Relações económicas de Portugal com PALOP e Timor-Leste diminuíram 8,9%

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

A diminuição registada em 2023 contrasta com o crescimento de quase 40% em 2022 face a 2021, ano ainda marcado pelos efeitos da pandemia da covid-19.

As relações comerciais de Portugal com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste em 2023 diminuíram 8,9% em relação ao ano anterior, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP). A diminuição registada em 2023 contrasta com o crescimento de quase 40% em 2022 face a 2021, ano ainda marcado pelos efeitos da pandemia da covid-19.

No relatório sobre a Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste 2023-2024, afirma-se que as exportações para aqueles países totalizaram 2.020 milhões de euros e que Angola continuou a ser o principal destino das exportações portuguesas, apesar da redução de 11,3% face ao ano anterior. As importações de bens dos PALOP e de Timor-Leste registaram uma queda de 54,2%, para um total de 319 milhões de euros em 2023.

“Esta evolução refletiu-se numa redução do peso das exportações e importações deste grupo de países no total das trocas comerciais de Portugal, para 2,6% e 0,3%, respetivamente”, explica o BdP. O investimento direto português nos seis países registou um saldo negativo de 533,8 milhões de euros em 2023, “devido principalmente a desinvestimentos significativos em Angola (de 655,9 milhões de euros, com destaque para o setor da construção)”.

O relatório destaca que, no caso de São Tomé e Príncipe, “após anos de estagnação”, se observou um investimento líquido de 85,8 milhões de euros, dirigidos principalmente ao setor do comércio. O BdP divulga ainda que o investimento dos PALOP e de Timor-Leste em Portugal também diminuiu em 2023, registando uma queda de 81,3% em relação ao ano anterior.

“A menor dinâmica foi especialmente notada nos setores de serviços e construção, os mais dinâmicos em 2022”, detalha o BdP. Segundo o BdP, a dívida oficial dos PALOP a Portugal continuou em 2023 a trajetória de descida, com uma redução de 1,1% nesse ano. “Esta tendência foi generalizada a todos os países, com exceção da dívida de Angola que registou um aumento da dívida garantida”, explica o BdP.

No conjunto dos seis países, Angola “continua a desempenhar um papel central nas relações económicas e financeiras com Portugal, sendo o maior destino das exportações e a principal origem das importações dentre estes países e aquele com a maior dívida oficial a Portugal”. As exportações portuguesas para os seis ascenderam a 2.020 milhões de euros (2.273 milhões em 2022), com Angola a representar a maior fatia (1,2 mil milhões) e Timor-Leste a menor (4 milhões de euros).

As importações atingiram os 319 milhões de euros (696,4 milhões em 2022), com Angola a liderar (271 milhões de euros) e Timor-Leste a representar a menor fatia (1,5 milhões de euros). Em 2023, as exportações portuguesas para Cabo Verde ascenderam aos 360,6 milhões de euros (371,5 milhões em 2022), para Moçambique aos 214,3 milhões (222,6 no ano anterior), para a Guiné-Bissau aos 127,4 milhões (129,9 milhões em 2022) e para São Tomé e Príncipe aos 50,9 milhões (66 em 2022).

Depois de Angola, Moçambique foi o país que mais exportou para Portugal (35,2 milhões de euros, contra 58,6 milhões em 2022), seguindo-se Cabo Verde (10,4 milhões de euros, contra 10,3 milhões no ano anterior), São Tomé e Príncipe (0,6 milhões de euros contra os 2,2 milhões de 2022) e Guiné-Bissau (200 mil euros, o mesmo que nos últimos dois anos anteriores).

A análise da conjuntura macroeconómica, que caracteriza os desenvolvimentos observados nas relações económicas e financeiras bilaterais com Portugal, foi elaborada em colaboração com os bancos centrais de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste e da direção nacional para a Guiné-Bissau do Banco Central dos Estados da África Ocidental, salienta-se no documento.

O BdP realça que, na análise dos desenvolvimentos económicos 2023–2024, “destaca-se a estabilização da atividade e a gradual redução da inflação à medida que os diversos choques registados desde 2020 são absorvidos”. “As perspetivas para a economia global estão fortemente condicionadas pela intensificação da incerteza e das tensões geopolíticas”, nota.

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