Milionário brasileiro troca ‘braço direito’ no projeto de vinhos no Douro
Cristiano Gomes abandona empresa de vinhos no qual Rubens Menin já investiu mais de 40 milhões e que “está no mercado em busca de novas aquisições de quintas”. Fásia Braga é a nova diretora-geral.
Seis anos depois de começar a investir em Portugal para produzir vinhos no Douro, com a compra de uma quinta em Gouvinhas (Sabrosa) e a aquisição da Horta Osório Wines à família que detinha a histórica EIP – Eletricidade Industrial Portuguesa, o milionário brasileiro Rubens Menin acaba de nomear uma nova diretora-geral para o projeto vitivinícola em que já investiu mais de 40 milhões de euros.
De saída do cargo e da administração está Cristiano Gomes que, depois de fazer carreira profissional no setor financeiro do outro lado do Atlântico, com passagens pelo Lloyds Bank, Banco Mercantil do Brasil e Banco Inter, veio há vários anos viver para Portugal e foi o ‘braço direito’ do empresário de Belo Horizonte na Menin Wine Company (MWC) desde o lançamento da empresa em 2018.
Contactado pelo ECO, Cristiano Gomes descreveu “mais de seis anos de trabalho árduo para dar forma ao projeto, que agora [entrega] em ótimas condições funcionais e com a gama completa, com o lançamento da linha de Vinhos do Porto antigos”. “Missão cumprida. Depois de mais de 40 anos de carreira profissional, é hora de cuidar mais de perto dos meus interesses e investimentos pessoais”, completou o gestor brasileiro.
Missão cumprida. Depois de mais de 40 anos de carreira profissional, é hora de cuidar mais de perto dos meus interesses e investimentos pessoais.
Para suceder a Cristiano Gomes, que “se irá dedicar a novos projetos” e a quem a empresa “agradece todo o profissionalismo e empenho”, numa altura em que “sopram ventos de mudança”, a liderança do projeto de vinhos em Portugal caberá a Fásia Braga. Foi a escolha do fundador da MRV Engenharia, que transformou na principal construtora de casas do Brasil, e criador e acionista do banco Inter, que é também dono da CNN Brasil e da rádio Itatiaia no setor dos media, e mecenas do Clube Atlético Mineiro.
Apresentada como gestora de topo da MRV, Fásia Braga trabalha há mais de duas décadas como executiva em empresas do grupo nos setores de construção, incorporação e loteamento, como a Prime e a Urba. “[Traz] com ela um plano audacioso que passará pelo crescimento nos mercados de Portugal e Brasil, onde as suas marcas Menin Douro Estates e H.O já estão implementadas”, destaca a empresa, que lançará em breve uma gama completa de vinhos do Porto e em 2025 entrará no território dos chamados Very Very Old Port.
“O plano de expansão prevê também novos mercados e ambiciosos projetos de diversificação na área de enoturismo, com um grande investimento em Gouvinhas, prometendo elevar a qualidade do enoturismo para patamares superiores”, promete a Menin Wine Company. Numa nota enviada ao ECO, a empresa sublinha ainda que “está no mercado em busca de novas aquisições de quintas no Douro”, para concretizar os objetivos de uma “franca expansão”.
Rubens Menin é um dos homens mais ricos do Brasil, surgindo no 28.º lugar da lista elaborada pela revista Forbes em 2022, com uma fortuna avaliada em cerca de 1.200 milhões de euros. Já comprou mais de 162 hectares no Douro, dos quais 140 são de vinha – no ano passado foram vindimadas 400 toneladas de uvas – e entregou a enologia a João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa. Tiago Chaves é o responsável pela área de enoturismo.
Além das duas adegas em Santa Marta de Penaguião e em Gouvinhas, esta última inaugurada em junho deste ano num investimento avaliado em quatro milhões de euros, a Menin Wine Company construiu também um centro logístico no Regia Douro Park, em Vila Real, para os serviços administrativos, o armazenamento de vinhos engarrafados e a rotulagem antes da expedição.
Em entrevista ao ECO, em março de 2023, questionado sobre se já começou a preocupar-se com a rentabilidade deste negócio, o empresário mineiro respondeu que “no vinho, entre gastar o dinheiro e receber o dinheiro de volta, demora três a quatro anos”. “Temos vinhos que não soltamos logo, os melhores vinhos demoram quatro anos para chegar ao mercado. Temos de pensar num regime de competência. Investir para perder dinheiro é ruim, hein? Mas o que produzimos está sendo bem avaliado pelo mercado. É uma coisa bem viável”, referiu Rubens Menin.
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