Preferência pela taxa variável poupou 20 mil milhões no crédito da casa ao longo de 20 anos, estima a APB
De acordo com as estimativas da APB, as famílias portuguesas "pouparam" mil milhões de euros por ano nos encargos com o crédito da casa em duas décadas em resultado da "preferência" por taxa variável.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) estima que as famílias portuguesas tenham poupado cerca de mil milhões de euros por ano em encargos com o crédito da casa em mais de duas décadas. Poupança que decorreu da “preferência” pela taxa variável, segundo adiantou Vítor Bento, presidente da associação que representa o setor da banca.
“Durante os 21 anos que decorreram entre 2003 e 2023, a diferença entre as taxas de juro do sistema bancário português e as da Área do Euro foi de cerca de 0,9 pontos percentuais, o que, se aplicado ao saldo médio do crédito à habitação neste período, sugere uma poupança acumulada dos encargos das famílias portuguesas na ordem dos 20 mil milhões de euros (cerca de mil milhões por ano, em média), ou seja, cerca de 1/3 dos juros pagos”, adiantou Vítor Bento na conferência sobre os 40 anos APB, dedicada ao tema “O papel da banca no desenvolvimento económico-social”.
Segundo explicou, este nível de poupança resultou sobretudo “da preferência, no período, por taxa variável, preferência que as circunstâncias favoreceram até muito recentemente”, antes de o Banco Central Europeu (BCE) ter começado a subir as taxas de juro.
Vítor Bento forneceu estes dados para sublinhar que a atividade dos bancos se “desenvolve em ambiente concorrencial” e também para contrariar a “narrativa mitificada” de que não há concorrência no mercado em Portugal – depois da condenação dos principais bancos no chamado ‘cartel da banca’.
O presidente da APB mostrou que, “usando a população como proxy da dimensão dos mercados, Portugal apresenta um índice muito moderado de concentração, em linha com o expectável para a sua dimensão, e, ainda assim, ao nível de Espanha (com mercado muito maior) e muito inferior ao dos Países Baixos, Grécia ou Irlanda”.
“Desenvolvimento depende de bancos rentáveis”
Vítor Bento defendeu ainda os lucros do setor, argumentando que “o desenvolvimento económico e social depende de bancos rentáveis”.
“Ninguém investe num banco, como em qualquer outro negócio, se não tiver uma forte expectativa de ver o capital remunerado ou aumentado, pelo menos tanto quanto poderia conseguir num investimento alternativo de risco semelhante”, afirmou o líder da associação bancária.
Para Vítor Bento, os bancos têm um papel “fundamental” no desenvolvimento do país e defendeu que a “eficácia desse papel depende das perspetivas de rendibilidade que os bancos consigam oferecer aos investidores para atrair o capital necessário”.
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