar no mercado, após a saída da EDP Renováveis, avançaram com ospin-off da Greenvolt, liderada pelo antigo gestor da empresa de renováveis do grupo EDP. Um casamento que se revelou perfeito.

Com a venda das suas ações aos americanos da KKR, os cincos acionistas garantem um encaixe de 593,4 milhões de euros. Mantêm-se unidos na Altri e na Ramada, numa parceria que tem sido muito rentável para todos.

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